26/04/2019

Árvore, cujo pomo, belo e brando


Árvore, cujo pomo, belo e brando

Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;

nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extinta
a cor, que está teu fruito debuxando.

Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,

se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.

Luís Vaz de Camões


5 comentários:

  1. Linda fotografia.
    Bom fim de semana!

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  2. Uma bela fotografia, a acompanhar a poesia de Camões (um dia destes está esquecido) e o sempre excelente Yves Montand. Um trio perfeito!
    Bom domingo!

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  3. É uma canção outonal, bonita e algo pungente que Ives Montand interpreta na dolência certa de quem entende a vida, sabendo que o entendimento não é condição necessária de felicidade.
    Obrigada. Camões vive na nossa memória. E talvez termine connosco se não lhe acodem depressa.

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  4. O que eu gosto de Yves Montand e em particular desta balada!
    Beijinhos, boa semana

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  5. Viva!
    Esta publicação desperta-me uma certa nostalgia: o tempo passado e o outro que passou por nós e não esperou, nem espera. A Árvore, essa, permanece imperturbável perante o horizonte que jamais será nosso.

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