30/04/2011

Azulejos: o que nos ilumina aquece a alma!

Painéis de azulejos da Igreja de S. Roque, Lisboa.

Será um lampião?



Igreja de S. Roque, Lisboa

Não sei se será um lampião mas é como tal que o quero ver, depois de um dia agradável como o de hoje.

Gentil Hombre

A beleza da música de Joaquín Rodrigo a lembrar um gentleman. Hoje em dia algo esquecido para espanto meu!

29/04/2011

O horizonte mesmo do outro lado da rua

O horizonte é aquele que o homem quiser.


Fotografia de David el Gato





O horizonte mesmo do outro lado da rua


Os seus olhos ficavam pendurados no horizonte, que era, para ele, mesmo do outro lado da rua.



Afonso Cruz, A Boneca de Kokoschka, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 19




Como é que encontrei este livro?
Nas minhas deambulações pelas livrarias peguei no livro de Afonso Cruz e escolhi-o por causa da vida do escritor. Afonso Cruz nasceu na Figueira da Foz, em 1971, viajou por mais de sessenta páises e optou por viver num monte alentejano, onde produz a cerveja que consome. Aliciou-me esta espécie de ruptura com o mundo.
O enredo da narrativa passa-se durante a Segunda Guerra Mundial e explora a questão do nazismo, o racismo e a sobrevivência.
O escritor é também ilustrador, realizador de filmes de animação e músico: compõe para a banda blues/roots.




Dia 29 de Abril comemora-se o dia Mundial da Dança - a minha homenagem.



La chanson de Babara "La Solitude" dansent Keisuke Nasuno et Gil Roman



28/04/2011

"...promessa de claridade"

De Chirico, Nostalgia of the Infinite, 1913



Oil on canvas. The Museum of Modern Arts, New York, USA


(…) a Primavera vestia-se de verde, a neve era branca, o céu azul; as flores das árvores frutíferas pareciam nuvens e ele continuava com sede. Depois, a neve deixou de brilhar; as flores das árvores frutíferas perderam o seu aspecto de nuvens; eram mosquitos. Os Himalaias escondiam-se sob um manto de pó, e ele cada vez mais sentia mais sede. Depois, o lago desaparecia também; a neve derretia-se; as flores das árvores frutíferas tombaram; as estações sumiram-se na distância, e ele próprio ia desaparecendo, levado num remoinho de flores, provocado pela tempestade, até às montanhas, onde, agora, a chuva ia tombando. Mas aquela chuva, que só caía sobre as montanhas, não lhe saciava a sede. Nem ele, afinal, se encontrava nas montanhas (…) Contudo, a sua sede continuava por saciar. Talvez porque ele estivesse a beber, não água, mas claridade e promessas de claridade – como é q ele poderia estar a beber uma promessa de claridade? Talvez porque não estivesse a beber água, mas uma certeza de luminosidade – mas como é que seria possível estar ele a beber luminosidade? Certeza de luminosidade, promessa de claridade, de luz, de luz, de luz, sempre luz, luz, luz, luz!


Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão, Lisboa: Relógio de Água, 2007, p.127-128

Obrigada Manuel Poppe!

27/04/2011

No rio - Sobre a Palavra

O cansaço repara-se com a água tranquila do rio. Olhei para a lente, memorizei, fechei os olhos e deixei-me levar.


ao sabor do vento...


Com agradecimento à Sara


Sobre a Palavra

Entre a folha branca e o gume do olhar
a boca envelhece

Sobre a palavra
a noite aproxima-se da chama

Assim se morre dizias tu
Assim se morre dizia o vento acariciando-te a cintura

Na porosa fronteira do silêncio
a mão ilumina a terra inacabada

Interminavelmente
Eugénio de Andrade, in "Véspera da Água" (citador)




26/04/2011

Eugène Delacroix

Le premier mérite d'un tableau est d'être une fête pour l'oeil.
Eugène Delacroix


Baudelaire chamou a Delacroix: "o poeta da pintura".



