30/10/2012

Paradoxo









«Onde não há paradoxo não há vida»
Shahar

in  Jerusalém Ida e Volta, de Saul Bellow. Lisboa:
Edições tinta-da-china, 2011, (tradução de Raquel Moura), p. 32.








28/10/2012

A Flor do Caminho

Apesar de frágil a flor desta história é eterna. 
Todos gostaríamos de encontrar a nossa flor.
Sim. Porque todos temos uma flor, umas vezes mais escondida, outra anunciada e atrevida 
e ainda outra resguardada do Sol para não perecer com a sua luz.

Para uma amiga.:)

A fotografia é do livro: Platero e Eu, de Juan Ramón Jimenez, edição dos Livros do Brasil, sem data, p. 22 e 23. Desenhos de Bernardo Marques e tradução de José Bento.

O livro veio via Livraria Lumière pela mão da Cláudia. Obrigada por mo ter feito chegar.:)


Cortesia do youtube: Amos Lee - Flower. Dirigido por kneeon (P) (C) 2011 Blue Note Records.

26/10/2012

"Quand la porte est ouverte"

Toledo, Espanha
Quand la porte est ouverte 

Quand la porte est ouverte
Pour que tu puisse rentrer
Voire tes yeux dans le vert
Ne reste pas en retrait

Avance et puis espère
L'inconnu sans mystère
Peut-être prospère
Ce n'est pas une chimère

Quand ton esprit ouvert
Regarde ton avenir
Tes sens sont à l'envers
Ton bonheur à venir

Tend cette main pour vivre
L'inattendu prospère
Tu ressens bien la fibre
Du charme qui opère

Quand la porte est ouverte
Il faut bien la franchir
Pour prendre cette main offerte
Et puis un jour s'affranchir

Découvre ce nouveau lieu
L'espace que tu partage
Le coeur bien au miieu
Des yeux qui n'ont plus d'âge

Tu apporte une lumière
En rentrant par la porte
Qui éblouie à ta manière
Cet espace qui m'emporte

Quand la porte est ouverte
Il faut savoir un jour
Ouvrir toutes les fenêtres
Pour laisser rentrer l'amour

Tu feras bien de tes rêves
Une histoire pour ta vie
Quand tu feras une trève
Laisse aller tes envies

L'espace que tu occupe
Est suffisant pour deux
Pour voir à quatre yeux
Ton avenir qui se décuple

Quand la porte est ouverte
Ne plus la refermer
Dans tes pensées offertes
Pour un tendre baiser

Michel PRIVAT" ©
Copyright Septembre 2012

24/10/2012

"(grande ternura redonda)"


Odilon Redon, Esqueleto Chifrudo


As árvores sussurram-nos na primavera com a sua fragrância;
no verão com a sua sombra;
no outono com o choro das folhas que caem
e no inverno quando se vestem de branco-festa.

Este foi o meu pensamento ao ler o poema de Juan Ramón Jimenez:

 ÁRVORES HOMENS

Juan Ramón Jimenez, Antologia Poética. Lisboa: Relógio D'Água, 1998, (tradução José Bento) pp. 158-159.

Boa noite a todos!

21/10/2012

"Não voltes a tocar-lhe, pois assim é a rosa!"

Não há nada melhor que a fragrância das rosas!
De Scott Evans, Arranging Pink Roses, 1847

O POEMA

1
Não voltes a tocar-lhe,
pois assim é a rosa!

2
pela raiz arranco o arbusto
cheio ainda do orvalho da alvorada.

Oh que jorro de terra
olorosa e molhada,
que chuva - que cegueira! - de astros
em minha fronte, em meus olhos!

3
Canção minha,
canta, antes de cantar;
dá a quem te olhar antes de ler-te,
tua emoção e tua graça;
evola-te de ti, fresca e fragrante!


Juan Jamón Jimenez, Antologia Poética. Lisboa: Relógio D' Água,1992,  (tradução de José Bento), pp. 97-98.




19/10/2012

"A morte saiu à rua". Homenagem a Manuel António Pina

Perplexa e em estado choque, confesso, foi como recebi a notícia da morte de Manuel António Pina.
Uma morte que saiu à rua  precocemente.

A minha homenagem:

Luz

Talvez que noutro mundo, noutro livro,
tu não tenhas morrido
e talvez nesse livro não escrito
nem tu nem eu tenhamos existido

e tenham sido outros dois aqueles
que a morte separou e um deles
escreva agora isto como se
acordasse de um sonho que

um outro sonhasse (talvez eu),
e talvez então tu, eu, esta impressão
de estranhidão, de que tudo perdeu
de súbito existência e dimensão,

e peso, e se ausentou,
seja um sonho suspenso que sonhou
alguém que despertou e paira agora
como uma luz algures do lado de fora.

Manuel António Pina, Livros. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003, p. 32.

