30/11/2014

Livros e livreiros... viagem


O livro de Almeida Faria chegou-me através da Livraria Lumière pela mão amiga da Cláudia
Abro as páginas do livro, uma a uma com maravilhamento: ... retorno à Índia. 
Caminho pela margem do Mandovi, Goa apresenta-se vestida com casas portuguesas, brancas e amarelas ou simplesmente brancas com varandas.
A fragrância das flores e as cores das sedas são o que guardo mais na memória.

Perfeita aliança entre o sagrado e o profano, entre razão prática e razão teórica. A Índia passa aliás por ser o país mais religioso do mundo. de acordo com um censo recente, três quartas partes dos indianos são hindus, doze por cento muçulmanos, seis por cento cristãos. Os seis ou sete por cento restantes são animistas, budistas, judeus, siques, jainistas e, em número residual, os masdeístas ou parses, descendentes dos persas e seguidores de Zaratrusta ou Zoroastro (século VII a.C.).

Almeida Faria, O Murmúrio do Mundo. Lisboa: Tinta-da-China, 2012, p. 32.

O livro tem desenhos lindíssimos de Bárbara Assis Pacheco e prefácio de Eduardo Lourenço.

Para a Cláudia: livros e mais livros.:))
Obrigada, no dia dedicado a livreiros.

                                                            Sarah Kieffer daqui


Marina Marcoli;daqui Voltei a colocar a imagem para a Isabel

28/11/2014

Madame Butterfly



Em perfeito diálogo o trecho de Madame Butterfly 
de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa com Lídia Borges [a quem agradeço].

Una ghirlanda                                     criámos uma história
di fiori freschi. Una stella                    de flores
dai raggi d'oro.                                     entre nós e o inverno

E per nulla: sol cento yen.                     e agora à lareira crepitam 
[to the Consul]                                         pólenes  e zunem abelhas     
Se Vostra Grazia mi comanda                 
ce n'ho un assortimento.                         onde é que já se viu?

                                                                 Lídia Borges (Seara de Versos)


26/11/2014

Uma exposição na BNP - Peregrinação

Visitei recentemente a Biblioteca Nacional de Portugal para ver três exposições: 9000 formas da felicidade: as edições Pulcinoelefante; A biblioteca do embaixador. D. García de Silva y Figueroa e Muitas e muito estranhas cousas que viu e ouviu... O primeiro século de edições da Peregrinação (1614-1711). A segunda e última exposições estão a decorrer até 31 de Janeiro de 2015 e a primeira até 24 de Janeiro 2015.

Viajar ou viagens são sempre um sonho. Partir ao encontro de outras culturas é o mesmo que viver o "maravilhamento" que elas constituem.
Ontem numa viagem de Metro senti que há pessoas tão estranhas [Muitas e muito estranhas cousas que viu e ouviu...]. Mas o estranho é relativo pois pode ser aquele que:
a) se diferencia do outro por ser louvável; 
b) ou por ser peculiar;
c) ou as pessoas que dói ver (falta de condições de vida);
d) ou as que têm outra cultura.

Centrei-me na última exposição referida pela mesma focar uma obra muito especial: fala de Muitas e muito estranhas cousas  - A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto.


Ilustram e animam a exposição as doze gravuras abertas a buril, na Holanda, em Amesterdão, entre 1652 e 1671 e gradualmente impressas durante esse período nas edições em neerlandês e em alemão. Através delas, o texto de Fernão Mendes Pinto ganha alma. O leitor consegue ver e acompanhar a narrativa.*



«Muitas e muito estranhas cousas que viu e ouviu... é um dos subtítulos da obra que Fernão Mendes Pinto construiu para nela narrar o muito que de extraordinário viveu e presenciou. 
















