30/10/2011

Portishead - Roads

Intermitências:
Na "estrada", pelo caminho talvez o sol se faça sentir ao som da verdade.


Portishead, Roads

29/10/2011

A biblioteca

Maria Helena Vieira da Silva, Biblioteca em fogo, 1974,

Centro Arte Moderna Fundação Calouste Gulbenkian


Comecei a ler bibliotecas cheias de fantasmas de Jacques Bonnet. É um livro que prende, foca a importância dos livros, de os arrumar e classificar. Transporta-nos para o mundo de bibliófilos e de bibliotecas. É maravilhoso!


"Jacques Bonnet é um editor e tradutor francês, além de bibliófilo e uma autoridade quando se trata de livros raros. Bonnet é considerado, juntamente com Umberto Eco, José Mindlín ou alberto Manguel, um dos maiores especialistas em bibliofilia e teoria da leitura".


(badana interior do livro)


«A biblioteca protege da hostilidade exterior, filtra os ruídos do mundo, atenua o frio que reina em volta, mas confere, igualmente, umasensação de omnipotência. Porque a biblioteca faz recuar as pobres capacidades humanas: ela é um concentrado de tempo e de espaço. Reúne nas suas prateleiras todos os estratos do passado. Ali estão os séculos que nos precederam. «a escrita (...) grande, muito grande ao permitir-nos conversar com os mortos, com os ausentes, com aqueles que não chegaram a nascer, através de todas as distãncias do tempo e do espaço».

Jacques Bonnet


Jacques Bonnet, bibliotecas cheias de fantasmas, Lisboa: Quetzal, 2010, p. não numerada

Em especial para a Cláudia Ribeiro da Livraria Lumière.

27/10/2011

Entristeço-me

Entristeço-me quando me apercebo que o desdém é o caminho fácil.
Entristeço-me quando vejo portugueses digladiarem-se.
Entristeço-me quando noto que o peso da História é em parte uma herança pouco amada.
Entristeço-me quando o acaso me leva aonde não devia ir e grito sem prudência.
Entristeço-me por ver a sapiência perder-se na pequenez do melhor e do pior.
Entristeço-me por ver que se sobe a Montanha desprezando a relva que cresce.
Entristeço-me por ver o Sol ofuscado com os seus próprios raios.



Provérbios 16:18 “A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda"

Se a chuva

Se a chuva
fossem pétalas
eu gostaria da chuva!

26/10/2011

Esperança

Van Gogh, Janela do Estúdio, 1889


Museu Van Gogh, Amesterdão


A monotonia é a pior sensação que se pode ter. É como se estivéssemos estáticos à janela, à espera...
Desde que li o livro Estátua de Sal, de Ondina Braga, há um pensamento que me acompanha:


Partir é bom, mas, pensar em partir, melhor ainda. Quanto a mim, acho que tenho sempre chegado. Partir é esperança. Chegar, desencanto.

Maria Ondina Braga, Estátua de Sal, Lisboa: Editor José Ribeiro, 1983, p.72.

25/10/2011

Portalegre em Roma

O Instituto de Santo António dos Portugueses, em Roma, vai acolher uma exposição sobre: A tapeçaria de Portalegre, Expressão Contemporânea numa Arte Secular.

As tapeçarias de Portalegre são verdadeiras obras de arte. Grandes pintores portugueses contemporâneos, como: Almada Negreiros, Júlio Pomar, Graça Moraes, Guilherme Camarinha, Maria Keil, Vieira da Silva, Maria Velez, Costa Pinheiro, Sá Nogueira, Lurdes de Castro, Eduardo Nery, Cruzeiro Seixas, Menez, José de Guimarães entre outros desenharam para a fábrica de laníficios de Portalegre. Para conhecer um pouco da história da tapeçaria ver o link.

Recebi este convite e é com muita pena que não posso voar até lá.


A exposição vai estar até 27 de Novembro de 2011. Não sei de quem é o desenho da tapeçaria que faz parte do convite.

Tomar a lua na mão
agarrá-la
e ser a Senhora da Noite!





