Será um lampião?
30/04/2011
Azulejos: o que nos ilumina aquece a alma!
Será um lampião?
Gentil Hombre
29/04/2011
O horizonte mesmo do outro lado da rua
Fotografia de David el Gato

Afonso Cruz, A Boneca de Kokoschka, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 19
Nas minhas deambulações pelas livrarias peguei no livro de Afonso Cruz e escolhi-o por causa da vida do escritor. Afonso Cruz nasceu na Figueira da Foz, em 1971, viajou por mais de sessenta páises e optou por viver num monte alentejano, onde produz a cerveja que consome. Aliciou-me esta espécie de ruptura com o mundo.
O enredo da narrativa passa-se durante a Segunda Guerra Mundial e explora a questão do nazismo, o racismo e a sobrevivência.
O escritor é também ilustrador, realizador de filmes de animação e músico: compõe para a banda blues/roots.
28/04/2011
"...promessa de claridade"

Oil on canvas. The Museum of Modern Arts, New York, USA
Malcolm Lowry, Debaixo do Vulcão, Lisboa: Relógio de Água, 2007, p.127-128
Obrigada Manuel Poppe!
27/04/2011
No rio - Sobre a Palavra

Sobre a Palavra
Entre a folha branca e o gume do olhar
a boca envelhece
Sobre a palavra
a noite aproxima-se da chama
Assim se morre dizias tu
Assim se morre dizia o vento acariciando-te a cintura
Na porosa fronteira do silêncio
a mão ilumina a terra inacabada
Interminavelmente
Eugénio de Andrade, in "Véspera da Água" (citador)
26/04/2011
Eugène Delacroix
The Limbo Cupola Paintings in the Senate Library (1841-1846, Paris, Palais du Luxembourg)
Detalhe Dante
Detalhe, Gregos famosos.
Eugène Delacroix nasceu a 26 de Abril de 1798 em Saint-Maurice, França . Foi um pintor romântico. Escolhi para representar o pintor a tela Flowers e a cúpula do Palais du Luxembourg onde Dante é uma das personagens.
25/04/2011
25 de Abril de 1974 - Revolução dos cravos!
Uma revolução em Portugal - o 25 de Abril, a revolução dos cravos, a revolução dos capitães. Acabavam os dias negros do fascismo, da censura, das prisões, um grito vermelho anunciava a democracia.
A democracia concretizou-se em Portugal. Hoje o que resta dela?
Uma lágrima porque a democracia está em risco.
Retirei a imagem do blogue We Have Kaos in the Garden. Gostei da abordagem gráfica uma espécie de manga no design português.
Não quero que o cravo murche e que o seu cheiro desapareça...
Lembro quatro versos de Sophia de Mello Breyner Andresen
25 DE ABRIL
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas, 1977
Enviado para a pt-net por A. Gomes (np40ba@mail.telepac.pt)
Quero mais madrugadas assim onde o tempo não adormeça!
Talvez ter uma casa no Sol nascente,
onde o cravo não se torne numa miragem!
24/04/2011
Páscoa Feliz !

Apesar da pouca perícia, pintei estes ovos de Páscoa para a mesa de almoço de Páscoa. Azul, amarelo e verde foram as cores escolhidas. Azul porque é a minha favorita, amarelo a cor do imperador e verde da esperança!
Acrescentei às 18 horas e 48 m
23/04/2011
"E a cidade não tinha livraria"
Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.
Caetano Veloso
Mozart - Kyrie
22/04/2011
O meu pai dizia...
Quem não tem mãe não tem nada! *
Maria perdeu o seu filho de uma forma cruel mas não foi ela só que sofreu Maria de Magdala também sofreu. A dor pode ser de todos.
* Um fado que o meu pai gostava muito porque amava demais a sua mãe.
O Ardinita, Linhares Barbosa, Jaime Santos.
21/04/2011
Ecce Homo - Boa Páscoa!
Mãos, detalhe Ecce Homo, Século XV, Beja - De mãos atadas sem se defender e sem revolta
Óleo sobre madeira de autor desconhecido, Museu Rainha Leonor, Real Convento de Nossa Senhora da Conceição, Beja
Os Infantes D. Fernando e sua mulher, D. Beatriz, pais da rainha D. Leonor e do futuro rei D. Manuel I, primeiros duques de Beja, fundaram o convento de Nossa senhora da Conceição na segunda metade do século XV. A arquitectura do convento insere-se no gótico e manuelino. Foi habitado por freiras das mais nobres famílias de Portugal. Mariana Alcoforado viveu nele a grande paixão pelo cavaleiro de Chantilly, imortalizado nas famosas Cartas Portuguesas
Bach - Matthaus Passion - 39. Aria A - Erbarme dich
A tragédia da ignorância!

