31/01/2014

a sublimação da mulher

Um livro que chegou para acrescentar a lista. [Obrigada]. :))



O neopaganismo trouxe a sublimação da mulher.
A expressão espiritual feminina é glorificada pela forma, pela sua idealização. O platonismo  amoroso transcende a grosseira materialização do instinto. Começa então para a mulher o reinado do espírito, da forma e da cor.

Natália Correia, Breve História da Mulher e outros escritos. Lisboa: Parceria A. M. Pereira Livraria Editora, 2003 (2ª edição), p. 88.


29/01/2014

Livros em pilha...



Myra Landau, Livros

A minha lista de livros aumenta, não tenho mãos a medir. 

Neste momento ando a ler "O Último Segredo", um livro que me foi gentilmente oferecido. Estou a gostar, o mistério e o assunto do livro são caros para mim.

Tenho na pilha:

- "O Esplendor da Austeridade, Mil Anos de Empreendedorismo das Ordens e Congregações em Portugal: Arte, Cultura e Solidariedade", um livro que já folheei com prazer mas que ainda não li com a atenção que merece. O livro é lindíssimo.

- "Dictionnaire du Ballet Moderne", já li algumas entradas, é para consulta. Há tanta coisa para aprender.

- "Sonetos do Obscuro Quê", de Manuel Alegre, um poema por dia. Um apreço por Itália é o que respira deste livro de Sonetos. Assinado pelo poeta o eco é imenso.

- "Papa Francisco A Alegoria do Evangelho, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium", o Papa é ainda um enigma para mim. A sua bondade e vontade de mudança causam-me surpresa, ainda vazia.

Esta lista de livros é recente [é com afecto que agradeço] tenho uma "residente" à espera de melhores dias.

Precisava de um retiro continuado na Quinta dos Visconde da Várzea 
(Turismo Rural) para colocar as leituras em dia.
Um presente que me ofereceram para apreciar o tempo.


27/01/2014

27 de Janeiro, em memória das vítimas do holocausto

Vidas partidas... laços desfeitos... uma visita em memória...                                      
«(...) Eu visitei Auschwitz-Birkenau em Novembro passado. Um vento frio soprava naquele dia, o chão sob os meus pés era rochoso. Mas eu tinha um sobretudo e sapatos resistentes; os meus pensamentos foram para aqueles que não tinham nem uma coisa, nem outra: os judeus e outros prisioneiros que outrora povoaram o campo. Eu pensei naqueles prisioneiros a passar horas em pé, nus, num clima gelado, arrancados às suas famílias, os seus cabelos rapados enquanto os preparavam para as câmaras de gás. Pensei naqueles que foram mantidos vivos apenas para trabalhar até a morte. Acima de tudo, reflecti sobre quão insondável o Holocausto permanece até hoje. A crueldade foi tão profunda, a escala tão grande, a visão de mundo nazi tão deformada e extrema, a mortandade conduzida de uma forma tão organizada e calculada. (...)
Marian Turski, um judeu polaco que sobreviveu a Auschwitz e é hoje o vice-presidente do Comité Internacional de Auschwitz, guiou-me através do infame portão com o lema "Arbeit Macht Frei" (O trabalho liberta) – desta vez em liberdade. O Rabino Yisrael Meir Lau, um sobrevivente de Buchenwald e agora o rabino-chefe de Telavive, esteve ao meu lado na rampa onde os comboios de transporte descarregavam a sua carga humana, e contou o momento traumático quando o rápido movimento do dedo indicador de um comandante das SS significava a diferença entre a vida e a morte. Sinto pesar por aqueles que morreram nos campos, e estou impressionado com aqueles que viveram – que carregam memórias tristes, mas também mostraram a força do espírito humano. (...)
Ao longo de quase uma década, o Programa de Informação “Nações Unidas e o Holocausto” tem vindo a trabalhar com professores e alunos de todos os continentes para promover a tolerância e os valores universais. O mais recente pacote educacional do programa, produzido em parceria com o Museu Memorial do Holocausto nos Estados Unidos, vai ajudar a introduzir estudos sobre o Holocausto nas salas de aula de países como o Brasil, a Nigéria, a Rússia e o Japão. Na cerimónia de comemoração deste ano na sede da ONU, o orador principal será Steven Spielberg, cujo Instituto Shoah para a História Visual e a Educação foi um marco na preservação dos testemunhos de sobreviventes.»

Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, no Público, 26-01-2014, link.

Anne Frank é mais um registo das vítimas do holocausto.  Casa de Anne Frank (fotografia minha), Amesterdão

O que se podia ver do anexo da fábrica* link



24/01/2014

A beleza das brumas

Há brumas que têm beleza.

Vale do Mondego 



Agradeço ao João Menéres que me auxiliou nesta postagem. :))



23/01/2014

A. H. de Oliveira Marques - "a salvação das almas"

O homem é por natureza religioso. Dentro deste lema escolhi uma citação do historiador A. H. Oliveira Marques para o homenagear.

A fonte de Paio Guterres no Claustro do Silêncio, (Igreja de Santa Cruz)
porque o historiador é fonte de inspiração para os mais novos.
A. H. de Oliveira Marques nasceu a 23 de Agosto de 1933 
e faleceu a 23 de Janeiro 2007.

"Razões económicas e sociais, todavia, são geralmente insuficientes para uma compreensão global de qualquer feito da Idade Média. Dão-nos a base, a plataforma racional da acção, mas omitem esse invólucro colorido que todo o homem exige para se desculpar a si próprio e para convencer os outros de uma empresa nobre e idealista. No caso da expansão do século XV, um tal invólucro era feito de contextura religiosa dupla: a luta contra o infiel e a salvação das almas." 

A. H. Oliveira Marques, Breve História de Portugal. Lisboa: Presença, 1998, pp. 124-134.


19/01/2014

"O caso português"


Myra Landau, intitulado por mim: Elo partido

Porque sou portuguesa e me entristece o meu país, não podia deixar de publicar um trecho de Luís Raposo que saiu no Público.

«Em Novembro de 2013 foi dado a conhecer um Eurobarómetro referente aos hábitos culturais dos europeus especialmente devastador para o caso português. Quando se pergunta pela frequência de diferentes recursos culturais no último ano, verifica-se que a nossa melhor posição relativa (lugar 22 em 27) é a na assistência a programas culturais de TV e rádio; inversamente, no livro, no teatro e na dança/ópera, situamo-nos em último lugar; nos restantes domínios, estamos em penúltimo (cinema, monumentos e museus) ou antepenúltimo (bibliotecas).
(...) 
Os níveis de educação escolar são ainda mais relevantes no que respeita à visita a museus (porventura também à dança/ópera e muito menos ao cinema, livro, TV/rádio e monumentos).(...) Chegados aqui, voltamos, porém, ao princípio, ou seja, à situação em que nos encontramos nesta “ocidental praia lusitana”, onde não definhamos apenas por falta de dinheiro, mas também (ou sobretudo) por carência de política e de cidadania. Onde a moléstia atingiu tal dimensão que, nesta “triste e leda madrugada”, políticos, gestores e agentes culturais todos nos refugiamos em lugares de recuo e sobrevivemos apenas na nossa vidinha diária, tentando encontrar nela nichos de pequena felicidade. Onde, mais do que lutar, parece que desistimos também de pensar.»

Presidente do ICOM Portugal; membro da direcção do ICOM Europa
Luís Raposo, Público, 17-01-2014
Artigo 

17/01/2014

Selim, sombra e luz.


 Vazio

Olho para os livros, riqueza dos sábios,
e choro o vazio das páginas abertas. 
Da caneta pousada saiu uma sombra
a tinta da china sob papel branco.


«Jordi Savall, viola da gamba Rolf Lislevand, guitarra barroca Arianna Savall, arpa Pedro Estevan, percusión Adela Gonzalez-Campa, castañuelas Jordi Savall, Folías de España Grabado en el Festival de Lanvellec en el año 2002» Youtube 

15/01/2014

Livros, o deleite da alma - V, Denis Huisman

Outro livro recebido no Natal.

O belo não tem existência física. [Será?]
Benedetto Croce in,
Denis Huisman, A Estética. Lisboa: Edições 70, 2013, p. 83

BOTTICELLI, Angel with embroidered stole, detail from the Madonna of the Pomegranate,1487, Galleria degli Uffizi, Florença


13/01/2014

Twelve years...