23/10/2011

Falaram-me os homens em humanidade

O regresso das nuvens

Do Irão, da guerra, da morte, da justiça, da democracia aparente, da alegria por haver menos um ditador, dos direitos humanos, da crise global "Falaram-me os homens em humanidade"[?]



Falaram-me os homens em humanidade

Falaram-me os homens em humanidade,
Mas eu nunca vi homens nem vi humanidade.
Vi vários homens assombrosamente diferentes entre si.
Cada um separado do outro por um espaço sem homens.


Alberto Caeiro , s.d.


Alberto Caeiro, in Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa, Teresa Rita Lopes, Lisboa: Estampa, 1990, p. 336.

22/10/2011

Flor de lótus

Flor de Lótus, Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, Coimbra




Lótus é uma flor que nunca consegui ter e que acho bela pela singularidade. Após o comentário a uma história de Zerafim que contém uma flor de lótus, obtive esta resposta:


«Ainda terás uma lotus, mas apenas quando montares um jardim suspenso e que já deve abitar teus sonhos. Dizem que quando desejamos a lotus é porque teremos de desvendar as mil faces do céu»
Rromi Zerafim-contos de um anjo



Obrigada pelo sonho e pelo jardim suspenso: um jardim mítico, apesar de não ter potência para desvendar as mil faces do céu.

21/10/2011

Paradigma do amor

Exposição Useless patente no antigo Tribunal da Boa Hora, Lisboa





Uma amiga, que tem sabedoria, enviou-me este paradigma do amor:


"Gosto de contemplar com Amor.
Olhar com Amor, sentir Amor.
Transmitir Amor."

Blue

Não há mais nada a acrescentar, a beleza está nas palavras. É uma lição sobre a vida.
Grata!

Porque gostei de recordar e ouvir again and again...

20/10/2011

A verdade?

Cais das colunas, rio Tejo



- Você, Macabéia, é um cabelo na sopa. Não dá vontade de comer. Me desculpe se eu lhe ofendi, mas sou sincero. Você está ofendida?
- Não, não, não! Ah por favor quero ir embora! Por favor me diga logo adeus!

Clarice Lispector, A Hora da Estrela, Lisboa: Relógio d’Água, 2002, p. 66


18/10/2011

"a incandescência do ser"

Deslumbramento ou o vazio?, Detalhe de Ismael, Augusto Santo, 1889



Museu Nacional de Arte Contemporânea, Museu do Chiado, Lisboa

O abandono?

Incandescência?



António Ramos Rosa não é um poeta fácil.
Neste momento o que me encanta e o que procuro é um texto simples, curto, quase vazio. Recorri ao texto de Eduardo Lourenço sobre o poeta donde retirei dois versos de António Ramos Rosa. Não é preciso mais para encontrarmos a leveza e a serenidade.

É o inconcebível infinito o seu puro nada
que nas palavras ressoa com a incandescência do ser

António Ramos Rosa


Thomas Feiner & Anywhen


17/10/2011

"noções de bem e de mal"

Penelope Fitzgerald foi uma descoberta recente. O primeiro livro desta escritora tardia foi uma biografia do pintor Edward Borne-Jones. Trabalhou na BBC, dirigiu um jornal literário durante a Guerra e com o título: Offshore ganhou o prémio Booker Prize.


A Livraria despertou-me interesse porque ter uma à beira-mar era um sonho que acalento. Tenho amigos que gostavam de ter um bar literário, eu gostava de ter uma livraria. A história é atractiva pois é a história de uma mulher, Florence Green, que enfrenta tudo e todos para abrir a sua livraria numa pequena vila costeira. Terá sucesso?

[As notas foram retiradas do livro]




«Não atribuo tanta importância quanto a senhora, atrevo-me a dizer, às noções de bem e de mal. li Lolita, como me pediu. É de facto um bom livro e, portanto deveria tentar vendê-lo aos habitantes de Hardborough. Não irão compreendê-lo, mas melhor assim. Compreender torna a mente indolente».