A Peregrinaçam se fosse escrita hoje, século XXI, continuaria a ser um livro polémico. Polémico porque nos mostra o descobridor português tal como ele foi: num momento aventureiro, num momento soldado, num momento ladrão, num momento mercante, num momento crente, num momento missionário, num momento embaixador, num momento homem... mas quase sempre diferente e distante daquela figura nobre e exemplar que todos gostaríamos que tivessem sido os descobridores. Fernão Mendes Pinto coloca na boca de Raja Benão, apresentado como um velho conselheiro e interlocutor do rei dos Tártaros, mas que não é mais do que um alter ego, esta apreciação sobre os portugueses: … homens que por indústria e engenho voam por cima das águas todas para adquirirem o que Deus lhes não deu, ou a pobreza neles é tanta, que de todo lhes faz esquecer a sua pátria, ou a vaidade e a cegueira que lhes causa a sua cobiça é tamanha, que por ela negam a Deus e a seus pais (cap. 122). É essencialmente por ser um livro polémico, que descreve a realidade que o Outro não conhece (ou em que não quer acreditar), conseguindo ironizar e criticar, que o seu autor recebe o ápodo de mentiroso! O próprio autor tem consciência dessa probabilidade: … que é muito para se recear contá-lo, ao menos a gente que viu pouco do Mundo: porque esta, como viu pouco, também costuma a dar pouco crédito ao muito que outros viram. (cap. 14). 

Mas não é a biografia de Fernão Mendes Pinto que nos interessa nesta exposição: 1614 nada representa na vida desse escritor que nasce em Montemor-o-Velho, circa 1510, e morre em Almada, no Pragal, a 8 de julho de 1583. O que hoje se evoca são os 400 anos que passam sobre a impressão da sua obra e o impacto, a fortuna, que a mesma teve em todo o Mundo. O que está presente é a aventura de uma obra, na vertente das suas muitas e diferentes edições ocorridas entre 1614 e 1725. O herói da exposição é o livro, enquanto livro.(...) »

*João Alves Dias, BNP


24/11/2014

Na Gulbenkian - História partilhada...

Arte e Sensibilidade
1) Toda a arte se baseia na sensibilidade, e essencialmente na sensibilidade. 
2) A sensibilidade é pessoal e intransmissível. 
3) Para se transmitir a outrem o que sentimos, e é isso que na arte buscamos fazer, temos que decompor a sensação, rejeitando nela o que é puramente pessoal, aproveitando nela o que, sem deixar de ser individual, é todavia susceptível de generalidade, portanto, compreensível, não direi já pela inteligência, mas ao menos pela sensibilidade dos outros.
(...)
Fernando Pessoa numa carta para Miguel Torga, 1930. (citador)


A exposição patente no Museu da Gulbenkian, até 25 de Janeiro de 2015, intitulada: A História Partilhada. Tesouros dos Palácios Reais de Espanha, "testemunha o colecionismo esclarecido praticado pela monarquia e as grandes ações de mecenato que desenvolveu". Link

Acerca da pintura abaixo representada, rica pelos pormenores, agradeço a MR a possibilidade de a conhecer melhor. :))

Joachim Patinir (c. 1480-1524), Paisagem com São Cristóvão e o Menino, c. 1520-1524, Patrimonio Nacional, Real Monasterio de San Lorenzo de El Escorial, Madrid.

Es una obra ambiciosa por la variedad de episodios que muestra y por la amplitud del panorama que ofrece. Es também un quadro inusualmente grande dentro de la producción de Patini, (...) 
Según cuenta Jacobo de la Vorágine, existia em Canaán un hombre de gran tamaño que un día llevó a un niño a la otra orilla de un río "muy peligroso en el que se ahonga muchos de los  que intentan cruzarlo". El gigante le dijo el niño que parecía que havia llevado al mundo entero - Patinir  le muestra en actitud esforzada, casi vencido pelo peso que soporta -, a lo que éste le respondió que había  transportado al Creador. 
Alejandro Vergara, Patinir y la invención del Paisaje. Madrid: Museo Nacional do Prado, 2007, p. 36 e 38.


Aprecie-se a inovadora técnica de luz e sombra dada para reforçar a história da tela. O ombro do carrasco iluminado, centro do acontecimento, a face da vingadora iluminada e a mãe de S. João cujo pormenor das rugas revelam o desgosto e a velhice.  
A descentralização da cena e o vazio criado é notável! [Ideias registadas por ouvir a guia]

22/11/2014

Oito rostos ou o efeito espelho

Oito rostos ou o efeito espelho
Vermeer revisitado

AO ESPELHO

Por que persistes, incessante espelho?
Por que repetes, misterioso irmão,
O menor movimento de minha mão?
Por que na sombra o súbito reflexo?
És o outro eu sobre o qual fala o grego
E desde sempre espreitas. Na brunidura
Da água incerta ou do cristal que dura
Me buscas e é inútil estar cego.
O facto de não te ver e saber-te
Te agrega horror, coisa de magia que ousas
Multiplicar a cifra dessas coisas
Que somos e que abarcam nossa sorte.
Quando eu estiver morto, copiarás outro
e depois outro, e outro, e outro, e outro...

