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12/06/2016

Expressões na pedra

LORELEI

No amor o que se quer é parar o amor. No momento em que mais se ama ou quando não se pode ser amado. “Quero parar aqui”. O tempo mata. O corpo quando se move já está a morrer. A fugir. A passar para outro corpo. “Quero parar-te agora, assim”. O tempo é um movimento dentro das coisas. 
[Introdução.] 

Miguel Esteves Cardoso (texto), Gérard Castello Lopes (fotografia) – “As Lorelei de João Cutileiro”. Porto: Editora, Porto, 1989.
Esculturas de João Cutileiro *


Vê-se na água escura de
onde vem. Vê-se feliz, de
corpo inteiro, em todas as
posições, com todas as
idades, menina mais uma
vez, sorrindo na água-mãe. 

[s/n p.]



O coração não chega para 
o que sente. Desfaz-se 
em lágrimas e parecem-lhe
poucas. O corpo inteiro
é uma lembrança de um
outro que já teve.  

[s/n p.]







Perto dos olhos pára uma
parecença de verdade.
Ninguém tem os olhos
errados.
Olhos de amor são olhos
de quem tem medo de 
morrer. Olhos parados.

[s/n p.]






*As fotografias são minhas, do livro, e não fazem justiça às fotografias de Gérard Castello Lopes.


23/06/2013

Viagens...

Hieronymus Bosch, detalhe de O Jardim das Delícias,(1480-1505) painel central, Museu do Prado
(Wikipedia)*
File:Hieronymus Bosch - The Garden of Earthly Delights - Prado in Google Earth-x2-y1.jpg


Formou Deus o homem, e pôs num paraíso de delícias; tornou a formá-lo a sociedade, e o pôs num inferno de tolices.
O homem - não o homem que Deus fez, mas o homem que a sociedade tem contrafeito, apertando e forçando, em seus moldes de ferro, aquela pasta de limo que no paraíso terreal se afeiçoara  à imagem da divindade-, o homem, assim, aleijado como nós o conhecemos, é o animal mais absurdo, mais disparatado e incongruente que habita na Terra.

Almeida Garret, Viagens na Minha Terra. Circulo de Leitores, 1987, p. 123.

Detalhe do volante direito do Jardim das Delícias*
File:Hieronymus Bosch - The Garden of Earthly Delights - Prado in Google Earth-x4-y1.jpg

No blogue de Lídia Borges, Searas de Versos, li um trecho do livro de Saramago, A Viagem a Portugal.  A leitura levou-me a procurar o livro na Biblioteca Municipal. 
Eis que ao folheá-lo, na primeira página que antecede o índice, li a dedicatória:
A quem me abriu as portas e mostrou caminhos
- e também em lembrança de Almeida Garret,
mestre de viajantes.

Estando na biblioteca, logo procurei o livro de Garret que li há alguns anos. Numa leitura transversal deparei-me com o trecho que transcrevi. Olhei para o horizonte, para todos os que se deixam corromper quer na política, quer numa outra atividade, e faça-se jus a Garret que magistralmente descreve a natureza humana.
Não pude deixar de sorrir, ao olhar para trás, e aperceber-me que não dei a importância que as Viagens na Minha Terra merecem. O brilhantismo académico, o humanismo e a eloquência são apanágio do grande escritor.

Quanto a Saramago, a sua Viagem a Portugal prende a nossa atenção. Pegamos na mochila, na máquina fotográfica e cada momento retratado na escrita transforma-se em realidade. Não supera Garret, nem é essa a intenção, a singularidade de cada escritor marca a sua genialidade.

Pátio das Escolas, Universidade de Coimbra

Fotografia retirada da Wikipedia
File:Universitat de Coïmbra - Sala d'actes.JPG

Enfim, esta é a Universidade de Coimbra, donde muito terá vindo de Portugal, mas onde algum mal se preparou. O viajante não vai entrar, focará sem saber que jeito tem a Sala dos Actos Grandes e como é por dentro a Capela de São Miguel. O viajante às vezes é tímido. Vê-se ali, no Pátio das Escolas, rodeado de ciência por todos os lados, e não ousou ir bater às portas, pedir esmola de um silogismo ou um livre-transito para os Gerais. Junte-se  a esta cobardia a convicção profunda eem que está o viajante de que a universidade não é Coimbra, e perceber-se-á por que a este Pátio das Escolas se limita a dar a volta, sem gosto pelas estátuas da Justiça e  daFortaleza que o Laprade armou na Via Latina, mas de gosto rendido diante do portal manuelino da Capela de São Miguel, e tendo entrado pela Porta Férrea por ela tornou a sair.

José Saramago, Viagem a Portugal. Lisboa: Caminho, 1995 (11ª edição), p. 137.

A Universidade de Coimbra foi consagrada pela UNESCO Património Mundial [para nossa alegria].

06/03/2012

"Nossos corpos agora estão feridos"

Uma tarde com Manuel Alegre, o poeta, o político mas acima de tudo o homem que é.

As palavras que se focaram: liberdade de expressão, democracia e justiça social. Em suma, encontrámos humanidade. Apesar do poema falar de amor hoje o verso que serviu de título podia ser fruto da realidade que vivemos.

Manuel Alegre

Leitura de um poema sobre o mar e o povo português.


Desenhos de João Cutileiro

(p. 7 do livro indicado)


"Trovas do Tempo que Passa"-letra de Manuel Alegre
"Fado" - letra de Manuel Alegre

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