31/03/2012
Pedro I
30/03/2012
"Toldam-se os ares, murcham-se as flores"
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.
Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.
Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da Terra,
Porque a perdeu.
Contra a cruenta
Raiva íerina,
Face divina
Não lhe valeu.
Tem roto o seio
Tesoiro oculto,
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
De dor e espanto
No carro de oiro
O Númen loiro
Desfaleceu.
Aves sinistras
Aqui piaram
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.»
Bocage
*Retirado daqui.
28/03/2012
Pessoanas III - numa simples caixa de areia: "Louco"
27/03/2012
A folha torna-se flor e a flor morre...
Julgo que vi esta tela em primeira mão no blogue Memórias e Imagens de Margarida Elias.
A folha quando ama,
torna-se flor.
A flor torna-se fruto
quando adora.
Tagore, Aforismos, in
O Coração da Primavera, Braga: Editorial A. O.,1984, (trad.Manuel Simões), p. 105.
A Primavera é fecunda na Natureza e na escrita. Tagore fala na Primavera tecendo a poesia, misturando as palavras, juntando as letras, percepcionando o amor fugaz ou o amor eterno. Dizem que o amor é perfumado como as flores, a capa deste livro sugere-nos o cheiro do amor.
Da Livraria Lumière, um título a reter.
A Primavera e a morte um tema aparentemente inconciliável. Ontem vi o filme de Javier Fesser, Camino, uma película de 2008 que arrecadou seis prémios Goya no festival de San Sebastian.
A história baseia-se em factos reais: a morte de uma menina de 14 anos, Camino (Alexia González Barros em processo de canonização) com um cancro, cuja família estava ligada à Opus Dei.
O filme coloca imensas questões:
- Quem comanda o destino?
- Como é que alguém pode mudar o rumo dos acontecimentos levando a vida a passar ao lado do traço inicial?
- Como pode Deus deixar morrer quem não teve tempo de viver?
- Como aceitar uma morte antecipada?
- Porquê tanto infortúnio debaixo do mesmo tecto?
- O que é a religiosidade (fanatismo) e qual o contraste com o poder religioso?
O tema forte do filme é a realidade e o que se fabrica a partir dela. No final apareceu-me, teimosa, una furtiva lagrima. Faltou a Camino o trevo de Tagore.
25/03/2012
Tabucchi morreu na Primavera!
A palavra, a nossa língua, é verdadeiramente a nossa pátria, dentro da qual nós vivemos, vivemos dentro desta linguagem, desta língua que é o nosso italiano, e se este invólucro que é a mesma coisa que placenta se rompesse não saberiamos mais nada....
Antonio Tabucchi (tradução livre)
Retirado daqui - http://youtu.be/G6UnhMu5z24
Em memória do homem que estudou e traduziu Fernando Pessoa.
Lacrimosa, Requiem de Mozart
Extinção II - Armanda Passos
A tela que mais me fascinou mas que não fotografei porque à sua frente estavam várias pessoas é Leopardo que para mim designo de a Máscara.
Armanda Passos, Leopardo (catálogo)
*Igualmente agradeço a Abreu de Sousa que desfez o meu engano. Post alterado às 18:43 h de dia 26 de Março.
23/03/2012
Luz e volume
O volume (V) é igual ao comprimento (T) vezes a largura (L) e vezes a altura (A).
Fernando Botero impõe o volume como apanágio da arte.
Será a escultura bela?
Para mim só o é se aproximar a lente focando a peça sem a ideia do todo.
O jogo de luz e sombra tornou a peça diferente.
O rosto expectante da mãe desafia o espaço.
Sentada com o filho no regaço o que procura no horizonte?
As linhas e as formas envolvem a criança de uma forma subtil aparentando ausência.
Mas é ilusão...
Uma mãe e um filho são o apontamento breve no Jardim de Amália, Lisboa.
Não conheço a música Colombiana mas lembro-me que os meus pais a ouviam. A escolha deve-se ao pintor Fernando Botero que é Colombiano.
O que estou a ouvir no Mezzo
21/03/2012
Fantasia para un Gentilhombre
de todas as outras
a constante aspiração
ao superior, a luta consigo
próprio, o insaciável
desejo de mais pureza,
sabedoria, bondade e amor
Goethe [pensamento encontrado numa livraria]
17/03/2012
“vietato morire" ou "Tudo tem o seu tempo"?