Jorge Luís Borges,  "O ouro dos tigres" in Obras Completas 1952-1972. Lisboa: Teorema, 1998, p. 517.


20/11/2014

À Ribeira encosto a cabeça

Carlos do Carmo galardoado.                                                                        José Malhoa, O Fado, 1910

Ao volante, um tempo de recolha interior, na companhia do rádio, recebi a notícia da boa nova, já esperada, um português homenageado com um grammy e com ele também o fado.

No caminho para casa ouvi as 35 vozes cantar: Lisboa Menina e Moça e a deixa para a levar a todos os cantos do mundo onde houvesse portugueses. 
Assim, dedico-a a uns amigos que, apesar de longe do país, me visitam.
Por ordem alfabética:
Catarina (Canadá); Pedro (Macau) e Sandra (Holanda).

«Lisboa, Menina e Moça, um poema de José Carlos Ary dos Santos, Joaquim Pessoa e Fernando Tordo com música de Paulo de Carvalho, que se tornou um tema emblemático de Lisboa, do Fado e da carreira de Carlos do Carmo».
Iniciativa da Rádio Comercial.

No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar

Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida

18/11/2014

"Junto do mar"


Joseph Mallord William Turner, Storm Clouds, Looking Out to Sea, 1845, 
from the Ambleteuse and Wimereux sketchbook, Watercolour on paper. Tate Gallery

Num marcador de livros que a Bertrand me ofereceu:

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto, Assírio e Alvim, 2014



***
O mar lava a alma e cauteriza as feridas.


16/11/2014

Para um amigo - o melhor entre os melhores. :))

Parabéns João Menéres, um dia muito feliz 
com Henri Cartier-Bresson ! :)) 



© Henri Cartier-Bresson Abbé Pierre - 1994 / Magnum 

Abbe Pierre - 1994 © Henri Cartier-Bresson / Magnum

Fotografia de João Menéres


A vida é como uma valsa,
o João sabe dançar com glória.

15/11/2014

A Biblioteca de Babel

A Biblioteca de Babel                                                            Rembrandt, Titus sentado à secretária, 1655, Museu Boijmans Van Beuningen, de Roterdão,
TitusO universo (a que outros chamam a Biblioteca) compõe-se de um número indefinido, e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no meio, cercados por parapeitos baixíssimos. De qualquer hexágono vêem-se  os pisos inferiores e superiores: interminavelmente. A distribuição das galerias é invariável. Vinte estantes, a cinco longas estantes por lado cobrem todos os lados menos dois; a sua altura, que é a dos pisos, mal excede  a de um bibliotecário normal. Uma das faces livres dá para um estreito saguão, que vai desembocar noutra galeria, idêntica à primeira de todas.  À esquerda e à direita do saguão há dois gabinetes minúsculos. Um permite dormir de pé; o outro satisfazer as necessidades fecais. Por aí passa a escada em espiral, que se afunda e se eleva a perder de vista. No saguão há um espelho, que fielmente duplica as aparências. Os homens costumam inferir desse espelho que a Biblioteca é infinita (se o fosse realmente, para que servira esta duplicação ilusória?); eu prefiro sonhar que as superfícies polidas representam e prometem o infinito... A luz provém de umas frutas esféricas que têm o nome de lâmpadas. Há duas em cada hexágono: transversais. A luz que imitem é insuficiente, incessante.
Tal como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei em busca de um livro, se calhar o catálogo dos catálogos; agora que os meus olhos quase não conseguem decifrar o que escrevo, preparo-me para morrer a poucas léguas do hexágono em que nasci.
(...)

Jorge Luís Borges, "Ficções" in Obras Completas, 1923-1949, Vol. I. Lisboa: Teorema, 1998, p. 483.

Detalhe de Melancolia de Albrecht Dürer (aqui de novo) Imagem daqui

Tal como Titus olho embevecida,
as infinitas estantes contidas
em pequenos hexágonos.
Poliedros?
Vida 
em pequenos hexágonos
poligonais... 
procuro o livro sublime,
o Livro dos livros.