Penelope Fitzgeral, A Livraria [1978], Lisboa: Clube do Autor, 2011,p. 115. (trad. Eugénia Antunes)


Não li Lolita do escritor russo Vladimir Nabokov, mas vi o filme de Stanley Kubrick realizado em 1962, com James Mason e Sue Lyon. Um filme profundo e denso sobre as relações humanas.



16/10/2011

Para uma amiga

Para MJ Falcão, uma mulher sapiente e humana, que bebeu o que de melhor encontrou nas viagens, nas vivências por outras paragens, mundos e culturas : Parabéns!

Não sei se são malmequeres, mas neste caso são bem-me-queres.:)



Para que o dia seja perfeito o mundo tem que ser maravilhoso. É o meu desejo.





Uma onda mais actual num outro registo




Um tango para dançar...dançar...dançar. :)


14/10/2011

António Lobo Antunes, "uma catedral de palavras"

Nada é simples, tudo é complexo. Foi como hoje vi António Lobo Antunes, em sua casa, através da RTP1.




Fotografia daqui.

Queria deixar uma catedral de palavras e dou-me conta que a catedral não tem fim. Queria arredondar o edifício, fechá-lo, e dou-me conta, desolado, da impossibilidade desse fecho, dada a inevitável limitação da vida. Não morrerei satisfeito, morrerei com a dor de não ter tido tempo. Construirei uma obra mais duradoira que o bronze, afirmava Horácio: isso julgo que consigo.


António Lobo Antunes, Visão, 14 de Abril 2011.

Um poema lido por ele no final da entrevista:

Todos os homens são maricas quando estão com a gripe *


Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisanas e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

António Lobo Antunes
* Corrigi o título depois de ver no Prosimetron, 16/11, às 8:22h

É caso para lembrar Saramago...

Rio Tejo


«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos.»

José Saramago, Cadernos de Lanzarote, Diário III, Lisboa: Caminho, 1998, pág. 148

13/10/2011

esquecer ...

Janela...transparências?, Casa Museu El Greco, Toledo


Esquecer
as borboletas azuis
que pousaram no vaso verde.

Esquecer
o pão amassado
na vasilha sem migalhas.

Esquecer
o ocre brilhante
das terras quentes
onde o sino toca as Avé Marias.

Esquecer
os dias e as noites
onde procurei em vão...
o sol escondido atrás da montanha.

11/10/2011

Mulher(es)

Quando a luz penetrar profundamente talvez a igualdade seja possível...




Cafetaria do Museu Nacional Arte Antiga, Lisboa


“Women should stop being or feeling that they are part of the problem and become part of the solution. We have been marginalized for a long time, and now is the time for women to stand up and become active without needing to ask for permission or acceptance. This is the only way we will give back to our society and allow for Yemen to reach the great potentials it has,” concluded
Tawakul Karman. Daqui


Azulejo do Quartel do Carmo, local importante na luta da nossa liberdade (1974), Lisboa



Tawakul Karman foi uma das mulheres agraciadas com o Nobel da Paz. Uma mulher entre mulheres que se destaca na luta pela liberdade, no todo que encerra esta palavra. A cultura ocidental não me deixa compreender totalmente o que é viver num país árabe e segundo as leis do Alcorão.

09/10/2011

"A forma mais eficaz de matar um povo é retirar dele a sua cultura"

in Cozinha dos Vurdóns


Círculo de Arte de Toledo, (antiga igreja de S. Vicente, sede da Inquisição)



xxxxxxxxxxxxxxxxxEsvazia o conceito de um povo
xxxxxxxxxxxxxxxxx e chora por não sentires
xxxxxxxxxxxxxxxxx na pele
xxxxxxxxxxxxxxxxx o verdadeiro sentido da vida!
xxxxxxxxxxxxxx


xxxxxxxxxxxxxxxxxDeita poeira nos olhos
xxxxxxxxxxxxxxxxxcoloca a cabeça entre os joelhos
xxxxxxxxxxxxxxxxxe chora
xxxxxxxxxxxxxxxxxas lágrimas secas de quem nada vê.



08/10/2011

"profetas menores"

profetas menores é um belo livro de uma colecção sobre figuras bíblicas, apresentado por Manuel Poppe e com ilustrações de Luís Miguel Castro.



