31/07/2011

30/07/2011

Antagonismos

Leonardo da Vinci é um dos homens do Humanismo e Renascimento que admiro. Em conversa com a Isabel do blogue Palavras Daqui e Dali soube que encontraria um livro de desenhos dele a um custo muito simpático. Assim, a juntar a vários que tenho do autor encontrei esta relíquia: Os Apontamentos de Leonardo. Escolhi o desenho O Prazer e a Dor porque esta dualidade é inevitável, faz parte da essência humana.

Leonardo da Vinci, O Prazer e a Dor, Desenho




O Prazer e a Dor representados como gémeos, porque nenhum deles existe sem o outro e é como se estivessem unidos costas com costas, porque são o contrário um do outro.


Leonardo da Vinci, Os Apontamentos de Leonardo, Nova Iorque: Parragon Books Ltd, 2007, p.124 (trad. Manuel Cordeiro pp. 1-131; org. por H. Anna Sue)


Para os amantes de arte, e não só, o livro compõe-se em três partes fundamentais:


Beleza, Razão e Arte que se subdivide em: I-Sobre Pintura; II-Figuras Humanas; III-Luz e Sombra IV- Perspectiva e Percepção Visual; V-Estudos e Esboços;


Observação e Ordem que se divide em: VI-Anatomia; VII-Botânica e Paisagem; VIII-Geografia; IX-Física e Astronomia;


Questões Práticas que por sua vez se subdivide em: X- Arquitectura e Planeamento; XI-Escultura e Metalurgia; XII-Inventos; XIII-Conselhos Práticos; XIV-Filosofia, Aforismos e Documentos Vários.

O livro custou apenas 7,49 euros.


Ao passar na Linguagem dos Pássaros, da Blue, ouvi David Sylvian que gosto muito ao qual juntei a voz cristalina de Virginia Astley


Some small hope

28/07/2011

Desígnio - A Ilha

Detalhe de A Dama e o Unicórnio, Musée de Cluny,

(Conjunto de seis tapeçarias do século XV)




A Ilha


Do que podemos inferir que há afinal um desígnio nas nossas vidas, e, se esperarmos o suficiente, seremos compelidos a vermos esse tal desígnio revelar-se, tal como observamos um tecelão, apenas podemos ver, num relance, um emaranhado de fios; todavia se formos pacientes, começam a surgir ante o nosso olhar flores, unicórnios empinados, torres.


J. M. Coetzee, A Ilha, Lisboa: Dom Quixote, 2004, p. 105




Todas as ilhas nos fazem sonhar, umas mais do que outras. Coetzee leva-nos a pensar na ilha que habitamos na cidade onde vivemos.
"A Ilha" é um livro triste, viaja-se ao interior de nós mesmos, à procura...

27/07/2011

Tarde frutífera

Uma tarde muito frutífera com a Isabel, uma nova amiga do blogue





Coluna simboliza a Árvore da Vida e é uma representação da fecundidade, da ligação da Terra com o Céu e da harmonia do mundo (Infopédia). Aqui ficam duas colunas porque a vida une as pessoas.


Colunas do claustro de Santa Clara-a-Velha, Coimbra


Uma brisa fresca, numa tarde quente, junto ao espelho de água do Museu do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha.



Uma dádiva que recebi - Deus e o Diabo


A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. (Mt, 22:21)

Guerreiro Vaz, Deus e o Diabo nos provérbios portugueses, Lisboa: Editorial Notícias, 2004, p. 11



Nota do autor - "Ditados velhos são evangelhos, diz um dos provérbios do nosso rifoneiro. Serão?
( ...) da leitura destes provérbios infere-se com facilidade a religiosidade do povo português e o seu aconchego para tudo (ou quase tudo) na palavra (de) Deus." p. 8.



Obrigada Isabel!



25/07/2011

Alice no país das maravilhas?

A história que o homem "inventa" desenrola-se numa espiral. Convento de Cristo, Tomar

O terrorismo na Noruega, o mundo incompreensível em que vivemos...
Ao ler as notícias sobre o terrorismo na Noruega, houve várias perguntas que me surgiram: onde começa e acaba a humanidade? Qual é o sentido da perseguição religiosa? Porquê esta falta de respeito à vida?