[Em diálogo com Jorge Luís Borges, notas do dia].


13/11/2014

"Debaxo deste grande Firmamento"

Coimbra

Em louvor do robot Philae:

Debaxo deste grande Firmamento, 
Vês o céu de Saturno, Deus antigo; 
Júpiter logo faz o movimento, 
E Marte abaxo, bélico inimigo; 
O claro Olho do céu, no quarto assento,
E Vénus, que os amores traz consigo; 
Mercúrio, de eloquência soberana; 
Com três rostos, debaxo vai Diana.

Os Lusíadas, Canto X, 89


Luis Vaz de Camões

11/11/2014

a terra, a água, o fogo, o ar.

Em dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho. 
 [Em dia de S. Martinho poesia, castanhas e vinho.]
Salamanca

ANVERSO

Dormias. Eu acordo-te.
A manhã imensa oferece-nos a ilusão de um princípio.
Esqueceras-te de Virgílio. Aqui estão os hexâmetros.
Trago-te muitas coisas.
As quatro raízes dos Gregos: a terra, a água, o fogo, o ar.
Um só nome de mulher.
A amizade da lua.
As claras cores do atlas.
O esquecimento, que purifica.
A memória que escolhe e redescobre.
O hábito, que nos ajuda a sentir que somos imortais.
A esfera e as agulhas que dividem o intangível tempo.
A fragrância do sândalo.
As dúvidas a que chamamos, não sem alguma vaidade, metafísica.
A curva do bastão que a tua mão guarda.
O sabor das uvas e do mel.

Jorge Luís Borges, "A Cifra (1981) "in Obras Completas III1975-1985, Lisboa: Editorial Teorema, p.333

Mamma, quel vino è generoso...

07/11/2014

Bach, uma estrela no céu

Azulejo português
Bach começou a improvisar prelúdios brevíssimos, que acabavam logo depois de começar, sendo outra vez repreendido pelo Consistório, se leio estas pequenas acusações e defesas, perdidas entre arquivos, com os meus olhos do século XXI, vejo surgirem dessa página, inteiras, Arnstadt e Lübeck, o Consistório e o organista, os tubos de órgão na igreja e as partituras manuscritas, os gestos irascíveis e as paixões contidas, tudo quanto aconteceu e se perdeu nesses dias do início de 1706, vivo e doloroso outra vez, num livro entre as minhas mãos.
Não se pode ressuscitar o passado, mas pode-se escrever sobre o passado, no presente; e misturar os tempos.
(...)
E vou na rua, com o leitor de mp3 no bolso, auscultadores encaixados nas orelhas. Ouço uma cantata de 1724, BWV 8. Vou, e ouço trezentos anos depois as vozes. Cantam: Liebster Gott, wenn werd ich sterben? 

Esther Meynell, 1925, BWV 8, [Esther Meynell, The Little Chronicle of Magdalena Bach, 1925]

Pedro Eiras, Bach. Lisboa: Assírio e Alvim, 2014,  p. 28 e 29.

Pedro Eiras é professor de Literatura Portguesa na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Estou a gostar bastante do livro.


05/11/2014

"Banqueros" - Henrique Antunes

Recebi  o texto abaixo via e-mail do Henrique, da Travessa do Ferreira, a quem agradeço. Achei graça à pertinência da lei medieval.
Se hoje fosse praticada La Taula de Canvis, os nossos políticos não nos vendiam..., nem nos espoliavam.

La Taula de Canvis apareció durante el reinado de Jaime I El Conquistador (1213-1276). La legislación romana y goda que regían este negocio fue sustituida.

Niccolo di Pietro Gerini, Scenes from the Life of Saint Matthew -
detail (bankers), 1380s,  Church of San Francesco, Prato, Italy, (Late Gothic)