Anonimous, Black Servant with flowers, spanish, first half sixteenth century, Houston


Clemens: Survival is not about certain death. It's about keeping your head down.
Solomon Northrup: Days ago I was with my family, in my home. Now you're telling me all that's lost? Tell no one who I am, that's the way to survive? Well, I don't want to survive. I want to live



Quando as fronteiras se unem só podem gerar a beleza deste retrato atribuído a Johann Zoffany.

Retrato inglês de Dido Elizabeth Belle (1761-1804) e a sua prima Lady Elizabeth Murray (1760-1825), sobrinhas netas de Lord Mansfield, que esteve na origem da interdição da escravatura em terras britânicas. O retrato encontra-se em Scone Palace, Perthshire, Ecosse. (Wikipedia) Link.

. File:Dido Elizabeth Belle.jpg

11/01/2014

Em memória de Al Berto

Al Berto nasceu em Coimbra em 1948 e faleceu em Lisboa em 1997.

A Escrita

a escrita é a minha primeira morada de silêncio
a segunda irrompe do corpo movendo-se por trás das palavras
extensas praias vazias onde o mar nunca chegou
deserto onde os dedos murmuram o último crime
escrever-te continuamente... areia e mais areia
construindo no sangue altíssimas paredes de nada

esta paixão pelos objectos que guardaste
esta pele-memória exalando não sei que desastre
a língua de limos

espalhávamos sementes de cicuta pelo nevoeiro dos sonhos
as manhãs chegavam como um gemido estelar
e eu perseguia teu rasto de esperma à beira-mar

outros corpos de salsugem atravessam o silêncio
desta morada erguida na precária saliva do crepúsculo

Al Berto, O Medo. Lisboa: Círculo dos Leitores 1991.

Para ouvir o silêncio...
 

09/01/2014

Livros, o deleite da alma - IV, Camões


Recebi este Natal uma edição dos Lusíadas, da Lello, que me fez feliz. Escolhi duas estrofes. 

Formato 10 x 13 cm
Os Lusíadas

Gian Lorenzo Bernini, Apolo e Dafne, Galleria Borghese,
Roma (Wikipédia)
                          1
Ficheiro:ApolloAndDaphne.JPGAgora tu, Calíope, me ensina
O que contou ao Rei o ilustre Gama:
Inspira imortal canto e voz divina
Neste peito mortal, que tanto te ama.
Assim o claro inventor da Medicina,
De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,
Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,
Te negue o amor devido, como soe.
                       
                        2
Põe tu, Ninfa, em efeito meu desejo,
Como merece a gente Lusitana;
Que veja e saiba o mundo que do Tejo
O licor de Aganipe corre e mana.
Deixa as flores de Pindo, que já vejo
Banhar-me Apolo na água soberana;
Senão direi que tens algum receio,
Que se escureça o teu querido Orfeio.

Luís Vaz de Camões, Lusíadas. Porto: Lello Editores, Canto III, Estrofe 1 e 2. 1980, (p.81).


E porque Camões dedicou os Lusíadas a D. Sebastião

07/01/2014

Afectos / memórias

Edgar Degas, Desenho de bailarina, c. 1877, 
Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires (Wikimédia commons)
File:Edgar Degas - Danseuse debout, c. 1877.jpg



Há afectos que nos tocam. Tinha comprado uma bailarina para colocar na árvore de Natal. Gostei da graciosidade.
Uma amiga enviou-me uma bailarina junto com o seu cartão de Natal, um cartão feito por ela. Fez-me sentir muito feliz. Obrigada.
Assim, a minha bailarina já não está sozinha. Desde pequena que adoro ballet. Passei a minha infância num local em que não havia professora. A "aprendizagem" de alguns passos foi feita através de um livro que foi oferecido à minha irmã mais nova. O título era Anita no ballet
O livro enchia-nos os olhos.
Cortesia da net, um livro vendido com cerca de 30 anos.


Edgar Degas, final de Arabesco, 1877, Museu D' Orsay, Paris (wikipedia)

File:Edgar Germain Hilaire Degas 025.jpg



05/01/2014

Livros, deleite da alma - III, Júlio - Saúl Dias

Mais um livro natalício que me deleitou a alma:  Júlio - Saúl Dias o universo da invenção.
Júlio Maria Reis Pereira, na pintura, Júlio, na poesia Saúl Dias, transpôs para a escrita e a pintura o seu gosto pela beleza do amor e pela harmonia da música. Assim o afirmou, o seu irmão, José Régio: "os trabalhos de Júlio aproximam-se da poesia e da música (...) por aquilo em que poesia e música são Arte e são das mais puras realizações da Arte". (p.13*.)