Procurei perceber porquê tanta loucura e depois de ter passado por várias reflexões cheguei aqui a este videojogo: Alice no País das Maravilhas.

A violência existe porque ela rodeia-nos logo desde pequenos.
O que é feito das histórias de infância, o que é feito do medo, o medo construtivo?

Não há dúvida que a história e a encenação deste jogo nos prendem mas até que ponto esta fantasia se poderá transformar em violência?

Digo-vos que em matéria de jogos há muito pior...

O ambiente político, económico e social do início do século XXI está a aproximar-se das primeiras duas/três décadas do século XX: a ultra-direita a ganhar terreno, a violência, o terrorismo, a crise económica e social. O homem é uma marioneta repetitiva...


23/07/2011

Utopia(s)

A Cozinha dos Vurdóns convidou-me a focar o problema da fome, as Cinco Mulheres do blogue citado e O Falcão de Jade contribuíram com as suas ideias, acreditam que, apesar da utopia, podemos lutar contra as marés. Juntando esforços talvez consigamos um cordão humano que a pouco e pouco traga algum sustento aos países onde as crianças famintas não sabem sorrir.


Hayk Matsakyan, Hunger






daqui


Tommaso de Campanella escreveu A Cidade do Sol em 1623. Na obra, o autor sugere um arquétipo de cidade ideal, livre dos males, da prepotência, da intolerância e da perseguição religiosa. Pressupõe a existência do poder político, entretanto exercido com sabedoria e amor, com base na contribuição da colectividade, que se expressa nas “decisões comuns de todos para todos”. A obra contempla as ideias de filósofos como Aristóteles, Platão, Sócrates e vários teólogos do cristianismo.


A Cidade de Campanella integra-se na literatura utópica é um pouco mais tardia que a Utopia (1516) de Thomas More e contemporânea da A Nova Atlântida de Francis Bacon (1623).

Ora numa sociedade ideal não há fome, guerra, desamor, ódio e violência. É esta utopia que defendemos.


A Cidade do Sol


(...) ao construírem a cidade, trataram de ter propícias as quatro constelações de cada um dos quatro ângulos do mundo, as quais, como já se disse, se observam também na concepção de cada indivíduo, porque dizem que Deus atribuiu causas a todas as coisas, devendo o sábio conhecê-las, usá-las e não abusar delas.
Nutrem-se de carnes, manteiga, mel, queijo, tâmaras e legumes de diferentes espécies. Houve uma época em que não queriam matar os animais, parecendo-lhes isso uma ação bárbara, mas, ao considerarem que também é crueldade extinguir plantas que gozam de sentido e vida própria, para não morrerem de fome, concluíram que as coisas ignóbeis foram criadas para beneficiar as mais nobres. E é assim que, no presente, se alimentam de todos os animais, mas, na medida do possível, poupam os mais úteis, como os bois e os cavalos. Fazem distinção entre alimentos sãos e nocivos, e, quanto à escolha, deixam-se dirigir pelo médico. A alimentação é continuamente mudada por três vezes: primeiro, comem carne; depois, peixe; por fim, legumes. Então, recomeçam com a carne, de forma que o hábito não
enfraqueça as forças naturais. Os alimentos de fácil digestão são dados aos velhos. Estes comem três vezes ao dia e parcamente; duas vezes, a comunidade; e quatro, as crianças, segundo ordena o médico.
Em geral, vivem cem anos, sendo que não poucos também duzentos.


A Cidade do Sol de Tommaso Campanella

Notas - Li este livro no tempo da Faculdade, tenho-o mas foi mais fácil tirar estas notas do livro em pdf cujo link está assinalado.


Para embarcarmos na cidade da Utopia deixo Barcarolle in F sharp, Op. 60 de Chopin, tocado por Dang Thai Son que ouvi ontem no 3º Festival de Artes de Coimbra


21/07/2011

Da Beleza II e evocação conjunta

Acerca da beleza, num post anterior, Gustav Aschenbach, personagem principal de "A Morte em Veneza" de Thomas Mann, afirmava:
«- A criação da beleza e da pureza é um acto espiritual».
Alfred, amigo e compositor de Gustav, retorquiu:
«- Não, Gustav. Não! A beleza pertence aos sentidos».

