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27/01/2021

Le poème/ Poesis



Monde  lointain

toujours plus lointain

sous le soleil radieux

                                    Mizuhara Shûôs, p. 27

Obrigada MR



SOU A PALAVRA

Sou a palavra

o verso

a estrofe e o poema

o Sete-Estrelo da alva

Aquela

em quem dói o tempo

e só a poesia salva


Maria Teresa Horta, p.65

Obrigada Cláudia e Alexandra da Livraria Lumière

Com a gentileza do youtube


08/10/2015

"E a magia do azul..."

Marc Chagall, Adam e Eve chassés du paradis, 1961,

Musée National Méssage Biblique, Marc Chagall Nice

No princípio era o azul

No princípio era o azul
sem marcas nem fronteira
tudo fluía sem regra ou maneira
num imenso manto de tule

Reza um escrito muito antigo
quando ainda escrita não havia
que no dia que se fez dia
criou Deus a Eva cor de trigo

E a magia do azul fez-se em dois
sublimando diferente o céu do mar
e fixou Deus a ordem primeira: amar
Só então surgiu Adão, depois



Agostinho daqui ( O Mundo é Grande)


10/06/2015

Uma flor para Camões e outra...

               BOM FERIADO!
Não tenho feriado, estou a trabalhar e por aqui não é Dia de Portugal. Por isso gozem por mim.:))

 XIII
Num jardim adornado de verdura,
Que esmaltavam por cima várias flores,

Entrou um dia a deusa dos amores,
Com a deusa da caça e da espessura.                
                                                 
Diana tomou logo ũa rosa pura,
Vénus um roxo lírio, dos melhores;
Mas excediam muito às outras flores
As violas na graça e formosura.

Perguntam a Cupido, que ali estava,
Qual de aquelas três flores tomaria
Por mais suave e pura, e mais formosa.

Sorrindo-se o menino lhes tornava:
Todas formosas são; mas eu queria

Viola antes que lírio, nem que rosa.                                      

Luís Vaz de Camões, cortesia do Google, [Camões lírico]


e outra para quem fala de flores

Detalhe da Primavera de Botticelli, Galeria Uffizi, Florença


Primavera, by Sandro Filipepi Known as Botticelli, 1478 about, 15th Century, thick tempera on panel, cm 203 x 314 . : Arte
«O que é que faz das plantas um ritual for all seasons? O que é que as torna tão presentes, e, por isso mesmo, tão indiferentemente transparentes às circunstâncias da vida humana? Porque é que às plantas emprestamos as qualidades da urbanidade, da serenidade e do conforto? É porque são silenciosas, pura e simplesmente mudas e inócuas? Ou porque, precisamente pelo seu silêncio, nos murmuram constantemente as letras do seu segredo, essa sua intransponível proximidade com o animal, sedutora distância que alimenta as nossas fantasias? O que me interessa nas plantas não é a sua vida, mas a sua imagem no coração dos homens e as razões por que as tornámos comparsas privilegiados do nosso destino.»


António Mega Ferreira, Hotel Locarno. Lisboa: Sextante, 2015, pp. 122-123.






11/08/2014

As armas...

Se amassem as pombas...


«As armas são instrumentos de má sorte; empregá-las por muito tempo produzirá calamidades.»

Sun Tzun A Arte da Guerra. Peru: Los Libros Mas Pequeños del Mundo, 2008, p. 46


Um mini-livro da minha colecção, mede 6,5 X 4,5 cm.


Fotografia da Wikipedia, O início de A Arte da Guerra
em um livro de bambu da época do reino do Imperador Qianlongséculo XVIII.

Para a Isabel

29/05/2014

A INVISIBILIDADE DE DEUS




 A INVISIBILIDADE DE DEUS

dizem que em sua boca se realiza a flor
outros afirmam:
                       a sua invisibilidade é aparente
mas nunca toquei deus nesta escama de peixe
onde possamos compreender todos os oceanos
nunca tive a visão de sua bondosa mão

o certo
é que por vezes morremos magros até ao osso
sem amparo e sem deus
apenas um rosto muito belo surge etéreo
na vasta insónia que nos isolou do mundo
e sorri
dizendo que nos amou algumas vezes
mas não é o rosto de deus
nem o teu nem aquele outro
que durante anos permaneceu ausente
e o tempo revelou não ser o meu

Al Berto, O Medo. Lisboa: Assírio e Alvim, 1987.

 

23/12/2013

Feliz Natal, Boas festas!

Desejo a todos um doce e Feliz Natal!

SURDINA DE NATAL 

Ó David    Ó Inês
Vamos ver o Menino
inda mais pequenino 
que vocês

Vamos vê-lo tapado
sob o céu do futuro
com a sombra de um muro
a seu lado

Vamos vê-lo nós três
novamente a nascer
Vamos ver se vai ser
desta vez

"Surdina de Natal para os meus netos", David Mourão-Ferreira in O Natal na Poesia Portuguesa. (Introdução e selecção de Luiz Forjaz Trigueiros), Porto: Dinalivro, 1987, p. 155


15/09/2013

"Fiz um conto para me embalar"

Flores para a Cláudia e 
para a Natália Correia


Fiz um conto para me embalar

Fiz com as fadas uma aliança.
A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.

Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.                                                              
Rosas fatais, as três donzelas                                                            
A mão de espuma as desfolhou.
Nenhum soube para qual delas
O príncipe do mar cantou.                                                                         Detalhe*
         
Um poema da Natália Correia que trouxe da Livraria Lumière. Obrigada Cláudia pela beleza do poema.

