Hoje a história é contada pelo Amigo Henrique Antunes Ferreira da Minha Travessa do Ferreira. Há um local que nos uniu neste mundo virtual: esse lugar mágico é Goa. Pois, é exactamente de Pangim que o Henrique nos traz o seu aprazível diálogo. Muito obrigada.
À Frederika desejo que escreva muitos livros e tenha muito sucesso. :))
Frederika, minha AmigaÀ Frederika desejo que escreva muitos livros e tenha muito sucesso. :))
Nascida em Setembro de 1979, em Pangim, a capital de Goa, Frederika Menezes, vítima de paralisia cerebral, está em casa, a Vivenda Menezes, sentada na sua cama, com alguma dificuldade de se equilibrar. Conhecemo-nos há oito anos, mais coisa menos coisa, ficámos amigos e continuamos a sê-lo. Os pais ambos médicos são um casal exemplar. O Dr. José (Zito) Menezes foi colega da minha mulher durante os sete anos do então Liceu Nacional Afonso de Albuquerque, hoje um tribunal superior.
Arquitectura portuguesa em Pangim [ana]
Por seu turno, a Dr.ª Ângela é igualmente uma Senhora excelente que vem apoiando a filha nas mais complexas situações. Frederika tem um irmão, o José João que actualmente se encontra no Dubai com a mulher e duas filhas, trabalha ali pois os salários em Goa são baixos. Vêm sempre que lhes é possível a Pangim. Frederika Raquel sente a falta das sobrinhas. Por isso todos os dias contactam através do Skype.
É esta jovem simpática, que gosta de se rir, autora de cinco livros, que fez o lançamento dos últimos dois, “Unforgeten” e “Stories in Rhyme”, o primeiro é ficção pura e o segundo são poesias para crianças, ambos ilustrados por artistas plásticos também Goeses. Desloca-se numa cadeira de rodas com a ajuda de um “anjo da guarda” o motorista de seu pai, o Sebastião, mais conhecido por Sebi que já leva 19 anos a trabalhar para os Menezes e é um fervoroso admirador de Frederika.
Ângela Menezes bateu-se denodadamente para que Frederika entrasse numa escola normal, pois de cabeça ela é, felizmente normal – e dotada. E conseguiu. Terminou o curso secundário aos 16 anos e com notas das melhores. Falar com ela é para mim um motivo de felicidade; por vezes as pessoas não entendem o que ela diz por dificuldades de dicção, mas eu esforço-me por ultrapassar isso, não lhe peço para repetir o que disse e entendo-a bastante bem. E ela – já o disse – gosta disso. E, por isso, gosta de mim; e eu, dela.
É feliz e bem disposta. Com as limitações físicas que tem dá gosto ouvi-la dizer que não tem tempo nem espaço para se queixar. A vida, para ela, é uma sucessão de momentos de felicidade e diz que tem tido sorte em todos os momentos “e eu reconheço que é assim”. Mas não se fica por aí. "Eu simplesmente adoro escrever; ela é a minha paixão e escrevo todos os dias ", diz Frederika, que se inspira no dia-a-dia, porque “tudo na vida serve de inspiração para mim”.
Mas, de onde lhe vem a força e a determinação que tem? Da família e dos amigos, sublinha. Participa nas redes sociais para contactar com toda a gente. Acredita que a tecnologia tornou a vida mais fácil para ela. "A tecnologia é útil para todos, não é só para mim. Teclo com dois dedos e até sou bastante rápido em comparação com pessoas que usam as duas mãos… ", e solta uma das suas gargalhadas tonitruantes pela ironia…,
Tenho de dizer que Frederika é uma inspiração para todos aqueles que pararam após a sua doença. E acredita que na vida não vale a pena desperdiçar energia em sentido negativo. Se as coisas parecem impossíveis ou até muito difíceis, usa uma “receita” que é para ela, muito simples: "Continua a tentar. Em algum momento vais conseguir o que queres. Sou muito positiva. Qual é a utilidade de ser negativa? "
E agora uma revelação: “Eu não gosto quando as pessoas sentem pena de mim: e muito menos quando sou tratado como uma criança. Por exemplo, em vez de me perguntarem o meu nome, vão pedi-lo à minha mãe. Eu tenho personalidade, cérebro, aparência e foi-me dada esta vida bela. Não quero caridade de ninguém, por isso, gosto de pessoas que me fazem rir. Pessoas como tu ". Frisa também que não se dedica, apenas, a escrever, lê muito e gosta de pintar, com a ajuda do computador.
Mas também escreve letras para música, porque, um dia “quero lançar um álbum com elas; mas preciso de alguém que possa musica-las e canta-las. Lê muito e também está interessada em dar palestras motivacionais, para dizer a quem me ouça, sobretudo gente como eu que o Mundo tem de ser positivo, pois há muita negatividade no ar…”
Volto, porém à sua fonte de força. “é a minha mãe. Quando eu era miúda, ela disse-me: tu tens cérebro e a funcionar bem. Afasta a inactividade, ocupa-te em alguma coisa. E foi o que eu fiz. Isso realmente inspirou-me e deu-me a força que tenho".
Não me parece ser possível acrescentar mais alguma coisa a propósito da minha Amiga Frederika Menezes.
Antunes Ferreira