Eugène Delacroix, Flowers, 1833


The Limbo Cupola Paintings in the Senate Library (1841-1846, Paris, Palais du Luxembourg)


Detalhe Dante

Detalhe, Gregos famosos.




Eugène Delacroix nasceu a 26 de Abril de 1798 em Saint-Maurice, França . Foi um pintor romântico. Escolhi para representar o pintor a tela Flowers e a cúpula do Palais du Luxembourg onde Dante é uma das personagens.


25/04/2011

25 de Abril de 1974 - Revolução dos cravos!

Havia qualquer coisa no ar. As pessoas movimentavam-se, fui para casa e não tive aulas. O meu pai agitava-se feliz. Porquê?
Uma revolução em Portugal - o 25 de Abril, a revolução dos cravos, a revolução dos capitães. Acabavam os dias negros do fascismo, da censura, das prisões, um grito vermelho anunciava a democracia.


Detalhe de um cartaz sobre o 25 de Abril (2009)



A democracia concretizou-se em Portugal. Hoje o que resta dela?

Uma lágrima porque a democracia está em risco.

Retirei a imagem do blogue We Have Kaos in the Garden. Gostei da abordagem gráfica uma espécie de manga no design português.



Não quero que o cravo murche e que o seu cheiro desapareça...



Lembro quatro versos de Sophia de Mello Breyner Andresen


25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas, 1977

Enviado para a pt-net por A. Gomes (np40ba@mail.telepac.pt)

Quero mais madrugadas assim onde o tempo não adormeça!

Talvez ter uma casa no Sol nascente,


onde o cravo não se torne numa miragem!

24/04/2011

Páscoa Feliz !

Hoje é um dia de festa para os cristãos, Jesus ressuscitou. Renascer é a palavra que utilizo.



António Nogueira, Ressurreição, Museu Nacional de Beja, século XVI


Imagem retirada do site do Museu Regional de Beja.


Apesar da pouca perícia, pintei estes ovos de Páscoa para a mesa de almoço de Páscoa. Azul, amarelo e verde foram as cores escolhidas. Azul porque é a minha favorita, amarelo a cor do imperador e verde da esperança!

Acrescentei às 18 horas e 48 m

23/04/2011

"E a cidade não tinha livraria"



Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Caetano Veloso

Mozart - Kyrie

Pintura sobre tábua num altar dos claustros do Convento de Nossa Senhora da Conceição, Museu Regional de Beja (Museu Rainha D.Leonor). Possivelmente do século XV(?)




22/04/2011

O meu pai dizia...

Quem tem uma mãe tem tudo
Quem não tem mãe não tem nada
! *


Maria perdeu o seu filho de uma forma cruel mas não foi ela só que sofreu Maria de Magdala também sofreu. A dor pode ser de todos.


Detalhe, Madalena, Enguerrand Quarton (1410–1466), The Villeneuve - lès -Avignon Pietá., 1455 - Louvre




* Um fado que o meu pai gostava muito porque amava demais a sua mãe.
O Ardinita, Linhares Barbosa, Jaime Santos.

21/04/2011

Ecce Homo - Boa Páscoa!

Numa visita a Beja encontrei uma pintura de Cristo, do século XV, pertencente à escola dos primitivos portugueses. Não se conhece o autor mas a pintura revela um Cristo frágil, Ecce Homo, que deu a vida para salvar os homens. O que mais gostei foi o detalhe das mãos de Cristo. Sobre este tema há pintores que se celebrizaram. Optei por colocar uma preciosidade portuguesa que está guardada no Museu Regional de Beja, outrora o convento de Nossa Senhora da Conceição.

Mãos, detalhe Ecce Homo, Século XV, Beja - De mãos atadas sem se defender e sem revolta



Óleo sobre madeira de autor desconhecido, Museu Rainha Leonor, Real Convento de Nossa Senhora da Conceição, Beja

Claustros do Real Convento de Nossa Senhora da Conceição



Os Infantes D. Fernando e sua mulher, D. Beatriz, pais da rainha D. Leonor e do futuro rei D. Manuel I, primeiros duques de Beja, fundaram o convento de Nossa senhora da Conceição na segunda metade do século XV. A arquitectura do convento insere-se no gótico e manuelino. Foi habitado por freiras das mais nobres famílias de Portugal. Mariana Alcoforado viveu nele a grande paixão pelo cavaleiro de Chantilly, imortalizado nas famosas Cartas Portuguesas

Bach - Matthaus Passion - 39. Aria A - Erbarme dich

A tragédia da ignorância!