*Natureza-Morta: Flores com Relógio de Bolso, de Willem van Aenlst, 1663, Rijksmuseum   



28/06/2013

Creio...

Anjo?  Dónath Gyula (1850-1909)
Galeria Nacional de Buda, Budapeste

Creio nos Anjos que Andam pelo Mundo

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

Natália Correia in Os Poemas da Minha Vida, escolha de António Ramalho Eanes, Ed: público Lisboa, p. 94.

  

07/06/2013

"Macaco de rabo cortado"

(Jardim Zoológico, Lisboa)

De uma história infantil que tinha no meu livro da primária - O Macaco do rabo cortado:

O macaco subiu [...] para cima do telhado e cantou: 

"Do rabo fiz navalha,
da navalha fiz sardinha, 
da sardinha fiz farinha, 
da farinha fiz menina, 
da menina fiz camisa, 
da camisa fiz viola, e
 eu vou para Angola".


20/01/2012

Chave

Há dias em que a concha se devia fechar e o sono ganhar à insónia.


A porta está fechada e a chave perdida num mar de ilusões.


Perdeu-se a pérola no fundo do oceano e as sereias em silêncio aguardam as naus que não chegam.


Será sob a lua crescente que a noite se tornará dia?



Detalhe de uma porta em Toledo


15/11/2011

Caleidoscópio

Como um caleidoscópio, Duomo, Milão







CALEIDOSCÓPIO

Não fales... Aconteces demasiado... Tenho pena de te estar vendo... Quando serás tu apenas uma saudade minha? Até lá quantas tu não serás? E eu ter de julgar que te posso ver, é uma ponte velha onde ninguém passa... A vida é isto. Os outros abandonaram os remos... Não há já disciplina nas coortes... Foram-se os cavaleiros com a manhã e o som das lanças… Teus castelos ficaram esperando estar desertos... Nenhum vento abandonou os renques das árvores ao cimo… Pórticos inúteis, baixelas guardadas, prenúncios de profecias — isso pertence aos crepúsculos posternados nos templos e não agora, ao encontrarmo-nos, porque não há razões para tílias dando sombra senão teus dedos e o seu gesto tardio...
Razão de sobra para territórios remotos... Tratados feitos por vitrais de reis... Lírios de quadros religiosos... Por quem espera o séquito?... Por onde se ergueu a águia perdida?
s.d.

Bernardo Soares (Fernando Pessoa), Livro do Desassossego, Vol.I. (Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Coimbra: Presença, 1990, p.82.

21/09/2011

Graça Morais uma das minhas escolhas

Graça Morais é uma das pintoras portuguesas que admiro. As histórias que narra nas pinturas, desde sonhos da infância aos retratos de mulheres e o seu quotidiano fascinam-me. Há quem veja semelhanças e influências entre a sua pintura e a da Paula Rêgo. Talvez haja algum paralelismo mas Graça Morais é quanto a mim mais serena.


Na Galeria Ratton, em Lisboa, decorre uma exposição de Graça Morais intitulada "O tempo das cerejas e papoilas, Trás-os-Montes" desde 23 de Setembro a 11 de Novembro de 2011, como se pode ver no desdobrável.



Graça Morais, O Lamento da Gaivota à Mãe de Vasco da Gama, 1994



Carvão e pastel sobre papel, 178 x 208 cm.





12/09/2011

"O Tempo"... um lamento!





Não concordo inteiramente mas...





O tempo não nos torna mais sábios, apenas mais cobardes.



Carlos Ruiz Zafón, Marina, Lisboa: Planeta, 2010, p.259 (trad. Maria do Carmo Abreu)


Faz tempo que tenho problemas com o blogue, desapareceram "Outras Culturas" e "seguidores", mudei de modelo e apareceu o que havia desaparecido. Apesar de ter recuperado os elementos nunca mais voltaram ao modelo inicial, isto é, aparecerem do lado esquerdo. Passaram então, para o final do blogue. Finalmente, parece que voltei a ter tudo no lugar.



Alguns amigos disseram-me que não conseguiam ver o blogue. Depois de tantas vicissitudes e de esperar que o blogger repusesse o que estava mal decidi vestir o modelo mais simples para pelo menos chegar a todos. Lamento estes contratempos. Agradeço a todos a visita e a companhia.


15/05/2011

O vento é ira, ira é vida - cidade de Lorca

A pensar nos habitantes de Lorca que padecem da ira da natureza


Marc Chagall, Orfeu. 1913-1914.




Óleo sobre tela, 42.5x56.2 cm. Colecção privada.

Silêncio

Ele é vazio e sem promessa. Se ao menos houvesse o vento.
O vento é ira, ira é a vida.

Clarice Lispector, Contos de Clarice Lispector, Lisboa: Relógio de Água, 2006, p. 264.

10/05/2010

Possente Spirto - Vittorio Prato, Nota Azul em tom de amizade!

Não sei se c.a. passará por aqui mas deixo-lhe Orfeu numa nota azul/noite, pensado a partir de um post que colocou.
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Para que encontre a serenidade que precisa.

Possente Spirto, III acto da ópera Orfeu de Monteverdi. Vittorio Prato (tenor)
Teatro Ponchielli - Festival de Cremona,Orquestra Barroca de Veneza,Coro: Costanzo Porta, director: A.Marcon, maestro: A.Cigni,encenação L.Cutuli;

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