Estos son algunos de los artículos de esta legislación bancaria: El 13 de febrero de 1300 se estableció que cualquier banquero que se declarara en bancarrota sería humillado por todo el pueblo, por un voceador público y forzado a vivir en una estricta dieta de pan y agua hasta que devolviese a sus acreedores la cantidad completa de sus depósitos.
El 16 de mayo de 1301 se decidió que los banqueros estarían obligados a obtener fianzas y garantías de terceras partes para poder operar, y a aquellos que no lo hicieran no se les permitiría extender un mantel sobre sus cuentas de trabajo. El propósito de ello era señalar a todo el mundo que estos banqueros no eran tan solventes como aquellos que usaban manteles, es decir, que estaban respaldados por fianzas. Cualquier banquero que rompiera esta regla (por ejemplo, que operase con un mantel, pero sin fianza) sería declarado culpable de fraude.
Sin embargo, a pesar de todo, los banqueros pronto empezaron a engañar a sus clientes.
Debido a esos engaños, el 14 de Agosto de 1321 se estableció que aquellos banqueros que no cumpliesen inmediatamente sus compromisos, se les declararía en bancarrota, y si no pagasen sus deudas en el plazo de un año, caerían en desgracia pública, lo que sería pregonado por voceros por toda el pueblo. Inmediatamente después, el banquero sería decapitado directamente enfrente de su mostrador, y sus propiedades vendidas localmente para pagar a sus acreedores.
 Existen evidencias documentales de que esto se cumplía.
Por ejemplo, el banquero catalán Francesc Castelló, fue decapitado directamente frente a su mostrador en 1360, en estricto cumplimiento de la ley. 

O Henrique lançou as suas crónicas e aqui está a capa: belíssima, no meu entender.
Parabéns Henrique!



Quanto a banqueiros só nos resta o Lamento

03/11/2014

Vivemos... e afecto para uma amiga.

*Vivemos sem pedir licença...      [respondo] /  Nascemos sem pedir para nascer...
* in,  Os Gatos não têm vertigens, um filme de António Pedro Vasconcelos.

Afecto para uma amiga que interligo com os pensamentos veiculados pelo filme de António Pedro de Vasconcelos visto recentemente. Existem momentos que valem a pena ser vividos.
Há sempre um dia especial em que revemos a nossa vida, hoje é o da Margarida, 
do Memórias e Imagens. Parabéns e um dia  muito feliz! **

Cornelis van Haarlem , A Queda do Homem, detalhe (Adão e Eva), 1592, Rijksmuseum, Amesterdão
(Wikimédia Commons)
[A escolha da imagem está de acordo com a minha ligação ao filme: 
seremos estes dois bichos enternecedores?]

File:Cornelis Cornelisz. van Haarlem - The Fall of Man - Monkey, Cat, Frog, Hedgehog (detail),.jpg

Uma história improvável..., mas não impossível, e como tal bela. 


Aconselho a ver o filme.


CLANDESTINOS DO AMOR

Vivemos sempre sem pedir licença
cantávamos cantigas proibidas
Vencemos os apelos da descrença
que não deixaram mágoas nem feridas

Clandestinos do Amor, sábios e loucos
vivemos de promessas ao luar
Das noites que souberam sempre a pouco
sem saber o que havia para jantar

Mas enquanto olhares para mim eu sou eterna
estou viva enquanto ouvir a tua voz
Contigo não há frio nem inverno
e a música que ouvimos vem de nós

Vivemos sem saber o que era o perigo
de beijos e de cravos encarnados
Do calor do vinho e dos amigos
daquilo que para os outros é pecado

Tu sabias que eu vinha ter contigo
pegaste-me na mão para dançar
Como se acordasse um sonho antigo
nem a morte nos pode separar

Nós somos um instante no infinito
fragmento à deriva no Universo
O que somos não é para ser dito
o que sente não cabe num só verso

Enquanto olhares para mim eu sou eterna
estou viva enquanto ouvir a tua voz
Contigo não há frio nem inverno
e a música que ouvimos vem de nós.

Ana Moura
**Para a Margarida com o desejo de um dia muito feliz!
Uma flor, duas, três,
múltiplas...
caídas no regaço:
o cravo, a rosa e a túlipa,
a libélula e a borboleta,
cantam a uma só voz:
- Que este dia seja renovação plena!

Ambrosius Bosschaert (1573–1621),Still-Life of Flowers (1614) Wikipédia


01/11/2014

Little Bird


DESPERTAR

É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa, 
canto na ave, água no mar.

Eugénio de Andrade, in Até Amanhã (Banco poesia Casa Fernando Pessoa)

***
Mark Mancine - August's Rapsody do filme August Rush.

A música como elo de ligação: 
A música está à nossa volta, é só ouvi-la. 

Um filme de Kirsten Sheridan com Robin Williams e com o notável papel de Freddie Highmore

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