O horror sórdido do que, a sós consigo,
Faz as malas para Parte Nenhuma!
Embarca para a universalidade negativa de tudo
Com um grande embandeiramento de navios fingidos
Dos navios pequenos, multicolores, da infância!
Faz as malas para o Grande Abandono!
E não esqueças, entre as escovas e a tesoura,
A distância polícroma do que se não pode obter.
Faz as malas definitivamente!
Quem és tu aqui, onde existes gregário e inútil —
E quanto mais útil mais inútil —
E quanto mais verdadeiro mais falso —
Quem és tu aqui? quem és tu aqui? quem és tu aqui?
Embarca, sem malas mesmo, para ti mesmo diverso!
Que te é a terra habitada senão o que não é contigo?
2-5-1933
Álvaro de Campos - Livro de Versos. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. p.221.
Álvaro de Campos - Livro de Versos. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. p.221.
Que desassossego...
ResponderEliminar:))) Boa semana!
EliminarTerrivelmente sós...
ResponderEliminarÉ preciso cortar com o passado!
É preciso escolher a tesoura certa, o que nem sempre é fácil, dada a diversidade! Mas no dia em que esse passo é dado, só pode ser a Perfect Day...
Beijinhos, Ana!
Cláudia,
EliminarGostei do seu comentário.
Beijinhos e a perfect day!:))
Tanto objecto de corte, impressiona. Mas gostei da música e do conjunto de vozes e interpretações. Assim nós no mundo, cada um a interpretar como sabe e pode o perfect day que lhe calhou.
ResponderEliminarBea,
EliminarEsta montra provocou-me. Acho interessante que a especialização e a antiguidade se mantenham.:))
A perfect day!:))
"Não esqueças" ou
ResponderEliminarentão esquece-te de vez.
Perfect!!!
Esta edição sacia.
Pode, portanto, a Ana partir
que eu espero-a ao dobrar da esquina
do gume da simetria
que separa os planos.
As vitrinas já não se fazem assim
porém meus olhos perderam-se aí...
Beijo amigo.
Agostinho,
EliminarO que escreveu é lindo e muito agradeço.:))
Beijinho e a perfect day!:))