31/12/2014

Votos para o novo ano

Citação 1 - uns pássaros trouxeram-me a citação de Saramago que abarca com profundidade a relação entre os seres humanos.



Agradeço a quem me ofereceu esta ideia.

Detalhe de uma das seis tapeçarias da Dama e o Unicórnio, século XV (c.1490), 
Museu Nacional da Idade Média, antiga abadia de Cluny, Paris. (imagem cortesia do Google)

Votos para o novo ano:

Compreensão/Generosidade.
Lucidez/Sapiência.
Fortuna/Graça.
Beleza/Ser.
Amizade.
Alegria.
Paz.


Citação 2 -  retirada dum dos últimos livros que li este ano:

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. 
O que vemos não é o que vemos, senão o que somos.

Citação de Bernardo Soares [Livro do Desassossego, p. 387] no livro de 
Almeida Faria, O murmúrio do mundo. Lisboa: Tinta da China, 2012, p. 140.

 Bom Ano!


29/12/2014

2 versos do O'neill

Sabes por que se diz
                             «gemem os prelos?»
não penses que é por ti.

Dois versos de Aexandre O'neill de «A um poeta que deixou de comparecer nas antologias»
Poesias Completas, 1954-1984.
Impresso na Biblioteca Nacional no dia 14  de Novembro de 2014.
Edizioni Troppe Inchiostro

Agradeço os versos enviados por MR.

Duas imagens que caso com os dois versos de O'neill:
o Sol de Inverno
que parte muito rapidamente.

 Sábado 16:30 horas

Sábado, 17:10 horas

A brochura é muito bonita.

E um dos poemas de O'neill cantado por Mariza.

27/12/2014

Natal à volta da mesa... tradição e modernidade

O Natal já não é o que era... No entanto, o espírito mantém-se e passa-se mais tempo em família ao quentinho da lareira. O relógio dá as horas e a mesa está sempre posta. O Natal envolve comida e mais comida. Este ano a mesa vestiu-se de vermelho e verde (tradicional). Não faltaram as rabanadas, as filhoses, as broinhas, e outras coisas mais. Mas não foram só doces... as migas de bacalhau e o cabrito também fizeram parte da degustação. 
Depois resta a culpa, o sentimento que se come demais, as calorias que é preciso perder...



Recebi um presente gourmet com três tipos de chá (verde com ananás, preto com frutos vermelhos, orquídeas e especiarias e rooibos com pedaços de chocolate, amêndoa e hortelã-pimenta) e três compotas deliciosas: uma de maçã bravo de esmolfe, outra de maracujá com gengibre e pêra rocha com moscatel do Douro. Muito imaginativa a ideia dos autores que criaram a meia-dúzia. Um conceito interessante e delicado pois degusta-se mais comedidamente.



Eis pois, a tradição e a modernidade. Pequei neste Natal porque a gula esteve presente.

Para GL, o Menino Jesus de rabo para o ar, artesanato contemporâneo, assinado, Rodrigues.
(4 cm x 4 cm) 


23/12/2014

Feliz Natal!

Para todos um
FELIZ NATAL!
Encontrei esta porta e achei por bem juntar-lhe as Boas Festas. :))



21/12/2014

CANTO DO HUMANO - Fiama e Montaigne

Nesta quadra que vivemos talvez possamos ser mais humanos.

Fiama Hasse Pais Brandão, fotografia do blogue Assírio e Alvim.                Michel Montaigne, cortesia do Google
   

CANTO DO HUMANO                     

O que me deu Montaigne? Deu-me o livro                                     Biblioteca de Montaigne (1571)
em que diz que nada me é estranho,                              Nas vigas do tecto estão máximas em grego    
quando o território seu de cada dia                      
era toda a geografia percorrida.
Em Paris nada lhe é estranho,
presumivelmente os gatos vesgos,
o lixo citadino  as valas expostas
para os moribundos das variadas pestes.
Todo o divino lhe tinha sido dado
a pouco e pouco pelas gerações
de antecessores filósofos, e Montaigne
sobraçando os livros contemplou o Nada
que não lhe era estranho. Pelos olhos
todo o devir visível lhe apareceu
talvez ainda tão carnalmente
como o meu olhar que me esvazia.