"Atena"[nome escolhido por mim]*, espelho Art Noveau daqui




"Perch'io la veggio nel verace speglio
Che fa di sè pareglio all'altre cose,
E nulla face lui di sè pareglio."

Dante Alighieri, Paradiso, Canto XXVI, 106

Cheguei à conclusão que o nome do meu blogue é adequado. Quando o criei conhecia pouco de blogues e o nome que queria dar era outro. Tentei mudar e não consegui. Acabou por ficar assim.
Gosto muito de arte como todos os que me visitam sabem. Também gosto de simbologia mas deparei-me com a trágica verdade - sou inculta.

Tenho que comprar um bom livro de simbologia da arte.




"Mirror in the Mirror" by ballerina Angela Reinhardt



*Escolhi Atena por causa da cultura, poderá ser Afrodite, a fonte não indica. Àlterado às 17:36h.

20/04/2011

Miró e o azul

Joan Miró nasceu a 20 de Abril de 1893 em Barcelona! Sou admiradora deste surrealista. O ponto fulcral da sua obra é que toca na criança que temos escondida dentro de nós. Ao pintor associo sempre um texto de Almada Negreiros que sinto profundamente. O azul do Miró é para mim a excelsa cor porque é a minha preferida.


Parabéns Miró!


Miró, Blue Star, 1927



Colecção particular



Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção , outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era de mais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor
!



Almada Negreiros, A INVENÇÃO DO DIA CLARO, LIRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, LISBOA, P. 95


Joan Miró, Ceci est la couleur de mes rêves, 1925,


Met © SABAM Belgium 2009

O pássaro / estrela e o voo sobre azul é o meu sonho, o céu é o desejo de liberdade!

19/04/2011

A brincar com a água!

Em especial para a Sandra do Presépio sobre o Canal que gosta da água.




A água exerce um fascínio especial.




Na visita ao Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em Lisboa, a água aparece com toda a sua pujança e harmoniosamente fala connosco. A história que conta é diferente para quem a olha.


x De pura geometrização ela rasga do solo e em exercício continuado dança como uma bailarina. A esfera gigante, ou o mundo, é pequeno perante a frescura e alegria que brota...







para de repente nos aparecer como um espelho que inverte a imagem sem truques fantasiosos, ali tranquila, quase parada, a água tenta impôr o silêncio.



Mas vertiginosamente chama-nos para interagir com ela. Do edifício minimalista cai num trajecto em semi-circulo que envolve quem se atreve a passar por baixo. Na passagem todos vimos a água a transformar-se num túnel em forma de luz. O som, esse é o equivalente a uma fuga de Bach!



- Vem brincar, chama ela, vem, passa por mim e sorri. Apanhados os jovens brincam com a água. Uns têm medo de lhe tocar, outros pelo contrário, tocam-lhe, molham-se e água vencedora ri-se dos mais incautos. A dança nem sempre é uniforme e os cristais espalham-se no nosso campo de visão.



E, finalmente, surge o edifício que torna a água uma escultura minimalista. As pedras cinzentas e o pequeno lago apenas existem para realçar o branco e azul da água e para revelar que os três elementos: Água, Terra e Ar se interpenetram no nosso olhar.



18/04/2011

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios!

Hoje é Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, este ano dedicado à água, escolhi dois sítios: um em que faz da água um hino, no Parque das Nações, outro o meu castelo que é Marvão e a cisterna fonte de vida.


