09/11/2010

Um auto-retrato com memórias... e Philip Roth

David Bailly nasceu em Leiden, em 1584, e tornou-se famoso pelos seus retratos, naturezas mortas e "vanitas" (vaidades). Faleceu na mesma cidade em 1657.

David Bailly, Auto-Retrato Com os Objectos da Vaidade, 1651


Óleo sobre tela, 65 x 97,5 cm, Stedelijk Museum De Lakenhal, Leiden

Ao ler o livro de Philip Roth, Todo-o-Mundo, lembrei-me deste auto-retrato porque o livro é uma narrativa sobre o indivíduo e o combate contra a mortalidade, ligada à história de uma família judia em Nova Iorque. O autor revela a relação íntima do sujeito com o corpo humano e as limitações da doença ao longo da vida.
Roth toca com alguma leveza e superficialidade temas profundos como, o amor, o casamento, o prazer, a família e a morte. É um livro nostálgico e com a impressão de um tempo que flui rapidamente. Ou seja os ponteiros do relógio andam vertiginosamente entre a infância e a vida adulta, num tempo linear. Li o livro num ápice mas ficou aquém das expectativas.

A associação com a tela apresentada está subjacente no tema da morte, do conhecimento (auto-conhecimento), da vaidade e das memórias que se constroem a partir de um conjunto de objectos.

A ligação com a música está patente na referência à morte e à nostalgia.
Danse Macabre de Camille Saint-Säens; piano: Thierry Huillet, violon: Clara Cernat.

7 comentários:

  1. Gostei muito deste auto-retrato. Não sei se já o tinha visto e gostava de saber qual é a interpretação "oficial" daqueles retratos todos.
    Bom dia!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Também apreciei este retrato por estar rodeado de memórias. Intrigou-me o facto do pintor ter na mão um retrato que parece seu, mas pode não ser.
    São múltiplas histórias por desvendar.
    Gostaria de conhecer a interpretação "oficial" mas o tempo só me dá para a contemplação e a ligação aos meus pensamentos.
    ...É uma luta com o tempo.
    Bom dia, Margarida! :)

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  4. Boa tarde Ana

    Se me permite, gostaria de dar o meu pequeno contributo para a interpretação "oficial" deste belíssimo quadro.

    Como sabe, ele insere-se nas expressões artísticas, muito em voga nos séculos XVI e XVII, sobre a efemeridade da vida humana e a inevitabilidade da morte - as Vanitas.

    O retrato que o pintor tem na mão é efectivamente o seu com a particularidade da antevisão da sua velhice. Na minha opinião, muito interessante o jogo "retrato dentro do retrato"...

    Gosto muito de visitar o seu espaço.

    Grata pela atenção

    Virgínia

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  5. Cara Virgínia Jorge,

    Muito obrigada pela sua visita e pelo contributo utilíssimo que aqui deixou.

    Desejo que venha mais vezes e contrinbua para enriquecer este espaço como desta vez. Também adoro o "jogo do retrato dentro do retrato" e a antevisão da velhice.

    Foi um prazer ler o seu comentário.
    Boa tarde!

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  6. É dos autores americanos contemporâneos que mais aprecio.
    Cheguei a pensar que este ano a Academia lhe atribuiria o Nobel.
    Bjs

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  7. JPD,
    Este livro é um livro difícil por causa do tema. Foi consciente a minha escolha porque precisava de me inteirar da questão da morte na literatura nova iorquina mais recente.

    Já há uns tempos que não lia literatura americana. Este livro deixou-me um sabor de vazio, o livro tocou-me mas ao mesmo tempo esvaziou-me. Talvez por causa do tema.
    Voltarei a Roth.
    Também pensei que ele iria ganhar por ter já uma série de prémios.

    Obrigada pela visita.
    Abraço! :)

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