Vou fazer minhas as palavras de Umberto Saba:
«...entre as minhas ideias e as ideias correntes existe um abismo sem pontes.»
Umberto Saba nasceu em Trieste, em 1883, e morreu em Gorizia, em 1957. Sobre a poesia de Saba:
"Herdeira de uma tradição poética classicista com origem em Dante, na qual se podem incluir autores como Petrarca, Parini, Manzoni, Leopardi e o Foscolo dos sonetos, das odes e de Dei sepolcri, a poesia de Saba é a procura persistente de uma perfeição e coerência formais com que cobrir a aspereza do vivido e do sentido, com as suas contradições, a sua incompletude, as suas consequências".
No site da Nova Almedina
ULISSES
Na minha juventude naveguei
ao longo das costas da Dalmácia. Ilhéus
à flor das ondas emergiam, onde raro
uma ave buscava a sua presa,
cobertos de algas, escorregadios, ao sol
belos como esmeraldas. Quando a noite
e a maré alta os ocultavam, as velas
sob o vento o largo demandavam,
para fugir da cilada. Hoje o meu reino
é essa terra de ninguém. No porto
acendem-se as luzes para outros; a mim para o alto mar
me leva ainda o não domado espírito,
e da vida o doloroso amor.
Umberto Saba, in Poesia, selecção, tradução, introdução e notas de José Manuel de Vasconcelos, Assírio & Alvim, 2010. Apanhado aqui.
xCarlo Levi, Carlo Levi, Autoritratto, 1945
Olio su tela, cm 42 x 34, Roma, Fondazione Carlo Levi
Carlo Levi foi um pintor, escritor, anti-fascista activista e médico judeu que nasceu em Turim em 1902.
Como a compreendo...
ResponderEliminarVeja isto, Ana:
http://economico.sapo.pt/noticias/bruxelas-questiona-contas-publicas-de-2010_114082.html
Nao tenhamos cuidado com o bom nome do pais, nao...
Um destes dias, somos todos vistos como potenciais mentirosos e pouco serios no trabalho, a conta destas historias e da ma imagem que certos politicos vao dando...
Ja vou ouvindo comentarios depreciativos acerca dos nossos governantes e da situacao do pais...e muito embaracoso...so espero que nao comecem a pensar duas vezes sobre a seriedade de cada portugues que aparece como candidato...e facil cair na generalizacao e no estereotipo...julgarem que somos todos como certas figuras...
ANA, TE OFERECEMOS UM PRÊMIO. ESTAMOS FELIZES POR TÊ-LA SEMPRE PERTO E DE COMO A SERIEDADE DOS FATOS PODE SER EXPOSTA COM GENTILEZA E REALIDADE.
ResponderEliminar5 BJS NOSSA AMIGA,
http://cozinhadosvurdons.blogspot.com/2011/03/um-premio-uma-joia-entre-amigos.html
Sandra,
ResponderEliminarÉ preocupante e compreendo bem como é estar num país diferente e ter que ser forte para combater uma imagem que não abona a nosso favor.
Bjs! Irei ver. :)
Cozinha dos Vurdóns,
Muito obrigada pelo prémio que julgo não ser merecedora porque não ajudo os outros da mesma forma activa como o fazem.
Tento chegar a uma população alvo mas nem sempre desperta para escutar e respeitar as diferenças!
5 Bjs
Olá Ana,
ResponderEliminarNão é uma questão, é uma realidade colocar em causa a seriedade de cada português que aparece como candidato.
Eu coloco!
Quem lá está e esteve não apareceu por acaso, mas sim porque existiram vários portugueses que acreditaram nele(s) e votaram.
A credibilidade, essa já se perdeu à muito tempo, mas agora é que os portugueses se estão a sentir 'apertados'. Mas alguns ainda conseguem respirar...
Vamos lá deixar a ingenuidade de parte.
Excelente post Ana.
Um beijo sem crise, sem politica e sem hipocrisia.
Blue
Olá Blue,
ResponderEliminarConcordo com o que dizes.
Sou uma inconformista, o poder, por vezes, causa-me arrepios porque nunca é usado para o bem, nem obedece a ideais.
Beijinhos e fico contente por teres gostado.
Ana, eu nao me expressei bem no meu ultimo comentario. Peco desculpa. Quando disse " so espero que nao comecem a pensar duas vezes sobre a seriedade de cada portugues que aparece como candidato" referia-me aos portugueses que se candidatam a empresas no estrangeiro. Faltou-me esta parte. Eu nao quero que comecemos a ser tomados pela bitola dos nossos governantes ["e portugues, logo deve ser trafulha ou algo do genero"]. Eu bem sei as generalizacoes gratuitas que escuto em relacao a colaboradores de outras nacionalidades...
ResponderEliminarE ja me basta as piadas que vamos ouvindo a proposito dos desmandos dos nossos governantes e do estado em que o pais se encontra. As vezes, e dificil tentar explicar que ainda ha gente seria, que gosta de trabalhar, que tem as suas contas saldadas e que nao somos todos "uma cambada" de pedinchoes, pouco confiaveis no cumprimento dos seus deveres...
Relativamente aos politicos, como e obvio, gosto de estar informada para decidir em consciencia. Nem poderia tomar as minhas decisoes de outra maneira.
Beijinho e desculpe o tempo tomado :-)
Umberto Saba é, no meu sentir, o maior poeta do século xx.
ResponderEliminarObrigado por ele.
A minha frase, que, generosamente cita, data de há mais de 16 anos.
Entre “as minhas e as ideias correntes”, continua a existir “um abismo sem pontes”.
Mas as ideias correntes são as dos espoliadores e das vítimas:
aqueles a quem limitaram a
liberdade de saber e, consequentemente, impuseram uma forma de analfabestismo.
De não-cultura.
Depois de haver escrito o que transcreve, encontrei em África, em Israel, em Portugal, em Moscovo, na Turquia, no Cairo, em Londres, na saudosa Itália, em suma, por toda a parte, uma juventude inconformada, que me abriu pontes.
Que me fez confiar no futuro.
É certo que, tal qual diz Salinger, “todos crescemos mas a maior parte de nós limita-se a envelhecer”.
Deposito a minha confiança, entrego o meu coração e o meu amor –àqueles que recusam envelhecer, desistir do sonho, da utopia, da exigência.
Da sua humanidade, da sua liberdade, do respeito por eles próprios e pelos outros.
Bem haja! Deu-me a oportunidade de escrever isto.
Sandra,
ResponderEliminarJulgo que cheguei quase ao que queria comunicar. As generalizações fazem-se mas quem tem um brilhante curriculum nada tem a temer. Gostei e gosto que comente é uma forma de me aproximar do estrangeiro. Adorava viver fora do país. Além disso, li livros sobre o que estrangeiros pensam de Portugal e é sempre bom avaliarmos essa imagem que construímos.
Bjs. :)
Manuel Poppe,
Percebi o contexto e achei que podia extrapolar para a situação actual. Os nossos governantes estão a contribuir para o analfabetismo institucional, disfarçando os resultados de uma educação/cultura que não se cultiva.
Vê-se que pouco ligam à cultura, os espectáculos são caros, os subsídios parcos. Uma juventude alienada com jogos e imagens deixa que os outros pensem por eles. Felizmente, ainda há quem escape desta situação.
os nossos jovens estão a ser vítimas e vão contribuir para a passividade como ficou demonstrado nas últimas eleições.
Julgo que se consegue despertar.
A frase escolhida tem a ver com a minha análise sobre o que escrevi acima!
Muito obrigada pelo seu comentário e a sua fibra, só assim é que se pode vencer. :)
Abraço!