A dança da Água, Parque das Nações


Castelo de Marvão, fotografia tirada pelo meu amigo Victor


Fotografia de Marvão, castelo e museu (Victor)

A cisterna, fotografia de Jorge Vieira

Não resisti em colocar este vídeo porque só assim se pode avaliar a cisterna. Quando morei em Marvão, passei uma noite fantástica a ouvir canto, infelizmente não há filmagens, e a água cristalina fazia um eco lindíssimo como se fosse uma Catedral. A luz iluminava a cisterna e nas paredes desenhava um princípe e uma feiticeira. Foi um momento inesquecível. Há castelos maiores, pode até haver mais belos mas para mim este é o primeiro. Sou dona deste castelo... x


História do castelo de Marvão ver aqui

Tenho umas fotografias recentes de Marvão que me foram oferecidas podem vê-las no Olhar do Falcão. Obrigada!:)



"A aproximação a Marvão é cenário quase irreal, com a nave de pedra, lá no alto, a surgir após considerável número de castanheiros. Depois de o automóvel galgar o morro, em estrada quase em espiral, esperavam-me ruas quase medievais. Mas, calcorreada a calçada, o destino só podia ser um: o castelo. Era um fim de tarde, quase lusco-fusco, altura do dia em que as pedras parecem ganhar vida própria. É como se as vibrações dos antigos habitantes também ali estivessem, a fazer-nos companhia. No alto das muralhas a vista espraia-se, em movimento circundante. Tudo tão longe e tão perto, à distância de um clique que proporcione a comunhão. As cotovias elevam-se cada vez mais no ar, em busca dos últimos raios de sol..."


AC (Interioridades)


A quem agradeço a beleza das palavras!

O Portugal Futuro - para que seja possível

Como membro nº 4 do Clube dos Poetas Vivos, criado por MJ Falcão aqui fica a minha esperança para Portugal.


Ontem, Domingo de Ramos pus em prática a máxima de Camus 1) A vida ao ar livre, (caderno nº 3),

Albert Camus, primeiros cadernos, Lisboa: Livros do Brasil, sd. p. 125.

Num passeio com muito sol trouxe a natureza para casa, espero que ela não se zangue.


Giestas amarelas e rosmaninho

O PORTUGAL FUTURO

0 portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro


Ruy Belo, O PORTUGAL FUTURO, In Boca Bilingue


Agua e Vinho - Egberto Gismonti, Concerto no Festival de Música de Coimbra 2010 (FESMUC 2010) - Biblioteca Joanina (Universidade de Coimbra)

17/04/2011

The bird singing in a tree

Domingo de Ramos, cheiro a alecrim e a amêndoas.


René Magritte, La Corde Sensible



The bird singing


in a tree


a blue tree

singing a bird

in cloud of glass


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A graciosidade, a beleza e a serenidade de Semionova



16/04/2011

Diálogos

A esperança que MJ Falcão descreveu no post: "Desistir de viver... ou mudar de rumo?" - levou-me até aos Cadernos de Camus mais precisamente ao:


Paolo Ucello, Esperança, retirado do blog O Falcão de Jade

CADERNO Nº 3

Abril de 1939

Fevereiro de 1942


Põe as quatro condições para a felicidade:

1) A vida ao ar livre 2) O amor a um ser 3) O desinteresse por qualquer ambição 4) A criação

Albert Camus, primeiros cadernos, Lisboa: Livros do Brasil, sd. p. 125

Através de palavras e de imagens (bonitas) MJ Falcão disse as quatro máximas de Camus.


E juntando ao delicioso café de Margarida das Memórias e Imagens,


António Soares, No Terrasse do café des Plaires, c. 1920-30. Museu do Chiado
que casa tão bem com Claudio Tesser,



Museo Nuovo Rinascimento


a leitura de um poema de Robert Frost, depois de ter visto um que o Luís colocou no Prosimetron e de JJ (Substante) me ter dado uma referência,


encontrei :


A MINOR BIRD


I have wished a bird would fly away, / And not sing by my house all day; / Have clapped my hands at him from the door / When it seemed as if I could bear no more. / The fault must partly have been in me. / The bird was not to blame for his key. / And of course there must be something wrong / In wanting to silence any song.


Robert Frost

15/04/2011

"Parque de Almas"


A beleza de um povo que chora!

A minha vénia e uma garça desajeitadamente feita no paint.