No blogue Memórias e Imagens, Margarida Elias transcreveu a noção de beleza do arquitecto Raúl Lino, do qual retirei este pequeno trecho:

« (...) beleza é o próprio sol, e se o queremos fitar, temos de fazer uso de um vidro fumado para que não fiquemos cegos com o deslumbramento dos seus raios. (...) é apenas para nosso uso particular (...); pelo menos, quando nós conhecermos a fórmula absoluta que revela a nudez deslumbrante da ideia de beleza (...) nunca nós publicaríamos o seu retracto; pelo contrário, guardá-lo-íamos no mais recôndito escaninho da casa-forte das nossas emoções (...)». Raúl Lino (1933).

Os dois trechos entrelaçam-se numa noção dicotómica de beleza: a do campo das emoções, dos sentidos, e a intelectual do campo espiritual. Isto é, a particular e a universal; a primeira, pelo que depreendo, segundo Raúl Lino, deve estar resguardada no mais íntimo de nós. O arquitecto previne que o intelecto deve olhar a beleza controlando as emoções provavelmente, para na sua análise não se imiscuir o afecto. Poderá este conceito entrar em comunhão com a filosofia da sua arquitectura inconfundível, o espírito prático conservando a cultura de um povo.
Obrigada Margarida por ter atendido ao meu pedido.

«Feche os olhos e veja com a alma, se gostar ... é belo.
Ver as vezes atrapalha, as vezes define, como a beleza, ou cega ou desanuvia.» Cozinha dos Vurdóns
O comentário da Cozinha dos Vurdóns comunga dos dois sentidos do conceito e alia-se com excelência ao acima transcrito.

Hoje aproveito para focar ainda a beleza da escrita em evocação a Hemingway que nasceu a 21 de Julho de 1899. Conviveu em Paris com pintores de vanguarda: Picasso, Miró, Masson e Gris, grupo que ficou conhecido pela "Geração Perdida". O escritor apreciava arte por isso na minha homenagem dedico-lhe um prémio que ganhei num desafio de Verão: O Ratinho e a pintura de MJ Falcão do blogue O Falcão de Jade. Agradeço os três prémios que ganhei e vou guardar na galeria das minhas fotografias.

MJ Falcão, Portalegre, uma cidade especial para mim


Pintura e fotografia de MJ Falcão


Advice to a son

Never trust a white man,
Never kill a Jew,
Never sign a contract,
Never rent a pew.
Don't enlist in armies;
Nor marry many wives;
Never write for magazines;
Never scratch your hives.
Always put paper on the seat
Don't believe in wars,
Keep yourself both clean and neat,
Never marry whores.
Never pay a blackmailer,
Never go to law,
Never trust a publisher,
Or you'll sleep on straw.
All your friends will leave you
All your friends will die
So lead a clean and wholesome life
And join them in the sky.

Ernest Hemingway




Da música: passado mais remoto, a beleza dos sentidos



Um passado mais recente, a beleza da alma



Grata a MJ Falcão, Margarida Elias e Cozinha dos Vurdóns e a todos que me falaram de beleza.

18/07/2011

Interregno

Da Beleza

A beleza na ausência de imagem e de som.

A beleza ou a busca do sublime.

Visconti revisitado.

(...)
Aschenbach notou com espanto que o rapaz era de uma beleza perfeita. (...) a expressão de seriedade afável, digna de um deus, lembravam uma escultura grega do período áureo, sendo que à mais pura perfeição da forma aliava-se um encanto pessoal tão exclusivo que o observador acreditava jamais ter encontrado, quer na natureza, quer nas artes plásticas, algo que se aproximasse de um acabamento tão feliz.
(...)
Gustav Aschenbach: A criação da beleza e da pureza é um ato espiritual.
Alfred*
: Não, Gustav. Não! A beleza pertence aos sentidos. Somente aos sentidos!
Gustav: Você não tem como alcançar o espírito... Você não tem como alcançar o espírito através dos sentidos. É somente através do absoluto controle dos sentidos que se pode,algum dia, alcançar sabedoria, verdade e dignidade humana.


