In memoriam :
Art Sullivan (Marc Liénart Van Lidth de Jeude) nasceu em Bruxelas a 22 de Novembro de 1950.
C'est dimanche et je la voie, elle descend son escalier, Et moi seul, abandonné, j'aimerais tant lui parler, Parler la pluie du vent, de ces beaux yeux d'enfant,
Hello, hello, petite demoiselle, Hello, hello, c'est une idée rebelle, Il faudra bien qu'un jour, je te parle d'amour
Hello, hello, petite demoiselle, Hello, hello, j'attends que tu m'apelles, Ne fermes pas ton coeur, a ma grande douleur
C'est dimanche et je la voie, elle descend son escalier, Dans mon coeur désamparé, vibre le besoin d'aimer, D'aimer c'était belle enfant, et ses cheveux d'argent
Hello, hello, petite demoiselle, Hello, hello, c'est…
Da casa de Jorge Amado, Picasso, com um desejo de um final de dia feliz!
Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!
Jorge Amado, Nem a rosa, nem o cravo..., Folha da Manhã, 1945
De Salvador, Rio Vermelho, o bairro de Jorge Amado. Aqui vai a baía que ele via.
O mundo só vai prestar Para nele se viver No dia em que a gente ver Um gato maltês casar Com uma alegre andorinha Saindo os dois a voar O noivo e sua noivinha Dom Gato e Dona Andorinha.
Jorge Amado
(retirado do Pensador) Canção para a Irmã Dulce a irmã dos pobres da Bahia
Se tu és a égua de âmbar eu sou o caminho de sangue Se tu és o primeiro nevão eu sou quem acende a fogueira da madrugada Se tu és a torre da noite eu sou o cravo ardendo em tua fronte Se tu és a maré matutina eu sou o grito do primeiro pássaro Se tu és a cesta de laranjas eu sou o punhal de sol Se tu és o altar de pedra eu sou a mão sacrílega Se tu és a terra deitada eu sou a cana verde Se tu és o salto do vento eu sou o fogo oculto Se tu és a boca da água eu sou a boca do musgo Se tu és o bosque das nuvens eu sou o machado que as corta Se tu és a cidade profunda eu sou a chuva da consagração Se tu és a montanha amarela eu sou os braços vermelhos do líquen Se tu és o sol que se levanta eu sou o caminho de sangue
Octavio Paz, in "Salamandra" Tradução de Luis Pignatelli,
Aqui fica uma tela que me faz lembrar o livro da Maria João.
As memórias como a tela são feéricas, tranquilas e belas.
Recordo o dia em que me "separaram" da minha irmã mais velha. Devia eu ter cinco anos e ela um ano mais. Adoecera com tosse convulsa e, para eu não ser contagiada, o meu pai foi levar-me a casa da tia da minha mãe, a tia Mariquinhas. Maria João Falcão, Os Figos de Setembro e outras Histórias.R. G.Livreiros, 2018, p. 47.
Pierre-Auguste Renoir, As duas Irmãs, ou no Terraço 1881,
Parabéns, Isabel! Desejo que passes um dia muito feliz. William Henry Margetson (1861-1940), The sea hath its pearls, 1897, (O Mar tem as suas pérolas), Art, New Gallery, London
O círculo de caranguejos esculpidos em baixo relevo no quadro desta pintura é parte integrante do seu sucesso como obra de arte.
O tema à beira-mar oferece uma composição excessivamente aberta. A paisagem é de uma costa inglesa, embora, Margetson tivesse na sua cabeça o Mediterrâneo.
O vestido evoca o antigo passado clássico, mas também a Inglaterra vitoriana. Margetson foi influenciado por Leighton e Poynter.
A pérola do título é uma alusão à figura reoresentada.
Rehearsal footage from the Met's new production of Bizet's "The Pearl Fishers", directed by Penny Woolcock and starring Diana Damrau, Matthew Polenzani, and Mariusz Kwiecien.
