Nas minhas divagações sobre a essência da humanidade: Quem somos? Para onde vamos? O que queremos?, cheguei a este trecho de Eugénio de Andrade.
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Mário Botas, Eugénio de Andrade, 1980.
Tinta da china
Poética
Texto ou Antologia para Prosa
"O futuro do homem é o homem", estamos de acordo. Mas o homem do nosso futuro não nos interessa desfigurado. Este animal triste que nos habita há milhares de anos, cujas possibilidades estamos tão longe de conhecer, é o fruto de uma desfiguração - acção de uma cultura mais interessada em ocultar ao homem o seu rosto do que em trazê-lo, belo e tenebroso, à luz limpa do dia. É contra a ausência do homem no homem que a palavra do poeta se insurge, é contra esta amputação no corpo vivo da vida que o poeta se rebela. E se ousa "cantar no suplício" é porque não quer morrer sem se olhar nos seus próprios olhos, e reconhecer-se, e detestar-se, ou amar-se, se for caso disso, no que não creio. De Homero a S. João da Cruz, de Virgílio a Alexandre Blok, de Li Bay a William Blake, de Bashô a Kavafis, a ambição maior do fazer poético foi sempre a mesma: Ecce Homo, parece dizer cada poema.
Texto ou Antologia para Prosa
"O futuro do homem é o homem", estamos de acordo. Mas o homem do nosso futuro não nos interessa desfigurado. Este animal triste que nos habita há milhares de anos, cujas possibilidades estamos tão longe de conhecer, é o fruto de uma desfiguração - acção de uma cultura mais interessada em ocultar ao homem o seu rosto do que em trazê-lo, belo e tenebroso, à luz limpa do dia. É contra a ausência do homem no homem que a palavra do poeta se insurge, é contra esta amputação no corpo vivo da vida que o poeta se rebela. E se ousa "cantar no suplício" é porque não quer morrer sem se olhar nos seus próprios olhos, e reconhecer-se, e detestar-se, ou amar-se, se for caso disso, no que não creio. De Homero a S. João da Cruz, de Virgílio a Alexandre Blok, de Li Bay a William Blake, de Bashô a Kavafis, a ambição maior do fazer poético foi sempre a mesma: Ecce Homo, parece dizer cada poema.
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Eugénio de Andrade,in " Afluentes do Silêncio", Editorial Inova Limitada, Dezembro 1970, trecho retirado da Fundação Eugénio de Andrade
Interessante! Bj!
ResponderEliminarCaramba Ana,
ResponderEliminarGostei e muito, não conhecia o trecho ... de tanto falarem bem comecei a ler Caeiro.
Tô gostando ...
bjs
Uma escolha feliz.
ResponderEliminarQue engloba três grandes nomes da cultura em Portugal, ana.
Margarida,
ResponderEliminarTambém gostei. Bjs! :)
Cozinha dos Vurdóns,
Fico contente que tenhm gostado.
5 bjs! :)
Obrigada, Pedro Coimbra. :)
Duas escolhas assinaláveis, ana. Ninguém o diria melhor do que E.A., que certamente não temeu enfrentar-se.
ResponderEliminarJá o tema da Mariza é também um dos meus preferidos!
Como diriam os nossos 'irmãos' do Brasil:
'amei'! :)
R,
ResponderEliminarVoltei a colocar este fado e a Mariza porque adoro.
Do E.A. não há palavras.
Bom fim-de-semana!
Eugenio de Andrade e o meu poeta portugues favorito, por isso, e sempre um deleite ler a sua poesia.:-)
ResponderEliminarEste tema da Mariza fez-me sorrir...ouvi-o muita vez no meu primeiro inverno por terras baixas...choveu muito nesse ano...;-)
Bjs!
Sandra,
ResponderEliminarTambém gosto muito da simplicidade dele, da inquietude e da beleza.
Mariza é para mim a melhor fadista viva.
Bjs! :)