"Perch'io la veggio nel verace speglio
Che fa di sè pareglio all'altre cose,
E nulla face lui di sè pareglio."
Dante Alighieri, Paradiso, Canto XXVI, 106
Cheguei à conclusão que o nome do meu blogue é adequado. Quando o criei conhecia pouco de blogues e o nome que queria dar era outro. Tentei mudar e não consegui. Acabou por ficar assim. Gosto muito de arte como todos os que me visitam sabem. Também gosto de simbologia mas deparei-me com a trágica verdade - sou inculta.
Tenho que comprar um bom livro de simbologia da arte.
*Escolhi Atena por causa da cultura, poderá ser Afrodite, a fonte não indica. Àlterado às 17:36h.
20/04/2011
Miró e o azul

Colecção particular
Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção , outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era de mais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!
Almada Negreiros, A INVENÇÃO DO DIA CLARO, LIRICAS PORTUGUESAS, PORTUGÁLIA EDITORA, LISBOA, P. 95
Joan Miró, Ceci est la couleur de mes rêves, 1925,

Met © SABAM Belgium 2009
O pássaro / estrela e o voo sobre azul é o meu sonho, o céu é o desejo de liberdade!
19/04/2011
A brincar com a água!
x De pura geometrização ela rasga do solo e em exercício continuado dança como uma bailarina. A esfera gigante, ou o mundo, é pequeno perante a frescura e alegria que brota...
para de repente nos aparecer como um espelho que inverte a imagem sem truques fantasiosos, ali tranquila, quase parada, a água tenta impôr o silêncio.
Mas vertiginosamente chama-nos para interagir com ela. Do edifício minimalista cai num trajecto em semi-circulo que envolve quem se atreve a passar por baixo. Na passagem todos vimos a água a transformar-se num túnel em forma de luz. O som, esse é o equivalente a uma fuga de Bach!
- Vem brincar, chama ela, vem, passa por mim e sorri. Apanhados os jovens brincam com a água. Uns têm medo de lhe tocar, outros pelo contrário, tocam-lhe, molham-se e água vencedora ri-se dos mais incautos.
A dança nem sempre é uniforme e os cristais espalham-se no nosso campo de visão.
E, finalmente, surge o edifício que torna a água uma escultura minimalista.
As pedras cinzentas e o pequeno lago apenas existem para realçar o branco e azul da água e para revelar que os três elementos: Água, Terra e Ar se interpenetram no nosso olhar.
18/04/2011
Dia Internacional dos Monumentos e Sítios!



