20/03/2011

Um chá a pensar nos 50 japoneses que morrem para salvar o seu povo.

Na Quinta das Lágrimas, no Jardim Japonês, criado pela arquitecta paisagista Doutora Cristina Castel-Branco, assisti à arte do chá: rito efectuado pela Professora Ayano Shinzato, do curso de Japonês da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Um convite que a professora fez aos seus alunos para vivenciar a arte do chá e a harmonia do jardim japonês, à procura do simbolismo, da estética, da busca do silêncio e da meditação. Enfim, demonstrar como esta arte liberta as coisas de somenos importância, à procura do que é verdadeiramente importante - a Verdade.

Neste momento de beleza foi recordada a tragédia que o Japão vivencia e foram homenageados os 50 japoneses que estiveram e estão expostos a taxas de radioactividade letal. Quero também registar que mais 50 voluntários se apresentaram para a mesma tarefa sendo designados os novos Kamikases.

O meu agradecimento à professora e à arquitecta paisagista que nos deram uma bela lição sobre os jardins japoneses, a sua simbologia e estética.

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A Arte do Chá no jardim Japonês da Quinta das Lágrimas, Coimbra

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«Segundo a tradição da gente japonesa, Darumá, o grande apóstolo indiano do budismo, veio à China aí pelo começo do século VI da nossa era cristã, e em terras chinesas pregou em honra da verdade, iluminando o espírito dos povos [...] certa noite, as pálpebras se lhe cerraram de fadiga, e o bom Darumá deixou-se adormecer, para só acordar pela manhã. Então, pedindo a alguém uma tesoura ou instrumento parecido, cortou a si próprio as pálpebras indignas e arremessou-as ao solo, num gesto de despeito... As pálpebras, por milagre, enraizaram, dando nascença a um gracioso arbusto nunca visto, que medrou muito de pronto e cujas folhas, tratadas de infusão pela água quente, foram um remédio precioso contra o sono e contra o cansaço das vigílias. Estava conhecido o chá; tem pois na China a sua origem, e é coisa santa, como se acaba de provar.. »

Venceslau de Morais – O culto do chá. 2.ª ed. Lisboa: Vega, 1996, p. 17-18. Com desenhos de Yoshiaki




Dedico este post a todos os Japoneses e, em particular, a Luís Afonso e à sua família directa que vivem Hakata/Fukuoka, Kyushu, Japão.

12 comentários:

  1. Gostaria de presenciar o ritual da preparação do chá mas ainda não tive essa oportunidade. Porque gosto da gastronomia japonesa , vou com frequência a restaurantes japoneses, só que estes são ocidentalizados: mesas e cadeiras ou bancos corridos e chá já preparado num bule! Sei que existe pelo menos um aqui na cidade (e talvez mais que um) que tem salas tatami. Aí, sim, devem preparar o chá seguindo os rigorosos rituais.

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  2. Os kamikase - 'sopro de Deus'.
    Bonita a sua referencia, os porques e pra ques desse ritual, variado e sagrado.

    Bonito e triste, mais belo antes de tudo.

    bjs - aliás 5
    "se gosta de chá passa na cozinha que tem receitinha"

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  3. Tenho muita curiosidade relativamente a esta cerimónia ancestral. E aquela que aqui descreve, no cenário em que ocorreu, terá sido uma experiência a perdurar na memória.
    Belíssimo post, Ana.
    Um bom Domingo! :)

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  4. Que maravilha de experiência. Bom Domingo!

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  5. Catarina,
    Por uma questão de cortesia não fotografei com o pormenor que gostaria. A delicadeza japonesa levou-me a ter esta atitude, embora tenha pedido autorização.
    Não tem nada a ver com o que fazem nos restaurantes japoneses.
    Eu fui convidada porque a minha família está a tirar um curso de japonês o que infelizmente, agora não posso.
    Entrámos e sentaram-nos no chão. Eu estava distante e não quis aproximar-me para fotografar. Do jardim falarei outra vez.
    Julgo que ia gostar muito. Foi divinal e não tem nada a ver com o chá que nós fazemos.
    Bjs. :)

    Cozinha dos Vurdóns,
    Obrigada pela vossa sensibilidade, doçura e beleza. Irei ao vosso chá. :)
    Foi belo, sim.
    5 Bjs! :)

    Sara,
    Obrigada. Foi belo e eles não gostam de denominar cerimonial mas sim "arte do chá". A explicação, o momento e o silêncio foram encantadores!
    Abraço! :)

    Margarida,
    É isso mesmo maravilhoso. Bom Domingo! Bjs. :)

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  6. Os jardins japoneses são de uma beleza incomparável.
    A arte do chá é algo que ainda não experienciei.
    A seu tempo.

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  7. Venho dizer-lhe que é lindo tudo o que nos mostra da cerimónia do chá.
    Mais um pouco da delicadeza do japonês e do Japão.
    Um beijinho

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  8. Obrigado Ana, especialmente pela parte que me toca, a mim e aos meus, permitindo-me só esclarecer que me acho bastante longe de Tóquio (em Fukuoka a cerca de 800 km da capital Nipónica), junto com a minha mulher e sogros.
    A restante família acha-se sobretudo espalhada por Tohoku (Nordeste do Japão), com efeito a zona mais afectada pela catástrofe de 11.03, mas sem baixas a assinalar, Graças a Deus.

    Um beijinho e minhas mais amigáveis saudações a toda a família.

    Luís Filipe Afonso, Hakata/Fukuoka, Kyushu, Japão

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  9. Pedro Coimbra,
    Tem que presenciar é uma experiência única!
    Sobre os jardins Japoneses tenho um livro e sobre o Budismo Zen, vários, embora não siga esta religião ela é muito bela, com um sentido da vida e do vazio inexprimível.
    Obrigada pela visita.

    MJ Falcão,
    Voltarei a falar do ritual com um pouco mais de pormenor, imagens é que não tenho, por me embaraçar a intrusão num momento de especial delicadeza.
    Obrigada e um beijinho. :)

    Luís Afonso,
    Obrigada pela sua rectificação, para nós, cá tão longe, Tóquio é o que conhecemos melhor.
    Fiquei contente pela sua família e por si, um "bárbaro" :) em terras nipónicas.
    Espero que o vento leve tudo para o mar e a terra volte a ter a paz que precisa, para que a dignidade seja recompensada.

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  10. Que momento especial e bonito! Obrigada pela partilha, Ana! Assim, foi como se estivessemos la tambem! :-)
    Bem haja!
    Bjs!

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  11. Manuel Poppe,
    É realmente secreto, belo e fascinante!
    Abraço. :)

    Sandra,
    Amanhã desvendo mais acerca do ritual do chá. Obrigada por ter gostado!
    Bjs. :)

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