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Primo Levi: Se isto é um homem
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(...) Quando me bate nas costas Primo Levi, que não quer que eu esqueça, não penso só nos judeus que acabaram em Auschwitz, em Dachau: lembro-me de Pasolini, perseguido e assassinado; do emigrante turco; do negro; do árabe; e do homem que não aguenta mais e se suicida, porque a sociedade não está à sua altura, nem do seu sonho, nem da sua honestidade, nem do seu desejo de harmonia, de fraternidade. O que lhes apresentam é frio, calculado, desarmónico: é, para eles todos, turcos, negros, árabes, judeus, brancos e amarelos, a selva onde se apunhalam os sentimentos e as vontades simples de viver, as borboletas. É um sítio onde se deitou nitroglicerina. É um mundo morto, organizado, em que nada que seja rebelde - original, pessoal, novo - cabe.
Pode ser isso um homem? (...)
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Manuel Poppe,Novas Crónicas Italianas, Lisboa: Teorema, 1994, p.23-24.
Obrigada, Manuel Poppe!
É curiosa a actualidade, a intemporalidade de alguns textos, ana.
ResponderEliminarEnviaram-me ontem um do célebre Cantinflas (Mário Moreno).
Com mais de 40 anos.
Que podia ter sido lido na ONU ontem.
Olá Ana,
ResponderEliminarAdorei este texto que retrata tão bem o que é a nossa sociedade.
O poder que o homem exerce sobre aqueles que acham mais fracos, mas na realidade não são.
Obrigado pela partilha....
Um beijo tocado
Blue
Muito interessante. Bj!
ResponderEliminarPedro Coimbra,
ResponderEliminarTem razão e este é de uma profundidade e humanidade imnesa.
Blue,
Que bom o que exerceu este texto.
Bjs! :)
Margarida,
Também me preencheu o interesse e a intemporalidade.
Bjs! :)
Será que a história se repete?
ResponderEliminar... e o Homem? quanto mais culto mais livre
ou quanto mais livres mais culto?
Um excelente texto
Mar Arável,
ResponderEliminarExcelente, tem razão.
O Homem a meu ver quanto mais culto mais livre...e daí não sei, há mais angústias.
A História repete-se sem os factos serem os mesmos porque o tempo é linear, neste caso como há semelhanças: espiral!
Gostei dos seu comentário.
Abraço! :)