Pela primeira vez, acudia-lhe à ideia uma palavra: futuro, e outra palavra: horizonte. Naquelas noites, as ruas desertas e silenciosas do bairro eram linhas de fuga que, todas elas, conduziam ao futuro e ao HORIZONTE.
Patrick Modiano, O Horizonte, Porto: Porto Editora, 2011, p. 54.
Modiano vagueia na cidade, entre edifícios de betão, em ruas e encruzilhadas, numa atmosfera de regresso ao passado, As memórias revelam sempre a solidão, os passeios sem rumo, à procura do horizonte. Pablo Neruda faz o mesmo trajecto, porém, nele, o mar é a substância maior. Quando não temos o mar, a cidade pode preencher esse espaço mas o horizonte fica sempre mais longe.
El mar
NECESITO del mar porque me enseña:
no sé si aprendo música o conciencia:
no sé si es ola sola o ser profundo
o sólo ronca voz o deslumbrante
suposición de peces y navios.
El hecho es que hasta cuando estoy dormido
de algún modo magnético circulo
en la universidad del oleaje.
No son sólo las conchas trituradas
como si algún planeta tembloroso
participara paulatina muerte,
no, del fragmento reconstruyo el día,
de una racha de sal la estalactita
y de una cucharada el dios inmenso.
Lo que antes me enseñó lo guardo! Es aire,
incesante viento, agua y arena.
Parece poco para el hombre joven
que aquí llegó a vivir con sus incendios,
y sin embargo el pulso que subía
y bajaba a su abismo,
el frío del azul que crepitaba,
el desmoronamiento de la estrella,
el tierno desplegarse de la ola
despilfarrando nieve con la espuma,
el poder quieto, allí, determinado
como un trono de piedra en lo profundo,
substituyó el recinto en que crecían
tristeza terca, amontonando olvido,
y cambió bruscamente mi existencia:
di mi adhesión al puro movimiento
Pablo Neruda
El mar - Poemas de Pablo Neruda http://www.poemas-del-alma.com/pablo-neruda-el-mar.htm#ixzz3YYCjkf3M
Homenagem a Maya Plisetskaya que o dia 2 de Maio deixou o nosso horizonte.
Com 61 anos dançava assim:
Uma homenagem muito bonito em mais um post de excelência, ana.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Obrigada, Pedro.
EliminarBoa semana.
Beijinho. :))
~~ Gostei de ver reunidos - com conexão inteligente - estas personagens
ResponderEliminarportadoras de talentos raros, excelentes e muito peculiares.
~~ Lamento sempre a partida precoce de Pablo Neruda e recordo o adeus,
emocionante e tão especial, primorosamente descrito por Isabel Allende,
em «A casa dos Espíritos». Repousa na Isla Negra junto ao amado mar...
~~ Imagino que o funeral de Maya - o magnífico cisne - também seja muito
sentido e executado com honras muito especiais.
~~~~~ Beijinhos desejando dias serenos e felizes. ~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Sim, Ana, a beleza é necessária e eterna: o mar, o porto, o horizonte, uns versos e a leveza de uma Plissetzkaya...
EliminarUm belo post sem dúvida! Boa semana...
Obrigada Majo.
EliminarEntrou no espírito do meu registo.
Nos jornais televisivos, que é a única coisa que vejo na TV, não dizem nada, é lamentável.
Beijinho. :))
Obrigada Majo.
EliminarEntrou no espírito do meu registo.
Nos jornais televisivos, que é a única coisa que vejo na TV, não dizem nada, é lamentável.
Deixo aqui o comentário porque não consigo mais acima. Mistérios...
MJ,
Obrigada.
Uma boa semana.
Beijinho. :))
Beijinho.
Olhares, sensibilidades, diversidades, proximidades... Baterá o coração à dimensão do olhar de cada um?
ResponderEliminarGrato, Ana.
Um beijinho :)
Muito obrigada, AC.
EliminarTenho muito gosto em vê-lo por cá.
Beijinho.:))
Mais uma excelente partilha
ResponderEliminarBjs
Obrigada, Mar Arável.
EliminarBoa noite. :))
Gostei especialmente da fotografia.
ResponderEliminarÉ na Figueira?
E ballet, adoro sempre!
Beijinhos:)
Obrigada, Isabel.
EliminarÉ a Figueira da Foz, sim.
Partilhamos dos mesmos gostos.
Beijinho. :))
Já li alguns livros dele, mas este não.
ResponderEliminarBeijinhos.:))
Trouxe-o da biblioteca. Gostei de ler. Ando numa fase de muito trabalho e é um bom autor para ler nesta altura.
EliminarBeijinho.:))
Para lá do azul
ResponderEliminarO horizonte fica sempre para lá do azul. :))
EliminarBoa tarde.:))
A Ana é boa casamenteira. Fazer a ligação entre estas três personagens, com sensibilidade e elegância, não é para todos.
ResponderEliminarE alarga os meus horizontes na vastidão deste mar com estes "sonhar1000". Na foto esperava ou partia? No ou do "cais" de Buarcos?
Agostinho,
ResponderEliminarObrigada. A ligação entre coisas é um exercício, uma espécie de desafios, a procura de um padrão. Digamos um vício.
Na foto queria partir mas estava estática para tornar possível o momento.:))
Tirada, em Buarcos, junto à Tamagueira.
Boa noite. :))
Fotografia magnífica !
ResponderEliminarUma opção que dá o tom a este excelente post.
O horizonte sempre longe... a evocação do mar amado de Neruda... o brando som e movimento das ondas... o esvoaçar das pálidas nuvens...
Harmonia perfeita, bela homenagem, bela partilha .
Um beijinho.
Obrigada, Manuela.
ResponderEliminarUm beijinho grato pela sua passagem aqui.:))