Antes de Montaigne os olhos viam
a cena do mundo como alheia
e a tudo e todos o grande Cordeiro
sustinha na sua compaixão.
Talvez o mito da cidade caótica
com os vapores de vício e luxúria
seja a última alucinação romântica
do imaginário público. Canto
os novos mensageiros herméticos
que nos unem pelo pensamento.
Aceito esta cidade humana
excessivamente trémula e imprecisa
que se espelha no Rio, que nunca pára
desde que lhe chamaram Tejo os poetas
loquazes que no-lo imaginaram.
Porém canto a doença que é a face                                    
completa da saúde e canto
a morte de Montaigne, à qual não foi alheio,
como ele decerto soube de antemão,
e a nossa que não é já necessária.
Que a morte novamente, as dores, fadigas
nos pertençam com os seus opostos,
como nos pertence o espaço interestelar
que nos estava simultâneo e aberto
sem que Montaigne ainda o soubesse.

31/12/93

Fiama Hasse Pais Brandão, Cantos do Canto. Lisboa: Relógio d'Água, 1995, p. 22-23.                                            Foto Wikipedia

Obrigada Cláudia por me ter arranjado o livro.




17/12/2014

Família em visita à biblioteca

Uma família em visita à Biblioteca Pública de Salamanca


Em sintonia com o escritor Artur da Távola a biblioteca é um jardim de livros.

Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternura e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.

Trecho de Artur da Távola (Paulo Alberto M. Monteiro de Barros), do texto: "Ter ou não ter namorado, eis a questão" in  Amor a sim mesmo  (coletânea das crônicas de Távola). Editora: Círculo do Livro, 1984.

15/12/2014

Menino

O Papa Francisco benzeu as figurinhas do Menino Jesus que as crianças levaram à sua presença, na praça de São Pedro, antes de colocarem no presépio. 

Este Menino Jesus entrou este ano para a minha colecção.
(8 cm sem a coroa)

Versos do século XVII.

Violante do Céu [Soror] (c. 1602- 1693), Parnaso Lusitano de Divinos, e Humanos Versos
[Dois Tomos],  Lisboa, Miguel Rodrigues, 1733.

Diogo Bernardes (c.1520- c.1605), Obras Completas (Redondilhas)
Prefácio e notas de Marques Braga, Vol. III, Lisboa, 1946, p. 33. 

As poesias foram retiradas de um artigo que li de Isabel Morujão intitulado: "As Lágrimas do Menino Jesus: entre a doutrina e a poesia", in Via Spiritus, 2 (1995) pp. 131- 167. 



13/12/2014

Vassoura/arbítrio

Uma vassoura é uma vassoura
e nada mais do que isso.


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. 

 15-1-1928

Trecho de "Tabacaria" in Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993), p. 252.

A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino faz-nos pensar, perturba-nos,  parece desequilibrado, faz-nos querer desligar mas quando isso acontece: agarra-nos.
Saímos vazios? ... é como se uma vassoura varresse e separasse o que é certo e o que é errado, como se fosse o livre arbítrio.
O filme foi distinguido com a Palma de Ouro no festival de Cannes em 2013 e ganhou o Óscar de melhor filme estrangeiro em 2014.


 

11/12/2014

Todos os dias e não chega...








Foi ontem o Dia Internacional dos Direitos do Homem
 mas pode ser hoje e amanhã num relógio sem ponteiros. 

























Rogier van der Weyden - Descent from the Cross (detail) c. 1435, Prado Museum.
Cortesia do Google.

 

09/12/2014

Concerto de Natal

Concerto de Natal
8 de Dezembro de 2014, Dia da Imaculada Conceição, Padroeira da UC e da comemoração dos 830 anos da sagração do Altar-mor da Catedral de Coimbra.