Nessa terra, Israel, sem nada senão a Promessa, espaço mínimo crestado pelo sol, lugar que o sonho e a esperança dos homens fizeram e fazem vibrar - com Deus ou o silêncio -, emblematicamente ali, teria de se viver a aventura da Sua busca, o combate decisivo e sempre repetido: «ficou sozinho e um homem lutou com ele até de madrugada» (Génesis, XXXII, 25)

Manuel Poppe (p. 11)
A palavra hebraica aliab tem, pelo menos, quatro significados: imigração para a terra de Israel; peregrinação a Jerusalém; a honra de ser chamado, na sinagoga, à leitura do Pentateuco e a assunção miraculosa, que a Bíblia refere a propósito de Henoc (Génesis, V, 23, 24) e de Elias Segundo Livro dos Reis, II, 11) e na qual a tradição rabinica abraça Moisés e Baruc.
Um carro de fogo recolhe Elias e eleva-o ao céu e é esse turbilhão que o Profeta ascende, sobe a Deus, tal qual subimos a Jerusalém.

Em Salmos CXXXVII,5,6,
«Junto aos rios da Babilónia, Canto do Exilado, o poeta:

Se me esquecer de ti, Jerusalém,
fique inutilizada a minha direita!
Se me esquecer de ti, Jerusalém
se tu não fores a minha suprema alegria,
que a minha língua se cole ao meu palato.»

profetas menores
Apresentação de Manuel Poppe, Lisboa: Três Sinais Editores, 2001, p. 6



Do elenco desta publicação fazem parte os seguintes textos e autores:


Génesis: um código ético e moral da vida, Joshua Ruah;
São João: o evangelho místico, João Bénard da Costa.
Eclesiastes: da vida e da morte, Jorge Sampaio;
Job: o jogo da fé, Manoel de Oliveira;
Samuel e a voz dos profetas, Vasco Graça Moura;
Ester: uma história estéril, Clara Ferreira Alves;
Profetas menores: a viagem com Deus, Manuel Poppe;
Lamentações: Senhor, terá acabado a história?, José Pacheco Pereira;
Cântico dos cânticos: um tijolo quente na cama, Agustina Bessa-Luis;
Isaías, Adriano Moreira;
Salmos: o canto de Deus, Eduardo Lourenço;
Coríntios: o desafio de Deus, Maria José Nogueira Pinto;
São Mateus: a doutrina de Jesus, Joaquim Carreira das Neves, O.F.M.

07/10/2011

Em direcção ao farol sob a luz dos Provérbios

"A soberba [arrogância] precede a ruína, e o espírito altivo, a queda." Pr, 16:18*


Rumo na estrada em direcção ao farol,
a luz esmaecida
reflecte no mar
de forma oblíqua e labiríntica.
Nada é simples,
nem claro.
Clara é a água do mar,
as nuvens do céu,
ou a flor que nasce espontaneamente.



*Livros Sapienciais: Provérbios, 16:18, retirado da Nova Bíblia dos Capuchinhos, Fátima: Difusora Bíblica, 1998, (completei às 21:52)


Sungha Jung


Sarah Chan

05/10/2011

Homenagem a Ana de Castro Osório

Porque hoje é 5 de Outubro!


A República, trabalhos efectuados por estudantes de Artes de uma Escola Secundária de Coimbra, Casa da Cultura, Biblioteca Municipal de Coimbra



Ana de Castro Osório foi pioneira em Portugal na luta pela igualdade de direitos entre homem e mulher. Uma das suas obras emblemáticas foi Mulheres Portuguesas (1905), o primeiro manifesto feminista português. As crianças foram para ela um elemento importante por isso consagrou-lhes várias histórias infantis. É nessa faceta que hoje a homenageio.


Ana de Castro Osório, exposição sobre "As Mulheres na República", Biblioteca Municipal de Ferreira do Zêzere
Entardecer


(...) Bandos d'andorinhas passavam arrevoando junto á terra, piando, friorentas, saudades do sol, que deixaram lá em baixo[94] a doirar minaretes agudos, a acariciar palmeiras, que ondulam brandamente as suas folhas em leque, e graves mulheres que passam envolvidas em brancas musselinas transparentes.