Thomas Mann, A Morte em Veneza


Adaptado ao filme de Visconti, trecho retirado daqui.


*Amigo e compositor no filme de Visconti.


O que é a beleza?...

17/07/2011

A beleza da nudez, ou o nada...

A beleza da nudez, ou o nada... "nada".


Henrique Pousão, Modelo Masculino, 1881


Desenho a lápis sobre papel, Museu da Faculdade de Belas Artes, da Universidade do Porto daqui


Para ser grande, sê inteiro: nada

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


14-2-1933


Ricardo Reis, Odes de Ricardo Reis Lisboa: Ática, (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.), 1994, p. 148.


16/07/2011

Luar

Jean-Baptiste Camille Corot nasceu em Paris a 16 de Julho de
1796.

Luar, 1876.
Colecção privada

Neste dia mas em 1969 foi lançada a missão espacial Apollo 11.

A lua exerceu sempre fascínio sobre os homens, pintores, físicos, astrofísicos, cientistas, e o vulgo ser humano.

A tela de Corot mostra a lua e o reflexo prateado tão propício ao amor em pleno Verão.

Au claire de lune,
un oiseaux chante
une chanson d'amour.

Finalmente, mais uma evocação, Mozart estreou a sua primeira ópera, o Rapto do Serralho, no Burgtheater de Viena, em 1781.

15/07/2011

"olhar-se na inteligência"

Rembrandt Hermnszoon van Rijn nasceu a 15 de Julho, de 1606, em Leida. É um pintor barroco cuja sensibilidade me deleita. O contraste de sombra e luz que utiliza prende o olhar.



Detalhe e tela de Titus vestido de Monge, 1660.



Rijskmuseum, Amesterdão, Holanda (wikipedia)









O homem retrata-se inteiramente na alma; para saber o que é e o que deve fazer, deve olhar-se na inteligência, nessa parte da alma na qual fulge um raio da sabedoria divina.

Platão in A República, trad. Maria Helena da Rocha Pereira, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.

13/07/2011

Contemplação

Tolstoi afirma que em arte tudo reside no "nada". Não compreendo bem o que é o nada, mas intuitivamente discorro que é o ponto em que algo se destaca de tudo. Os meus amigos gatos têm a sabedoria da vida e da arte, tudo neles parte da contemplação, são na verdade os verdadeiros donos da casa.

Contemplo da minha janela a mesquinhez humana quando alguém se acha com inteligência superior. Criam-se universos fictícios, mas quem os vê ou os estima?



Os meus gatos sabem o que é a arte pois têm uma vida contemplativa.


Em arte tudo está naquele 'nada'.

Lev Tolstoi (in Citador)


A preto e branco, os meus gatos em película.

O gato velho, guardião da casa, rezingão mas afectuoso.

A gatinha que nos adoptou e pediu asilo no passado Natal.

12/07/2011

"... que faremos nós de ti e tu de nós? "- Irene Lisboa

Amadeo Modigliani nasceu a 12 de Julho de 1884, em Livorno, Itália. Os retratos de mulheres são, na sua paleta, de uma cor e beleza muito próprias. O traço é inconfundível. Podemos dizer que ele é igual a si mesmo! Esta é a ideia que me ficam das suas telas e a minha forma de o homenagear.


Amadeo Modigliani, Nú Sentado, 1916






Óleo sobre tela, 92.4 x 59.8 cm. Courtauld Institute Galleries, London, UK.




AMOR

Aqueles olhos aproximam-se e passam.
Perplexos, cheios de funda luz,
doces e acerados, dominam-me.
Quem os diria tão ousados?
Tão humildes e tão imperiosos,
tão obstinados!

Como estão próximos os nossos ombros!
Defrontam-se e furtam-se,
negam toda a sua coragem.
De vez em quando,
esta minha mão,
que é uma espada e não defende nada,
move-se na órbita daqueles olhos,
fere-lhes a rota curta,
Poderosa e plácida.