18/10/2012

"Morria-se aos poucos"

Vivemos tempos de verdadeiro atentado contra a dignidade humana. 

Solidão, fome e a ternura dos amigos, Paris


(...) morria-se aos poucos, sem comer, sem respirar, sem liberdade, sem poder sonhar. 

 Jean-Marie Gustave Le Clézio, A Música da Fome, Dom Quixote, 2009,   (trad. de Isabel St. Aubyn), p. 147.

16/10/2012

Para a Maria João

Para a minha amiga Maria João, do Falcão de Jade, desejo um dia muito feliz.
Parabéns! :)

A inteligência, a generosidade e a alegria com que nos acolhe e pontua a sua vida levou-me a focar as Três Graças de Lucas Cranach, o Velho, que também são do seu agrado.

Lucas Cranach, o Velho, As Três Graças, 1535
Nelson-Atkins Museum of Art, Kansas City, Missouri, USA.


Aglaia [segundo Hesíodo «Esplendorosa»*] simboliza o esplendor, a glória, a inteligência e o poder criativo.
Eufrosine [«Alegre»*] prefigura o prazer (alegria) e a beleza.
Tália, [«Florida»*] representa a comédia e a poesia bucólica (pastoral).

As três Graças eram filhas de Zeus e Hera (ou Eurínome). Os seus encantos eram oferecidos a deuses e  a mortais e consistiam, segundo o arquétipo referido, na alegria, na eloquência, na generosidade e na sabedoria que a minha amiga Maria João possui.
As deusas são representadas a viver no Olimpo e prestam assistência a Vénus (deusa do amor) e a seu filho, Cúpido. Não desempenham um papel central em qualquer dos mitos, mas estão presentes em algumas pinturas, nomeadamente, em cerimónias de casamento e em outras festividades. Neste sentido eram vistas como acompanhantes de Apolo no seu papel de patrono das Artes.
Aparecem referenciadas nas obras dos poetas clássicos: Homero, Ilíada XIV, 263-276; Hesíodo, Teogonia 64-65, 907-911 e Séneca, Sobre os Benefícios I,3.2.

Dados recolhidos no Guia do Apreciador de Pintura, de Marcus Lodwick, Lisboa: Editorial Estampa, 2003, (tradução Marisa Costa) p. 55 e na Wikipédia inglesa.


Eufrosine




Tália

Bucólica

A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;

De casas de moradia
Caiadas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais; De poeira;

De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz a trança à filha.

Miguel Torga, Diário I. Lisboa: D. Quixote, p. 30. (5 ª edição conjunta)

Aglaia



Gatinhos romanos para a acompanharem na viagem a Roma. 
Postal adquirido naquela cidade

14/10/2012

Canção de Outono


Odilon Redon, Silêncio, 1900,
The Museum of Modern Art, Nova Iorque



38
Canção de Outono

Por um caminho de ouro vão os melros... Aonde?
Por um caminho de ouro vão as rosas... Aonde?
Por u caminho de ouro vou eu... Aonde,
Outono? Aonde, pássaros e flores?


Juan Ramón Jimenez, Antologia Poética. Lisboa: Relógio D'Água, 1992, (tradução e notas de José Bento), p.62.




Obrigada João Menéres pela beleza e por me ter recordado Roma onde ouvi muitas vezes Ave Maria. Interpretação de Kimi Skota

12/10/2012

Chocolate

Pastelaria de Budapeste.
O pecado

Há uns tempos confundi o filme Chocolate (realizado por Lasse Hallström) com A Fantástica Fábrica de Chocolate (realizado por Tim Burton). Tive a oportunidade de rever "Chocolate" e lembrei-me bem da diferença.
Os dois filmes têm em comum:
- O protagonista Johnny Depp, um ator que muito aprecio pela personalidade que incute aos personagens;
- O chocolate, daí a confusão ser legítima. 
Todavia,  do segundo filme citado não guardo especial memória mas do primeiro, guardo: a tolerância, o respeito pela diferença, o vento do Norte que tiveram o condão de me encantar.
Porque adoro chocolate, principalmente, o negro, registo uma viagem ao mundo dos chocolates.



Audrey Hupburn uma das minhas atrizes favoritas afirmou:


Let's face it, a nice creamy chocolate cake does a lot for a lot of people; it does for me. 
(Imagem daqui)

Juliette Binoche no filme

O narrador do filme Chocolate inicia assim a história:

Once upon a time, there was a quiet little village in the French countryside, whose people believed in Tranquilité - Tranquility. If you lived in this village, you understood what was expected of you. You knew your place in the scheme of things. And if you happened to forget, someone would help remind you. In this village, if you saw something you weren't supposed to see, you learned to look the other way. If perchance your hopes had been disappointed, you learned never to ask for more. So through good times and bad, famine and feast, the villagers held fast to their traditions. til, one winter day, a sly wind blew in from theNorth...
Retirei daqui

Quando nos sentimos no deserto o chocolate é terapia!:))



Depois do chocolate vem sempre a culpa...