Parabéns, Leonardo da Vinci!

Il bono pittore ha da dipingere due cose principali, cioè l'homo e il concetto della mente sua. Il primo è facile, il secondo difficile perché s'ha a figurare con gesti e movimente delle membra.

Leonardo da Vinci. Barueri, SP: Editorial Sol 90, 2007. (Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura).

Detalhe do quadro A Virgem dos Rochedos, anjo Uriel (?), 1495-1508, National Gallery, Londres


(A segunda versão da Virgem dos Rochedos, )

Anjo Uriel, Virgem dos Rochedos, 1483-86, Museu do Louvre, Paris



(Primeira versão da Virgem dos Rochedos)


Leonardo da Vinci nasceu a 15 de Abril de 1452 em Vinci, Florença.
A minha intenção é agraciá-lo pela sua genialidade, beleza, polivalência científica bem como toda a arte que nos deixou. Deleito-me a observar os seus desenhos e as suas pinturas das quais destaco a Anunciação, e a Senhora com o Arminho.


A Virgem dos Rochedos que está no Louvre encanta-me mais do que a da National Gallery por causa das cores e do sfumato. Porém, não encontrei uma imagem tão bela do (possível) anjo Uriel que acompanha S. João Baptista venerando o Menino e a Virgem.



Escultura (1859-1872) de Pietro Magni, Piazza della Scala, Milão



Teve uma vida conturbada viveu em Florença, Milão, Roma, Bolonha e Veneza e depois partiu definitivamente para França vindo a perecer a 2 de Maio. de 1519, em Amboise numa casa presenteada pelo rei Francisco I.


Lacrimosa, Requiem, Mozart

14/04/2011

Coisas do espaço: argonautas

Coisas do espaço: argonautas

Lorenzo Costa, Os Argonautas, (Século XVI)


Museu Cívico de Pádua

À procura do Universo nascem os heróis. Não é Olimpo, nem tão pouco a polis que preocupa quem viaja numa nave-estação confinada a anos-luz da Terra, num espaço finito, numa infinitude negra com muitos pontos, estrelas, poeiras e silêncio...
Em que medida é que importa a guerra, a fome, o poder e as intrigas dos homens? Que sentido faz isto tudo?

Distante e em constante procura o que pensarão os argonautas? O que procuram: o velo de ouro? O início ou o fim de tudo? Um ponto de fuga, como os pintores e os músicos?

Não sei o que os argonautas procuram mas estes também levam consigo Orfeu, e foi precisamente este Orfeu que louvou o primeiro homem a conquistar o espaço: Yuri Gagarin, uma delícia.*

René Magritte, Porta (para mim da porta até ao Céu)
daqui

* Vi pela primeira vez o dueto Cady Coleman e Ian Anderson no Jornal de Letras.

13/04/2011

"A Arte sempre foi isto", em memória de Beckett

Odilon Redon, The Crying Spyder, 1881,


(imagem da wikipédia depois de a ver no blog Sobre o Risco)

A arte sempre foi isto - interrogação pura, questão retórica sem a retórica - embora se diga que aparece pela realidade social.


Samuel Beckett in Novas Cartas (citador)

Samuel Beckett nasceu a 13 de Abril de 1906 em Dublin


INSTANTE

Que faria eu sem este mundo sem rosto sem perguntas
Onde o ser só dura um instante e onde cada instante
Transborda para o vazio o esquecimento de ter existido
Sem esta onda onde por fim
Corpo e sombra juntos se anulam
Que faria eu sem este silêncio poço fundo de murmúrios
Curvando-se a pedir socorro pedir amor
Sem este céu posto de pé
Sobre o pó do seu lastro


Que faria eu eu faria como ontem e como hoje
Olhando para a minha janela vendo se não estou sozinho
A errar e a mudar distante de toda a vida
preso num espaço incontrolável
Sem voz no meio das vozes
Que se fecham comigo.


Samuel Beckett, (tradução inédita de Mário Carvalheira) Retirado do Blog Uma Casa em Beirute


Erik Satie - Gnossienne No.1

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