Só a graciosidade italiana podia criar assim uma lei bellissima! Contraria o livro sapiental e poético do Antigo Testamento: Eclesiastes. Ah... como amo os italianos!
tempo para plantar e tempo para arrancar o plantio,
tempo para matar e tempo para curar,
tempo para destruir e tempo para edificar,
tempo para chorar e tempo para rir,
tempo para se lamentar e tempo para dançar;
tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar,
tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço,
tempo para procurar e tempo para perder,
tempo para guardar e tempo para atirar fora,
tempo para rasgar e tempo para coser,
tempo para calar e tempo para falar,
tempo para amar e tempo para odiar,
tempo para guerra e tempo para paz.
16/03/2012
Sombras esculpidas
Brocados, rubis, linho, rendas jazem no chão.
A nudez branca sem nome agita-se numa dança carnal.
Dizem que é o rei,
mas as sombras esculpidas desenham apenas
um homem e uma mulher.
Auguste Rodin, Études de mouvements de danse semblent dater de 1910, Musée Rodin, Paris.
in Robert Descharnes et Jean-François Chabrun, Auguste Rodin (Lausanne, La Bibliothèque des Arts de Paris), Genéve, 1967.Auguste Rodin, p. 251.
Obrigada Cláudia, da Livraria Lumière, por me arranjar o belíssimo livro deste grande escultor.
14/03/2012
De regresso a Virgínia Woolf
Virgínia Woolf oferece-nos:
- Interrogações que são intemporais;
- A natureza humana em todas as acepções da palavra;
- A descrição pormenorizada do ambiente que cria;
- A beleza do silêncio e do ruído das personagens.
Em suma, lança-nos na angústia de mergulharmos ao mais íntimo de nós.
Virgínia Woolf foi uma proeminente figura do modernismo londrino. Nasceu ainda, durante o período vitoriano, em Londres a 25 de Janeiro de 1882.
Como aquariana, seguindo o livrinho que
uma amiga me ofereceu, podemos considerar a escritora: inteligente, com gosto pela inovação e pautando-se por um pensamento progressista.
12/03/2012
O Mergulho
Intitulei este trabalho:
O mergulho
por vezes num vazio total de
tristeza,
desânimo
e solidão.
Apesar de caótico gostei deste desenho.
De um magnífico livro que li há uns tempos e retirado do blogue Sobre o Risco:
“O que é o homem senão uma alminha que suporta um cadáver?”
Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão, daqui
11/03/2012
Geometrismos antes da Primavera e Prémio
Não me canso de a comparar com os estudos do mestre Leonardo da Vinci. Os choupos (álamos) têm a beleza de obedecer a uma ordem, isto é, não conhecem o caos!
* p. 160 e 161
Os contornos da ramagem das árvores, quando têm por fundo o céu iluminado, apresentam uma forma que, em termos proporcionais, quanto mais distantes estão, mais se aproxima do esférico; e quanto mais perto estão, menos se assemelham à forma estética, como sucede na primeira árvore, a qual, por estar perto do observador, exibe as formas da sua ramaria.
*Leonardo da Vinci, Os Apontamentos de Leonardo (org. H. Hanna Suh), Lisboa: Centralivros Lda., 2007, p. 160-161.
Dedico o selo, que está do lado direito desta janela, aos seguintes blogues, por ordem alfabética:
http://aarteemportugal.blogspot.com/
http://carlotapiresdacosta.blogspot.com/
http://chezgeorgesand.blogspot.com/
http://cozinhadosvurdons.blogspot.com/
http://aduplavidadev.blogspot.com/
http://falcaodejade.blogspot.com/
http://grifoplanante.blogspot.com/
http://ac-wwwinterioridade.blogspot.com/
http://livrarialumiere.blogspot.com/
http://mararavel.blogspot.com/
http://memoriasimagens.blogspot.com/
http://myra-parole.blogspot.com/
http://palavrasdaquiedali.blogspot.com/
http://presepiocomvistaparaocanal.blogspot.com/
http://sobreorisco.blogspot.com/
Para todos os que aqui não cabem também ofereço e estou grata pela visita!:)))
O prémio possui três regras:1 - Se aceitar, exibir a imagem.2 - Linkar o blogue do qual recebeu o prémio3 - Escolher 15 blogues para entregar o prémio Dardos.