Amor tão cheio de Amor,
Que sensível és…
Sensível e violento, apaixonado.
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!

Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e se enfurece
e logo recai na branda impotência.

Canseira eterna!
Ou desespero, ou medo.
Fuga doida à posse, à dádiva.
Tanto bater de asas frementes
tanto grito e pena perdida…
E as tréguas, amor cobarde?
Cada vez mais longe,
mais longe e apetecidas.
Ó amor, amor,
que faremos nós de ti
e tu de nós?

Irene Lisboa

11/07/2011

levando a vida

Gare do Oriente, Um gótico fora do tempo, o sol da noite. Lisboa



Hoje, lembrei-me de uma amiga que me fez o mapa astral. Preciso de arrumar a casa, concentrar-me, trabalhar.

Não vou encontrar a serenidade, não sei onde mora. Não tenho a rua, o número da porta, nem o país onde se situa. Talvez seja numa ilha que ainda não foi encontrada.

Ontem, vi o Marcelo Rebelo de Sousa tecer um elogio a Maria José Nogueira Pinto que me tocou. Sem me imiscuir em partidarismos, gostei da evocação, dela retirei que ajudar os outros é uma máxima que o homem devia seguir.

Hoje, o sol ainda não brilha mas irá brilhar porque ninguém vive sem o astro maior. Um dia, quiçá, ele morrerá e o homem também, mas só num futuro longínquo a natureza se encarregará de tal proeza. Porque é que não aproveito este sol?

A vida escreve-se sem interveniência directa, por vezes, somos marionetas, algo nos move sem nós querermos.

O rio de Blake corre, levando a vida e nessa correria até ao mar encontramos várias margens...



À minha amiga, obrigada!

Ausências...II - Lorca

Entre os silêncios... veio à memória García Lorca.


Morte de García Lorca de Guilherme de Faria,1959




Óleo sobre tela, 71,8cm x 57,5cm (uma das primeiras telas do pintor, quando tinha 17 anos).

No ar deserto há uma dor de ausências
e nos meus olhos pessoas vestidas, sem nudez!


Federico García Lorca, Anjo e Duende, Lisboa: Assírio & Alvim, 2007, p.77.

Mendelssohn - Midsummer's Night Dream

10/07/2011

Os sonhos - A água de Camille Pissarro


Camille Pissarro,

"Chennevieres au bord de la Marne", c. 1864-65


National Gallery of Scotland, Edinburgh, UK



Jacob Camille Pissarro nasceu a 10 de Julho nas actuais Ilhas Virgens e faleceu em Paris.

A sua pintura está ligada ao impressionismo, embora esta tela não tenha ainda esse traço, ou pelo menos ainda não é muito perceptível.
A água é um dos meus elementos, o espelho do céu.


«Les rêves sont les clés pour sortir de nous-mêmes».


Georges Rodenbach, Le Règne du Silence ; Au fil de l'eau

09/07/2011

padrões





Padrões
registos, linhas,
flores cravadas
na pedra.

Fluem
simetrias

ao sabor
de um compasso.

É um templo
penetrado pela luz
intensa.

Colunas maiores!










Sé Velha, Coimbra

08/07/2011

Há dias em que nos sentimos assim...

A minha "pomba enganou-se".

Diego de Rivera, Paisagem Simbólica, 1940




Colecção SFMOMA, Nova Iorque


***


Frida Khalo, Diário

"Apoio número 1 Apoio número 2
A pomba enganou-se.
Enganou-se........"

07/07/2011

Depois de comido!

Durante um almoço de trabalho onde imperou a boa disposição, houve um senhor com cerca de oitenta anos que se aproximou da mesa e ofereceu-nos um papel com quatro versos.

Achei graça, até porque ele acompanhava uma senhora, a mulher, os dois observaram-nos enquanto almoçavam.



06/07/2011

''Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?''

Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón nasceu a 6 de Julho de 1907, na Cidade do México.

''Para que preciso de pés quando tenho asas para voar?''