Detalhe da mesa dos Sete Pecados Capiatais, A Gula, de Hieronymus Bosch, Museu do Prado, Madrid.
A imagem foi retirada do site do museu e o detalhe feito por mim.

10/10/2012

todas as galáxias

Labora
«O teu olhar sustenta o céu imenso

Andas pela casa com passos leves,
pousas as mãos no colo, sorris. E eu
acredito que o mundo te acompanha.
Como eco do que fazes, formam-se
nuvens sobre o mar e cantam pássaros
em países distantes. Sei que é assim.
O teu olhar sustenta o céu imenso,
a luz dos astros, todas as galáxias.»

José Mário Silva

José Mário Silva in A Alma não é pequena, 100 poemas portugueses para SMS. Vila Nova Famalicão: Centro Atlântico, 2009, p. 123.

 Verdi, La Traviata, prelúdio. Homenagem a Verdi que faria hoje anos.

08/10/2012

Duas histórias: uma ficcional outra real

Imagem e citação do livro 
de Marcello Simoni, O Mercador de Livros Malditos. Lisboa:  Clube do Autor, 2012, p. 217.
Estou a terminar a leitura de um livro de mistério e ficção que me está a aliciar sobremaneira. Foca a viagem à procura de um livro de sabedoria divina, na Idade Média: Uter Ventorum, uma cópia de manuscritos persas,  um livro que traz imensos problemas, perseguição e morte.
O protagonista é o mercador Ignazio de Toledo, o enigma para encontrar o livro é o palco da história. 
O livro nas mãos erradas pode ser malicioso, nas mãos certas revela o poder dos anjos.
Sobre o escritor:



Não sei porque relacionei o livro com umas amigas mas aconteceu, talvez pela interpelação delas. Quiçá a chave esteja na sua luta? 
A sua luta resume-se a mover montanhas para encontrar um mundo melhor onde a sabedoria elimina a intolerância e a diferença.
As amigas a que me refiro têm o condão de juntar pessoas na sua Cozinha (dos Vurdóns). Para elas deixo uma informação que tive ao ler o Jornal de Letras, um conto de Sophia de Mello Breyner Andresen.













Não conheço o conto mas a partir do JL  (onde tomei conhecimento)
dedico às minhas Amigas Vurdóns.

06/10/2012

Para a Cláudia!

Para a minha amiga da Livraria Lumière desejo um dia muito feliz. 
Parabéns Cláudia!:)

O girassol está ligado ao símbolo solar por causa da sua configuração. 
Segundo a mitologia grega a jovem Clytia apaixonou-se por Apolo, deus do sol. O seu amor manifestava-se na observação persistente que cruzava o céu à procura do astro-rei. Após nove dias de expectação foi transformada num girassol. 
A semelhança com o sol liga a flor à glória, felicidade, respeito e dignidade. O seu brilho radiante provoca deslumbramento. 

(Dados retirados do Dicionário de Simbologia das Flores).

Vincent Van Gogh, detalhe de uma das telas: "doze girassóis numa jarra", 1889, 
Museu de Arte de Filadélfia



Um girassol do meu vaso de girassóis



05/10/2012

Escadas ou dos dias que correm...

Casa dos Bicos, Fundação Saramago, Lisboa


No último feriado da Implantação da República:

FALA DO VELHO DO RESTELO AO ASTRONAUTA

Aqui, na Terra, a fome continua, 
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

José Saramago, Poemas Possíveis. Lisboa: Caminho, 1998.
O poema todo aqui.


03/10/2012

"los nardos y las rosas"

"Rosas" marítimas, pelo menos como as vejo.

Duermen en mi jardín 
los nardos y las rosas 
las blancas azucenas y mi alma, 
muy triste y persarosa a las flores 
quieren ocultar, su amargo dolor. 

No quiero que las flores sepan, 
los tormentos que me da la vida 
si supiera lo que estoy sufriendo, 
por mis penas, llorarían, también. 

Silencio, que están durmiendo 
los nardos y las azucenas 
no quiero que sepan mi penas, 
porque si me ven llorando, morirán. 

 Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo - Silencio
Com agradecimento a Gilson que me lembrou esta dupla um pouco esquecida.

01/10/2012

Caravaggio, uma retrospetiva

DESPERTAR

É um pássaro, é uma rosa, 
é o mar que me acorda? 
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor. 
Acordar é ser rosa na rosa, 
canto na ave, água no mar

Eugénio de Andrade, Poemas (1945-1965). Lisboa: Portugália, 1966, p. 171




E para louvar o dia da música, Elbow uma banda britânica de rock alternativo.

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