Odilon Redon, The Crying Spyder, 1881,
(imagem da wikipédia depois de a ver no blog Sobre o Risco)
A arte sempre foi isto - interrogação pura, questão retórica sem a retórica - embora se diga que aparece pela realidade social.
Samuel Beckett in Novas Cartas (citador)
Samuel Beckett nasceu a 13 de Abril de 1906 em Dublin
INSTANTE
Que faria eu sem este mundo sem rosto sem perguntas
Onde o ser só dura um instante e onde cada instante
Transborda para o vazio o esquecimento de ter existido
Sem esta onda onde por fim
Corpo e sombra juntos se anulam
Que faria eu sem este silêncio poço fundo de murmúrios
Curvando-se a pedir socorro pedir amor
Sem este céu posto de pé
Sobre o pó do seu lastro
Que faria eu eu faria como ontem e como hoje
Olhando para a minha janela vendo se não estou sozinho
A errar e a mudar distante de toda a vida
preso num espaço incontrolável
Sem voz no meio das vozes
Que se fecham comigo.
Samuel Beckett, (tradução inédita de Mário Carvalheira) Retirado do Blog Uma Casa em Beirute
Erik Satie - Gnossienne No.1
Ana,
ResponderEliminarVou fazer de conta que este post é para mim...posso?posso?;)
Beijo muito grande
Bem retirado porque é muito bonito!!
ResponderEliminarMagnífico Beckett!!! Beckett vive. :)))))))))
ResponderEliminarJinhos.
Excelente post.
ResponderEliminarAdoro o poema.
Um bom dia.
Isabel
Gostei especialmente da aranha... Não gosto do bicho, mas gosta da pintura. Bj!
ResponderEliminarBlue,
ResponderEliminarSim. :)
Beijo muito grande
Pedro,
Muito obrigada!
JJ
Beckett vive sim.
Bjs. :)
Isabel,
Também adoro o poema tal como adoro o poeta e escritor.
Obrigada.
Um bom dia!
Margarida,
Já conhecia este desenho fabuloso, gosto de aranhas em arte e jóias, ao vivo não, mas não me fazem impressão, os ratos sim, ponho-me em cima da mesa!
Foi bom tê-la cá!
Bjs. :)
Gostei especialmente do poema.
ResponderEliminarA aranha perturba-me...
beijinho
Virgínia,
ResponderEliminarEsta aranha é perturbadora mas linda ao mesmo tempo. Julgo que liga bem com Beckett, a sua tristeza, a sua mordacidade.
Obrigada pela visita!
Bjs. :)
Admiro Beckett. Luto contra o absurdo que atravessa a sua obra.
ResponderEliminarHá tantos escritores reconhecidamente incontornáveis que transformaram o seu quotidiano num processo de criação inesgotável.
ResponderEliminarPara nossa sorte,claro.
Ainda bem.
Beckett, F Pessoa, Proust, V.Wolf, José Cardoso Pires, Lobo Antunes, Sophia Breyner, etc. (Claro que estou a omitir muita gente...)
É ou não excelente termos ao nosso dispor a obra deles como um legado cheio de generosidade?
Resposta óbvia: SIM!
Bjs, Ana
Manuel Poppe,
ResponderEliminarAcho Beckett um homem enigmático e talvez seja do que diz, o absurdo da sua obra. Julgo que ele soube viver os instantes.
Abraço!
JPD,
SIM. Que gira a sua ideia de generosidade, nunca tinha pensado que um escritor tinha a generosidade de oferenda da sua obra. É uma perspectiva interessante!
Bjs.