Frida Kahlo's self-portrait "Yo y mis pericos" (Me and My Parrots) is among the works by the artist featured at the Philadelphia Museum of Art

Detalhe

Frida Khalo no Diário: Eu sou a desintegração


No Diário, Um Auto- Retrato Íntimo, Frida despediu-se com a seguinte afirmação:

''Espero a partida com alegria... e espero nunca mais voltar... Frida''

O amor obsessivo de Frida por Diego de Rivera está dentro deste poema:


Poema do diário de Frida

Diego. princípio
Diego. construtor
Diego. meu bebé
Diego. meu noivo
Diego. pintor
Diego. meu amante
Diego. meu marido
Diego. meu amigo
Diego. meu pai
Diego. minha mãe
Diego. meu filho
Diego. eu
Diego. universo
Diversidade na unidade.
Porque é que lhe chamo Meu Diego?
Ele nunca foi e nem será meu.
Ele pertence a si próprio.

05/07/2011

"Tudo se passava exclusivamente na imaginação"

Regresso ao passado, Convento de Cristo, Tomar


Regresso ao passado.


O comentário de Manuel Poppe, do blogue Sobre o Risco, levou-me a procurar na Biblioteca: Nome de Guerra, um livro que havia lido há uns anos. Sim, na minha biblioteca pessoal não o tenho e é imperdoável.


O seu empenho era misturar-se com a multidão, fazer parte da humanidade. E era o que não sabia fazer. Não bastavam os pensamentos, faltava-lhe a aplicação. Tudo se passava exclusivamente na imaginação.
De repente, o Antunes viu diante de si uma cara horrível, espectral, parada, que não tirava os olhos de cima dele. Era a sua própria cara que estava no espelho. Ele e a sua imagem eram como duas esculturas de pedra voltadas uma para a outra.


José de Almada Negreiros, Nome de Guerra, Lisboa: Assírio & Alvim, 2004, p. 44 (2ª Edição)

04/07/2011

Rainha Santa Isabel sob os céus de Coimbra

Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, Rainha Santa


Na colina de Santa Clara, em Coimbra, no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova jaz a Rainha Santa Isabel.



Leão X beatificou-a através de um Breve em 1516 ( reinado de D. Manuel I). Viria a ser canonizada no pontificado do Papa Urbano VIII, em 1625 (reinado de D. Filipe IV).

Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, morreu a 4 de Julho de 1336.




A Rainha observa a cidade de Coimbra que a comemora no dia 4 de Julho com as festas da cidade.


Báculo e bordão de peregrina, Século XIV (1º quartel) usado na peregrinação a Santigao de Compostela pela Rainha Santa Isabel (MNMC)


« Durante a abertura do túmulo da Rainha Santa, ocorrida em 1612, com o objectivo de proceder à recolha de provas para a sua canonização, repousava junto do seu corpo o báculo e o bordão de peregrina a Santiago de Compostela, oferecido em 1325 pelo arcebispo compostelano. A peça foi colocada, no século XVII, num receptáculo de prata, em forma de balaústre, encontrando-se à guarda da Irmandade da Rainha Santa Isabel».

Museu Machado de Castro, Coimbra

03/07/2011

Brain...

O cérebro é igual a um labirinto foi o que pude constatar no filme: O Castor realizado por Jodie Foster. É um filme humano denso e leve ao mesmo tempo, isto é, flui. A mente humana como descrevê-la?
A música do filme é de Marcelo Zavros e é belíssima.



Ao analisar o filme associei-o de imediato ao livro, O Erro de Descartes, de António Damásio



Os sentimentos e as emoções “são precisamente tão cognitivos como qualquer outra percepção” ,(pag. 17).*



As decisões pessoais e sociais estão repletas de incertezas e têm impacto na sobrevivência de forma directa ou indirecta”. (p. 100)*



*A.R. Damásio. O Erro de Descartes. Mem-Martins. Publicações Europa-América, 2003, pp. 17 e 100.





Marcelo Zavros - Meet Walter Black

02/07/2011

Tentativas...


Quis agarrar uma bola de sabão mas o cenário não era o ideal.

Procurei, procurei a minha bola de sabão e mesmo antes de se esfumar ainda a agarrei.


Não é perfeita a minha bola de sabão...

Tal como os sonhos ela ainda não ganhou as três dimensões...



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