Myra Landau
Quatro telas e um acto foi como intitulei o grito de Myra contra a guerra que grassa em Israel.
Poema da Terra Adubada
Por detrás das árvores não se escondem faunos, não.
Por detrás das árvores escondem-se os soldados
com granadas de mão.
As árvores são belas com os troncos dourados.
São boas e largas para esconder soldados.
Não é o vento que rumoreja nas folhas,
não é o vento, não.
São os corpos dos soldados rastejando no chão.
O brilho súbito não é do limbo das folhas verdes reluzentes.
É das lâminas das facas que os soldados apertam entre os dentes.
As rubras flores vermelhas não são papoilas, não.
É o sangue dos soldados que está vertido no chão.
Não são vespas, nem besoiros, nem pássaros a assobiar.
São os silvos das balas cortando a espessura do ar.
Depois os lavradores
rasgarão a terra com a lâmina aguda dos arados,
e a terra dará vinho e pão e flores
adubada com os corpos dos soldados.
António Gedeão, in Linhas de Força
Dois mundos distintos aqui cruzados... cenário: os homens,
o poder, o mal/ o bem.
... à guerra passiva - desemprego.
Vidros Partidos, uma curta-metragem do filme Centro Histórico realizada por Víctor Erice,
(ciclo de cinema do Festival das Artes, Coimbra).
(ciclo de cinema do Festival das Artes, Coimbra).
A história do filme sobre a Fábrica de Vizela parte desta fotografia
Actores e equipa de rodagem, o 6º a contar da direita é o realizador Víctor Erice que com olhar profundo filma a preto e branco [alguns apontamentos a cor]
o olhar de alguns operários, agora no desemprego.
Trabalhadores da fábrica que participaram no filme: Maria Fatima Braga Lima; Arlindo Fernandes; Filomena Gigante; José Cruz; Amândio Martins; Gonçalves Rosa; Henriqueta Oliveira; Manuel Silva e [filho de um operário] acordeonista Pedro Santos.
Da Senhora que se vê neste flash registei a ideia
(pena minha não serem as palavras exactas que o trecho não dá):
- O que é a felicidade que a televisão anda sempre a mostrar? Não há felicidade... apenas há sim, alegrias e tive-as, tal como amarguras, mas felicidade não.
CENTRO HISTÓRICO é um conjunto de quatro curtas-metragens, reunindo quatro nomes do cinema contemporâneo, os portugueses Manoel de Oliveira e Pedro Costa, o finlandês Aki Kaurismaki e o espanhol Victor Erice.
Projecto para Guimarães 2012: preservar a memória de Guimarães e do Vale do Ave. Assim, os quatro realizadores, Kaurismaki, Costa, Erice e Oliveira filmaram respectivamente, O TASQUEIRO, SWEET EXORCIST, VIDROS PARTIDOS e O CONQUISTADOR CONQUISTADO.
Projecto para Guimarães 2012: preservar a memória de Guimarães e do Vale do Ave. Assim, os quatro realizadores, Kaurismaki, Costa, Erice e Oliveira filmaram respectivamente, O TASQUEIRO, SWEET EXORCIST, VIDROS PARTIDOS e O CONQUISTADOR CONQUISTADO.
Magnífico conjunto, Ana !
ResponderEliminarO azul ( Explosões ) seleccionei-o para um projecto que tenho em laboração !!!
Fará par com o meu último ABSTRACTO.
Um beijo.
Belíssimo conjunto -- porque a arte não pode, nem deve, estar desligada do mundo, da realidade: antes deve afinar a lente pela qual esta é vista.
ResponderEliminarBoa noite :)
As telas, são belas...
ResponderEliminar...mas qual será o sabor do vinho e do pão, de uma terra adubada com os corpos de crianças?
Um post muito bonito para ilustrar uma situação absolutamente horrorosa, ana.
ResponderEliminarBeijinhos e votos de boa semana
Que temas difíceis, em tempos difíceis. Beijinhos!
ResponderEliminarUm belo post que nos lembra como o mundo (e os homens) é (são) tão imperfeito(s), porque perdemos mais tempo a odiar que a amar, a "querer ter" que a "querer ser".
ResponderEliminarUm beijinho e boa semana :)
O meu quadro favorito também é o azul, que gosto mais de ligar a coisas belas que tristes.
É um tempo por demais doloroso para todos os povos do mundo, de consequências atrozes para a humanidade, infelizmente! No entanto, cabe a cada um de nós abrirmos estradas, portas, portões e corações...
ResponderEliminarExtremamente gratificante passar por aqui. Perceber o “poder” (a paixão) de seu envolvimento com as cores, músicas, enfim, com as artes.
Tenho a vaga impressão que você vai gostar Light in Babylon - Geut - YouTube.
Um abraço, Ana!
Boa noite.
A todos muito obrigada. Voltarei para agradecer individualmente.
ResponderEliminarBoa noite!:))
Ana,
ResponderEliminarEste trabalho é uma imensidão. Enorme!
Um poema de Myra, em quatro estrofes, e tela de Gedeão a evocarem a guerra, tão presente materialmente e, ao mesmo tempo, distante na insensibilidade coletiva.
Depois a outra (guerra) de baixa intensidade – o desemprego – mas cujos efeitos terão porventura efeitos (mais) devastadores nas organização e civilização humanas. A TV (low cost) é a principal arma de destruição massiva.
A referência ao milagre que houve e há em Guimarães foi muito bem chamado para aqui.
O senhor do acordeão toca imensamente bem.
Um desejo: dêem às pessoas outras beligerâncias: música, pintura, literatura, escultura…
João,
ResponderEliminarObrigada. Irei esperar com curiosidade o seu abstracto. Tenho visto coisas pouco abstractas. Mas passam...
Beijinho.:))
Xilre,
Obrigada. É um exercício que gosto de fazer: colocar uma lente em tudo.
Bom dia!:))
Rogério,
Arrepia o que diz e não há sabor para tal.
No entanto, quem deixa morrer o seu sal e não recua...
Bom dia!:))
Pedro,
Obrigada. É bom vê-lo por aqui. Ontem estive com Macau. (Verá como). :))
Beijinho.
Margarida,
Absolutamente!:))
Isabel,
A imperfeição deveria ser o mote para a lapidação e a procura do perfeito. No entanto, cada vez mais criam mais imperfeição, o poder, o dinheiro, a política, pactuam com este molde.
Beijinho. :))
Obrigada, Linha-de-pedras pelo que deixa que irei procurar.
Um abraço!:))
Agostinho,
Obrigada pelo seu comentário. Realmente é denso. Às vezes penso que peco por isso.
Gosto da proposta das suas dádivas. :))
Bom dia!
As telas ali em cima são uma bela ilustração do momento infeliz na história dos homens...
ResponderEliminarBeijo amigo
Daniel,
ResponderEliminarA Myra conseguiu expressar nas telas a infelicidade do momento trágico que grassa em Gaza.
Beijinho. :))