Considero a eternidade celeste como um estado de abstração. Parece-me que se a compreendemos é através da teoria, não dos sentidos. A linguagem teúrgica pretende explicar-nos o que é, o que vale, e ficamos na mesma. Quer dizer, o nosso senso do relativo não pode abarcá-la. No fundo, repugna-nos. Que fechemos os olhos do entendimento... Pois fechemo-los, e vêem-se as almas a flutuar na eternidade como o verbo sobre o caos antes de ter sido criado o mundo. Quer dizer que não se vê nada. Nem sombras... nem sombras de penas ao vento, sequer. Mas eu quero aceitar a ideia de eternidade como sendo o oceano ilimitado em que passam à deriva, ou mesmo seguindo seus cursos, astros, asteróides, seres e coisas, a ciscalhada toda da criação.
Aquilino Ribeiro, Dom Frei Bertolameu. As três desgraças teologais. Amadora: Bertrand, 1959, p. 168-69
Faz-se luz pelo processo de eliminação de sombras Ora as sombras existem as sombras têm exaustiva vida própria não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela intensamente amantes loucamente amadas e espalham pelo chão braços de luz cinzenta que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz não ilumina realmente os objectos os objectos vivem às escuras numa perpétua aurora surrealista com a qual não podemos contactar senão como amantes de olhos fechados e lâmpadas nos dedos e na boca
Mário Cesariny, in "Pena Capital" (in Citador)
Fernando Pessoa, Quadras ao Gosto Popular. (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973). p. 81.
Faz as malas para Parte Nenhuma! Embarca para a universalidade negativa de tudo Com um grande embandeiramento de navios fingidos Dos navios pequenos, multicolores, da infância! Faz as malas para o Grande Abandono! E não esqueças, entre as escovas e a tesoura, A distância polícroma do que se não pode obter.
Faz as malas definitivamente! Quem és tu aqui, onde existes gregário e inútil — E quanto mais útil mais inútil — E quanto mais verdadeiro mais falso — Quem és tu aqui? quem és tu aqui? quem és tu aqui? Embarca, sem malas mesmo, para ti mesmo diverso! Que te é a terra habitada senão o que não é contigo?
2-5-1933
Álvaro de Campos - Livro de Versos. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. p.221.
A todos agradeço a presença e peço desculpa por não ter respondido cabalmente aos comentários.
A vida obriga-nos, por vezes, a maiores silêncios.
Azulejo da Estação dos Caminhos de Ferro da Cúria, Será o sol ou outra estrela?
Para mim é o sol, o astro maior que nos ilumina!
Manhã dos outros! Ó sol que dás confiança
Manhã dos outros! Ó sol que dás confiança
Só a quem já confia!
É só à dormente, e não à morta, esperança
Que acorda o teu dia.
A quem sonha de dia e sonha de noite, sabendo
Todo o sonho vão,
Mas sonha sempre, só para sentir-se vivendo
E a ter coração.
A esses raias sem o dia que trazes, ou somente
Como alguém que vem
Pela rua, invisível ao nosso olhar consciente,
Por não ser-nos ninguém.
s. d.
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995), p.101.
Gostei deste filme de Julie Gautier
Credits :
Choreographer : Ophélie Longuet
Music : « Rain in your black eyes », Ezio Bosso. (P) Sony Music Entertainment.
Cinematographer : Jacques Ballard
Editor : Jérôme Lozano
Colorist : Arthur Paux @ Spark Seeker
Compositing : Gregory Lafranchi @GoneFX
Sound mix : Nassim El Mounabbih @Dinosaures
Production : Spark Seeker/Les Films Engloutis
Associated Producers : Y-40 The Deep Joy/RVZ
Camera Assistant : Arthur Lauthers
Electrician Romain Mostri
Safety Freedivers : Anne Maury - Fouad Zarrou
Making off : Jimmy Golaz
Camera Rental (Red VistaVision 8K) RVZ
Light&Electric Rental : TSF Cannes
Árvore, cujo pomo, belo e brando Árvore, cujo pomo, belo e brando, natureza de leite e sangue pinta, onde a pureza, de vergonha tinta, está virgíneas faces imitando; nunca da ira e do vento, que arrancando os troncos vão, o teu injúria sinta; nem por malícia de ar te seja extinta a cor, que está teu fruito debuxando. Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo a meu contentamento, e favoreces com teu suave cheiro minha glória, se não te celebrar como mereces, cantando-te, sequer farei contigo doce, nos casos tristes, a memória.