Não resisti em colocar este vídeo porque só assim se pode avaliar a cisterna. Quando morei em Marvão, passei uma noite fantástica a ouvir canto, infelizmente não há filmagens, e a água cristalina fazia um eco lindíssimo como se fosse uma Catedral. A luz iluminava a cisterna e nas paredes desenhava um princípe e uma feiticeira. Foi um momento inesquecível. Há castelos maiores, pode até haver mais belos mas para mim este é o primeiro. Sou dona deste castelo... x
História do castelo de Marvão ver aqui
Tenho umas fotografias recentes de Marvão que me foram oferecidas podem vê-las no Olhar do Falcão. Obrigada!:)
"A aproximação a Marvão é cenário quase irreal, com a nave de pedra, lá no alto, a surgir após considerável número de castanheiros. Depois de o automóvel galgar o morro, em estrada quase em espiral, esperavam-me ruas quase medievais. Mas, calcorreada a calçada, o destino só podia ser um: o castelo. Era um fim de tarde, quase lusco-fusco, altura do dia em que as pedras parecem ganhar vida própria. É como se as vibrações dos antigos habitantes também ali estivessem, a fazer-nos companhia. No alto das muralhas a vista espraia-se, em movimento circundante. Tudo tão longe e tão perto, à distância de um clique que proporcione a comunhão. As cotovias elevam-se cada vez mais no ar, em busca dos últimos raios de sol..."
AC (Interioridades)
A quem agradeço a beleza das palavras!
O Portugal Futuro - para que seja possível
Albert Camus, primeiros cadernos, Lisboa: Livros do Brasil, sd. p. 125.
0 portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Agua e Vinho - Egberto Gismonti, Concerto no Festival de Música de Coimbra 2010 (FESMUC 2010) - Biblioteca Joanina (Universidade de Coimbra)
17/04/2011
The bird singing in a tree
Domingo de Ramos, cheiro a alecrim e a amêndoas.
René Magritte, La Corde Sensible
The bird singing
in a tree
16/04/2011
Diálogos
Albert Camus, primeiros cadernos, Lisboa: Livros do Brasil, sd. p. 125


a leitura de um poema de Robert Frost, depois de ter visto um que o Luís colocou no Prosimetron e de JJ (Substante) me ter dado uma referência,
encontrei :
A MINOR BIRD
I have wished a bird would fly away, / And not sing by my house all day; / Have clapped my hands at him from the door / When it seemed as if I could bear no more. / The fault must partly have been in me. / The bird was not to blame for his key. / And of course there must be something wrong / In wanting to silence any song.
15/04/2011
Parabéns, Leonardo da Vinci!


Leonardo da Vinci nasceu a 15 de Abril de 1452 em Vinci, Florença.
Escultura (1859-1872) de Pietro Magni, Piazza della Scala, Milão
Teve uma vida conturbada viveu em Florença, Milão, Roma, Bolonha e Veneza e depois partiu definitivamente para França vindo a perecer a 2 de Maio. de 1519, em Amboise numa casa presenteada pelo rei Francisco I.
14/04/2011
Coisas do espaço: argonautas

Museu Cívico de Pádua
À procura do Universo nascem os heróis. Não é Olimpo, nem tão pouco a polis que preocupa quem viaja numa nave-estação confinada a anos-luz da Terra, num espaço finito, numa infinitude negra com muitos pontos, estrelas, poeiras e silêncio...
Em que medida é que importa a guerra, a fome, o poder e as intrigas dos homens? Que sentido faz isto tudo?
Distante e em constante procura o que pensarão os argonautas? O que procuram: o velo de ouro? O início ou o fim de tudo? Um ponto de fuga, como os pintores e os músicos?
Não sei o que os argonautas procuram mas estes também levam consigo Orfeu, e foi precisamente este Orfeu que louvou o primeiro homem a conquistar o espaço: Yuri Gagarin, uma delícia.*
René Magritte, Porta (para mim da porta até ao Céu) daqui
* Vi pela primeira vez o dueto Cady Coleman e Ian Anderson no Jornal de Letras.
13/04/2011
"A Arte sempre foi isto", em memória de Beckett


INSTANTE
Que faria eu sem este mundo sem rosto sem perguntas
Onde o ser só dura um instante e onde cada instante
Transborda para o vazio o esquecimento de ter existido
Sem esta onda onde por fim
Corpo e sombra juntos se anulam
Que faria eu sem este silêncio poço fundo de murmúrios
Curvando-se a pedir socorro pedir amor
Sem este céu posto de pé
Sobre o pó do seu lastro
Que faria eu eu faria como ontem e como hoje
Olhando para a minha janela vendo se não estou sozinho
A errar e a mudar distante de toda a vida
preso num espaço incontrolável
Sem voz no meio das vozes
Que se fecham comigo.
Samuel Beckett, (tradução inédita de Mário Carvalheira) Retirado do Blog Uma Casa em Beirute
Erik Satie - Gnossienne No.1
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