Júlio, Velho Poeta Pintor, 1977 - Aguarela
Colecção de Humberto de Castro, Lisboa (fotografada a partir do livro)

As tardes inventei-as.

Fulgurantes umas, 
sonolentas outras,
quentes ou arrepiantes
e todas
geradoras de instantes
impossíveis...

Atiro o braço ao ar
e quero que ele prenda
uma estrela, um cometa,
o floco da renda
de mil Cassiopeias...

É dia e há luar...

As tardes inventei-as.

Saúl Dias, «Tardes Inventadas», in Obra poética, p. 243*.
(*Retirado do livro de Maria João Fernandes,  Júlio - Saúl Dias o universo da invenção. Lisboa: Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1984, p. 58)

Para explicar as diferentes vertentes da sua arte Júlio usou uma expressão de Nietzsche: 
"Quando se ama o abismo é preciso ter asas". Tal afirmação levou-me a procurar a poesia do filósofo. Escolhi um poema que sem dúvida está ligado a Júlio e que eu vejo nas suas aguarelas e desenhos.

Declaração de Amor
(e o poeta cai na armadilha)

Ó maravilha! Voará ainda? 
Sobe e as suas asas não se mexem? 
Quem é então que o leva e faz subir? 
Que fim tem ele, caminho ou rédea, agora? 

Como a estrela e a eternidade 
Vive nas alturas de que se afasta a vida, 
Compassivo, mesmo para com a inveja... 
E quem o vê subir sobe também alto. 

Ó albatroz! Ó minha ave! 
Um desejo eterno me empurra para os cimos 
Pensei em ti e chorei. 
Chorei mais e mais... Sim, eu amo-te! 

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência" (citador)

Também não foi por acaso que escolhi a aguarela apresentada. Nela vejo o pintor, que carrega às costas um violino, a música, e a paixão com que pinta, e, embora não se veja na tela, o que vai resultar dessa pintura é o amor entre dois jovens, possivelmente, o amor que motivou toda a sua vida de artista e escritor.



Uma curta metragem de Manoel de Oliveira

03/01/2014

Livros, o deleite da alma - II, Recordações da Ilha

Outro livro que enriqueceu a minha biblioteca, este Natal, foi Recordações da Ilha, de Maria João Falcão, do blogue Falcão de Jade.

Infância


A minha ilha perdida

Sentada no jardim, imaginava os pássaros de todas as cores que esvoaçavam pela ilha, volteando, fazendo barulho e se calavam, misteriosamente, quando a chuva caía.
Os pássaros amarelos-e-verdes, que eu via construir os ninhos, entrelaçando fitas de andala, como pequenos cestos que depois baloiçavam nos ramos arqueados da buganvília, ou nos braços doces da goiabeira. Que num instante desfazem o trabalho meticuloso de tantas horas para irem buscar outro poiso, deixando o ramo de onde pendiam despido e sem vida. Os que saltitam, de arbusto em arbusto, fazendo estalar a comprida cauda negra, fina e móvel: os truqui sum deçu, os passarinhos de Deus que, segundo a lenda são-tomense, vão de manhã acordar o Senhor nos céus. Longe na floresta, estão ôssobô e o seu canto mavioso que anuncia as chuvas. Perto, na praia Gamboa, na pobreza e no cinzento  de tantas vidas fechadas, a poesia das garças brancas, o leve bater de asa suspenso sobre o verde-vivo do capim. E os pássaros azuis. E os vermelho-e-negros. Os infinitos pássaros sem nome que alegram a ilha.

Maria João Falcão, Recordações da Ilha. Print Culture, p.3.


01/01/2014

Viva

VIVA 2014
que seja FELIZ para todos.

Prato ratinho, 1860, Museu Nacional Machado de Castro 
(legado por José Alberto Reis Pereira filho do coleccionador, 
pintor  e poeta respectivamente JúlioSaúl Dias)

Que a subida e a contemplação sejam profícuas.

Katsushika Hokusai, Boy in front of Fugiama



Em reposição porque está frio, é Inverno e quero que o ano  inicie com beleza. 

Arquivo