Encostada aos vidros da minha janella, eu olhava distrahida... Quem passaria por uma tarde assim?... A lama viscosa e pardacenta parecia querer subir, em maré cheia de tedio, a engolfar o mundo na sua molleza repugnante. Tardes ennodoadas e longas que ennoitam o nosso espirito, fazendo-nos perder a esperança de que jamais um raio de sol ou uma nesga de céo azul venha alvoroçar-nos em sonoridades de risos!

Ana de Castro Osório, "Entardecer", in Infelizes (Historias Vividas). (daqui)

Junto e agradeço a 5 grandes mulheres brasileiras, da Cozinha dos Vurdóns, o sêlo que me ofereceram e que faz parte da vinheta.

"A vida pressupõe dois pés, duas pernas"

Simetria, obeliscos naturais


Rua Sá da Bandeira, Coimbra




121
A vida pressupõe dois pés, duas pernas,
dois olhos, dois braços, e até cérebro
tem duas partes: a direita e a esquerda.
Só o amor quando é forte não tem lado
esquerdo e direito. É um sentimento central;
qualquer acontecimento quotidiano, ou extraordinário,
parece ocorrer nas suas vizinhanças.

in Canto III, estrofe 121

Gonçalo M. Tavares, Uma Viagem à Índia, Lisboa:, Caminho, 2010,p. 158.

Gonçalo M. Tavares ganhou o Prémio Literário Fernando Namora, Estoril-Sol 2011, com este livro de poesia.

03/10/2011

O Homem é um Animal Irracional - O instinto estético!

Porque não quero ser animalesca, de agora em diante o meu pensamento vai desligar-se da matéria.

O Homem é um Animal Irracional

1. O homem é um animal irracional, exactamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão que nos leva a psicologia científica, no seu estado actual de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são meros espelhos. O homem tem apenas um espelho mais polido que os animais que lhe são inferiores.

2. Sendo assim, toda a vida social procede de irracionalismos vários, sendo absolutamente impossível (excepto no cérebro dos loucos e dos idiotas) a ideia de uma sociedade racionalmente organizada, ou justiceiramente organizada, ou, até, bem organizada.

3. A única coisa superior que o homem pode conseguir é um disfarce do instinto, ou seja o domínio do instinto por meio de instinto reputado superior. Esse instinto é o instinto estético. Toda a verdadeira política e toda a verdadeira vida social superior é uma simples questão de senso estético, ou de bom gosto.

4. A humanidade, ou qualquer nação, divide-se em três classes sociais verdadeiras: os criadores de arte; os apreciadores de arte; e a plebe. As épocas maiores da humanidade são aquelas em que sobressaem os criadores de arte, mas não se sabe como se realizam essas épocas, porque ninguém sabe como se produzem homens de génio.

5. Toda a vida e história da humanidade é uma coisa, no fundo, inteiramente fútil, não se percebe para que há, e só se percebe que tem que haver.

6. A plebe só pode compreender a civilização material. Julgar que ter automóvel é ser feliz é o sinal distintivo do plebeu.
O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não.


Fernando Pessoa, in Reflexões Sobre o Homem (Textos de 1926-1928)

(Retirado do citador que reune algumas reflexões de FP)

02/10/2011

carpe diem!

Paris no Inverno


Fui ver Meia Noite em Paris um filme de Woody Allen que me encantou e uma das razões foi por ser em Paris. Um filme feito à minha medida, revejo-me na procura doutras épocas doutro tempo, do tempo dos sonhos como é o dos anos 20, uma época em que gostava de ter vivido se tivesse nascido do lado certo da sociedade.

O presente, o passado e o futuro não interessam. O que é o tempo? Ele foge virtiginosamente... Carpe Diem!



...e a música sublime!


Vale a pena ir ver.

01/10/2011

Dia da Música, três escolhas

A musica é a alma dos dias. Hoje não escolho música "clássica". Era para mim difícil escolher. Talvez porque não quero o presente nem o passado.







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