Na Quinta das Lágrimas, no Jardim Japonês, criado pela arquitecta paisagista Doutora Cristina Castel-Branco, assisti à arte do chá: rito efectuado pela Professora Ayano Shinzato, do curso de Japonês da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Um convite que a professora fez aos seus alunos para vivenciar a arte do chá e a harmonia do jardim japonês, à procura do simbolismo, da estética, da busca do silêncio e da meditação. Enfim, demonstrar como esta arte liberta as coisas de somenos importância, à procura do que é verdadeiramente importante - a Verdade.
Neste momento de beleza foi recordada a tragédia que o Japão vivencia e foram homenageados os 50 japoneses que estiveram e estão expostos a taxas de radioactividade letal. Quero também registar que mais 50 voluntários se apresentaram para a mesma tarefa sendo designados os novos Kamikases.
O meu agradecimento à professora e à arquitecta paisagista que nos deram uma bela lição sobre os jardins japoneses, a sua simbologia e estética.
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A Arte do Chá no jardim Japonês da Quinta das Lágrimas, Coimbra
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«Segundo a tradição da gente japonesa, Darumá, o grande apóstolo indiano do budismo, veio à China aí pelo começo do século VI da nossa era cristã, e em terras chinesas pregou em honra da verdade, iluminando o espírito dos povos [...] certa noite, as pálpebras se lhe cerraram de fadiga, e o bom Darumá deixou-se adormecer, para só acordar pela manhã. Então, pedindo a alguém uma tesoura ou instrumento parecido, cortou a si próprio as pálpebras indignas e arremessou-as ao solo, num gesto de despeito... As pálpebras, por milagre, enraizaram, dando nascença a um gracioso arbusto nunca visto, que medrou muito de pronto e cujas folhas, tratadas de infusão pela água quente, foram um remédio precioso contra o sono e contra o cansaço das vigílias. Estava conhecido o chá; tem pois na China a sua origem, e é coisa santa, como se acaba de provar.. »
Venceslau de Morais – O culto do chá. 2.ª ed. Lisboa: Vega, 1996, p. 17-18. Com desenhos de Yoshiaki
Venceslau de Morais – O culto do chá. 2.ª ed. Lisboa: Vega, 1996, p. 17-18. Com desenhos de Yoshiaki
Dedico este post a todos os Japoneses e, em particular, a Luís Afonso e à sua família directa que vivem Hakata/Fukuoka, Kyushu, Japão.
Gostaria de presenciar o ritual da preparação do chá mas ainda não tive essa oportunidade. Porque gosto da gastronomia japonesa , vou com frequência a restaurantes japoneses, só que estes são ocidentalizados: mesas e cadeiras ou bancos corridos e chá já preparado num bule! Sei que existe pelo menos um aqui na cidade (e talvez mais que um) que tem salas tatami. Aí, sim, devem preparar o chá seguindo os rigorosos rituais.
ResponderEliminarOs kamikase - 'sopro de Deus'.
ResponderEliminarBonita a sua referencia, os porques e pra ques desse ritual, variado e sagrado.
Bonito e triste, mais belo antes de tudo.
bjs - aliás 5
"se gosta de chá passa na cozinha que tem receitinha"
Tenho muita curiosidade relativamente a esta cerimónia ancestral. E aquela que aqui descreve, no cenário em que ocorreu, terá sido uma experiência a perdurar na memória.
ResponderEliminarBelíssimo post, Ana.
Um bom Domingo! :)
Que maravilha de experiência. Bom Domingo!
ResponderEliminarCatarina,
ResponderEliminarPor uma questão de cortesia não fotografei com o pormenor que gostaria. A delicadeza japonesa levou-me a ter esta atitude, embora tenha pedido autorização.
Não tem nada a ver com o que fazem nos restaurantes japoneses.
Eu fui convidada porque a minha família está a tirar um curso de japonês o que infelizmente, agora não posso.
Entrámos e sentaram-nos no chão. Eu estava distante e não quis aproximar-me para fotografar. Do jardim falarei outra vez.
Julgo que ia gostar muito. Foi divinal e não tem nada a ver com o chá que nós fazemos.
Bjs. :)
Cozinha dos Vurdóns,
Obrigada pela vossa sensibilidade, doçura e beleza. Irei ao vosso chá. :)
Foi belo, sim.
5 Bjs! :)
Sara,
Obrigada. Foi belo e eles não gostam de denominar cerimonial mas sim "arte do chá". A explicação, o momento e o silêncio foram encantadores!
Abraço! :)
Margarida,
É isso mesmo maravilhoso. Bom Domingo! Bjs. :)
Os jardins japoneses são de uma beleza incomparável.
ResponderEliminarA arte do chá é algo que ainda não experienciei.
A seu tempo.
Venho dizer-lhe que é lindo tudo o que nos mostra da cerimónia do chá.
ResponderEliminarMais um pouco da delicadeza do japonês e do Japão.
Um beijinho
Obrigado Ana, especialmente pela parte que me toca, a mim e aos meus, permitindo-me só esclarecer que me acho bastante longe de Tóquio (em Fukuoka a cerca de 800 km da capital Nipónica), junto com a minha mulher e sogros.
ResponderEliminarA restante família acha-se sobretudo espalhada por Tohoku (Nordeste do Japão), com efeito a zona mais afectada pela catástrofe de 11.03, mas sem baixas a assinalar, Graças a Deus.
Um beijinho e minhas mais amigáveis saudações a toda a família.
Luís Filipe Afonso, Hakata/Fukuoka, Kyushu, Japão
Pedro Coimbra,
ResponderEliminarTem que presenciar é uma experiência única!
Sobre os jardins Japoneses tenho um livro e sobre o Budismo Zen, vários, embora não siga esta religião ela é muito bela, com um sentido da vida e do vazio inexprimível.
Obrigada pela visita.
MJ Falcão,
Voltarei a falar do ritual com um pouco mais de pormenor, imagens é que não tenho, por me embaraçar a intrusão num momento de especial delicadeza.
Obrigada e um beijinho. :)
Luís Afonso,
Obrigada pela sua rectificação, para nós, cá tão longe, Tóquio é o que conhecemos melhor.
Fiquei contente pela sua família e por si, um "bárbaro" :) em terras nipónicas.
Espero que o vento leve tudo para o mar e a terra volte a ter a paz que precisa, para que a dignidade seja recompensada.
Tão delicado, secreto, fascinante!
ResponderEliminarQue momento especial e bonito! Obrigada pela partilha, Ana! Assim, foi como se estivessemos la tambem! :-)
ResponderEliminarBem haja!
Bjs!
Manuel Poppe,
ResponderEliminarÉ realmente secreto, belo e fascinante!
Abraço. :)
Sandra,
Amanhã desvendo mais acerca do ritual do chá. Obrigada por ter gostado!
Bjs. :)