ENSEMBLE VOCAL PRO MUSICA
CORO SINFÓNICO INÊS DE CASTRO
ORQUESTRA DO NORTE
Direcção José Ferreira Lobo
Petite Messe Solennelle Gioachino Rossini (1792-1868)

Altar-mor


ENSEMBLE VOCAL PRO MUSICA e CORO SINFÓNICO INÊS DE CASTRO
Orquestra do Norte

Fernando Guimarães (tenor) e Pedro Telles (barítono)
Ana Maria Pinto (soprano) e Cátia Moreso (meio-soprano)

Como não encontrei os cantores assinalados,
deixo aqui uma das peças cantadas - Glória - que encontrei no youtube. 

08/12/2014

A Imaculada e a coroa

Após um comentário de um anónimo, que acabei por tirar devido à descortesia do mesmo, aqui fica alguma explicação/introdução com os títulos a bold.

O rei e a padroeira de Portugal
D. João IV coroou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha e Padroeira de Portugal durante as cortes de 1646, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Trecho de um sermão sobre a Imaculada Conceição e a Universidade de Coimbra.

Na Historia Seráfica Chronologica da Ordem de S. Francisco na Província de Portugal, Fr. Fernando da Soledade dá conta do muito que “trabalharão e conseguirão [os filhos de S. Francisco] em applauso da Conceyção puríssima da Senhora”, de modo que, como diz, “não houve Bispado, Cabido ou Congregação aonde os nossos Frades não procurassem que se fizesse à Mãy de Deus semelhante obsequio” (p. 619). Nessa sequência, “intentarão mover a el Rey D. João IV que era devotíssimo deste Santo mysterio, a que o jurasse e fizesse jurar pellos Estados do Reyno. E para disporem melhor esta notável empreza, diligenciarão com o próprio Monarca ordenasse à universidade de Coimbra não desse grão a sugeyto algum sem o tal juramento". 
Prof. Doutor Fernando Taveira da Fonseca, A Imaculada Conceição e a Universidade de Coimbra Link

Francisco de Zurbarán, Imaculada Conceição, 1630-1635 
Museu do Prado Madrid

Um sermão onde se verifica a devoção pela futura padroeira.
(...), Verdade, mansidão e justiça vos hão de levar adiante, Vossas armas serão victoriosas, e vosso Reyno eterno. Que tudo vos está prometendo a soberana Raynha do Ceo, ó mãy de Deos com a assistência que faz a vossa mão direita, que se com essa mão aveis de mover a espada, que esta divina Senhora ajudarvo la a mover. Seja assi, Senhora, seja assi, e eu vos prometo em nome de todo este Reyno, que elle agradecido levante hum tropheo a Vossa Imaculada Conceição, que vencendo os séculos, seja eterno monumento da Restauração de Portugal.
 In BNP- Digital - do seguinte Sermão:



06/12/2014

Não se pode confiar...

... nos homens, principalmente no Homo politicus.



Todo el estudio de los políticos se emplea en cubrirle el rostro a la mentira para que parezca verdad, disimulando el engaño y disfrazando los designios. 

 Diego de Saavedra Fajardo

04/12/2014

Do riso

Frans Hals, vários retratos - o sorriso feminino. Os retratos encontram-se no Google.
O pintor consegue captar divinamente o riso/sorriso.

 “Aqueles que mais se riem por fora mais choram por dentro”
Padre António Vieira, in Sónia Salomão, As lágrimas de Heráclito, São Paulo: Editora 34, 2001. 

Portrait of a Woman 1655-60                                                     Isabella Coymans 1650-52


Portrait of a Woman Holding a Fan c. 1640    Isabella Coymans 1650-52

 
Portrait of an old woman in ruff collar, c.1633                 Portrait of a Woman, 1638

Portrait of a woman with approximately forty with entangled hands / Portrait of a Young Woman

  

Catharina Hooft with her Nurse 1619-20                             portrait Sara Andriesch Hessix, 1626








02/12/2014

Flor do quotidiano

 Passou o 1º de Dezembro, um dia em que Portugal se afirmou, nos idos de 1640. Passou um dia com sol e com amanheceres assim...
Nada mas mesmo nada é mais belo do que a Natureza, mesmo quando chora como o vulcão da ilha do Fogo.


Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é vôo de um pássaro
é uma canção.

(Dezembro de 1968)

Carlos Drummond de Andrade in Poemas de Dezembro (Link)

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