10/03/2012
Do rosto ou das sombras, a beleza!
Porque pintas rostos?
Máscaras
virtuais ou reais?
Porque pintas rostos
se não estás retratada?
Porque pintas nas paredes nuas as impressões
tristes das tuas memórias gastas?
08/03/2012
De mulheres para a mulher
CATARINA EUFÉMIA
O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente
Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método obíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos
Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro
Porque eras a mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste
E a busca da justiça continua
Sophia de Mello Breyner Anderson, Dual, Lisboa: Salamandra, 1986
Vestiu-se para um baile que não há.
Sentou-se com suas últimas jóias.
E olha para o lado, imóvel.
Está vendo os salões que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.
Se alguém lhe disser que sonha,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.
Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
e esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas.
Cecília Meireles, in Poemas (1942-1959)
Maria das Quimeras
Maria das Quimeras me chamou
Alguém. Pelos castelos que eu ergui
P'las flores d'oiro e azul que a sol teci
Numa tela de sonho que estalou.
Maria das Quimeras me ficou;
Com elas na minh'alma adormeci.
Mas, quando despertei, nem uma vi
Que da minh'alma, Alguém, tudo levou!
Maria das Quimeras, que fim deste
Às flores d'oiro e azul que a sol bordaste,
Aos sonhos tresloucados que fizeste?
Pelo mundo, na vida, o que é que esperas?...
Aonde estão os beijos que sonhaste,
Maria das Quimeras, sem quimeras?...
Florbela Espanca, Livro de Sóror Saudade, Lisboa: Tipografia A Americana, 1923.
Um filme delicioso: 8 Mulheres de François Ozon, 2002
06/03/2012
"Nossos corpos agora estão feridos"
"Trovas do Tempo que Passa"-letra de Manuel Alegre
"Fado" - letra de Manuel Alegre
04/03/2012
National Geographic - será a "princesa" de Leonardo da Vinci?
O coleccionador punha como hipótese o retrato datar do Renascimento. Enviou uma cópia digitalizada a Martin Kemp, um especialista de Da Vinci, professor jubilado de História de Arte da Universidade de Oxford.
Fizeram-se exames multiespectrais de alta resolução por Pascal Cotte, da empresa Lumière Technology, de Paris. O especialista não afasta a hipótese de ser realmente um desenho de Leonardo da Vinci. Tudo no retrato o levava a tal conclusão: o toucado, as cores e o sombreado. O velino foi datado através de radiocarbono, sendo a sua origem estabelecida entre 1440 e 1650.
O modelo do vestuário pertencia à corte milanesa da década de 1490. Da Vinci viveu em Milão durante este período. A investigação de Martin Kemp conduziu-o ao nome de Bianca Sforza, filha ilegítima do duque de Milão, que se casou em 1496 com Galeazzo Sanseverino, comandante das tropas milanesas e patrono de Da Vinci. Bianca tinha 13 ou 14 anos quando foi retratada.
Martin Kemp apelidou o desenho de "La Bella Principessa". Alguns especialistas de Leonardo concordam com Martin outros mostram-se mais cépticos. Fizeram-se comparações com os três retratos: Cecília Gallerani, a Dama com Arminho, Mona Lisa e Ginevra de' Benci produzidos pelo pintor, como se pode ver na imagem, mas nada é conclusivo.
Edward Wright professor jubilado de História de Arte na Universidade do Sul da Florida, especialista em iconografia apresentou a hipótese de que a resposta estaria na Biblioteca Nacional de Varsóvia, no interior do livro Sforziad, um volume de luxo, comemorativo do casamento de Bianca Sforza.
Uma bolsa da National Geographic Society levou Kemp e Pascal até Varsóvia. O último, através de uma macrografia, revelou que um fólio fora retirado do livro mencionado, provavelmente, no século XVII ou XVIII quando este foi reencardenado. O livro terá ido para a Polónia no início do século XVI, quando um membro da família Sforza se casou com um representante da realeza polaca.
Será o desenho de Bianca de Leonardo da Vinci?
Nada ficou provado, a dúvida mantém-se até novas conclusões.
Os elementos apresentados basearam-se na leitura do artigo Leonardo da Vinci: "La Bella Principessa" da Revista National Geographic Portugal, Março de 2012, vol. 11, nº 132., p.2 a 8.
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