«Todos vêem o que pareces, poucos percebem o que és.»
Maquiavel, O príncipe
Maquiavel, O príncipe
O Discurso do Rei foi um dos filmes notáveis que vi nos últimos tempos. O rigor histórico não foi, ao que parece, uma opção do argumentista e do realizador. Apesar de romanceado, e com a devida distanciação, a necessidade de transpor o drama do rei de Inglaterra, Jorge VI*, para o drama de um homem comum torna a história mais aliciante.
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A um rei exige-se determinação, sageza e sentido de estado que é desmistificado nos bastidores por Colin Firth, cuja gaguez o torna volúvel. Um rei não pode ser frágil.
A gaguez é o fio condutor da história, o que nos leva a compreender a ansiedade, o medo, a angústia de quem tem de vencer a deficiência para proferir um dos discursos mais importantes da Grã-Bretanha: o início da II Guerra Mundial. Daí a procura de um terapeuta da fala para combater a fragilidade.
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A personagem que mais me seduziu foi, precisamente, a do terapeuta, que a meu ver, transcende o papel de Firth. Geoffrey Rush deu força ao personagem pela forma como procedeu, pela ortodoxia da terapia, pela humanidade com que olha para o rei e pela forma sapiente com que o desafia. A ligação entre estes dois homens no combate a uma deficiência é descrita de uma forma ligeira e bela. O enredo do filme é valorizado pela caracterização das duas personagens.
* Jorge VI tornou-se monarca após o seu irmão Eduardo VIII ter abdicado do trono.
Ana,
ResponderEliminarPara além das considerações, essa é uma deficiencia mais comum do que imaginamos. Bom ver que foi retratada, gostei muito também.
Carinho e entendimento ajudam muito, uma realidade enfim, ganha o Oscar, uma realidade premente, comum e sem apelos.
5 bjs - Homeopatas dos Pés Descalços
ana,
ResponderEliminarAinda não vi o filme (Macau fica longe!!).
Mas, mesmo antes de o ver, acompanho alguma crítica que considera que o filme se centra demasiado na gaguez do Rei.
E esquece o drama que foi a sua ascenção ao trono e os acontecimentos que a precipitaram.
Olá Ana,
ResponderEliminarO ''eterno'' Mr Dircy....teve o seu caminho, a sua ascenção.
Deu muitas provas disso ao longo de vários anos com vários filmes que nos ofereceu com a sua presença e nos mostrou o quanto ele é como actor, com a sua presença. O eterno Mr. Dircy, como em todos os papeis que desempenhou até agora, uns mais vulgares...que foram crescendo...irrepreensível.
Esta dupla de actores funcionou muito bem, o filme é bom pelo excelente desempenho de ambos.
Não vou entrar a fundo sobre a forma como o filme se desenrolou, não faz sentido.
Eu também gostei.
Beijo grande
Blue
Cozinha dos Vurdóns , Homeopatas dos Pés Descalços (que tenho que visitar),
ResponderEliminarGostei muito do filme. Antes de ir tinha lido algumas críticas. Pensei mesmo que poderia ser um pouco aborrecido mas não adorei!
A perspicácia do terapeuta foi para mim a chave mestra do filme, tal como a humanidade perante uma deficiência. Porque é que um rei não pode ser gago?
5 Bjs :)
Pedro Coimbra,
Obrigada pela sua visita e pelo seu comentário pertinente e interessante!
Realmente o filme foca apenas o aspecto humano uma trágica imposição para um representante de uma nação, neste caso, Império.
Julgo que todos os filhos de monarcas são preparados para ser reis, embora se centre no primogénito as atenções. De facto, o filme não explorou a parte política interessantíssima, a abdicação de Eduardo VIII pela faceta que é conhecida e pelas sua simpatia ao regime Nazi, menos focado. Não conheço bem a história deste membro da família real inglesa. Do George VI conheço pela importância que teve a sua figura e a de toda a família real inglesa na II Guerra Mundial.
Blue,
É isso mesmo o filme é bom pelo desempenho desta dupla.
Bjs :)
Cozinha dos Vurdóns,
ResponderEliminarLeia: ... pensei que poderia ser aborrecido, mas não, adorei!
Ana, também gostei do filme. Vi-o com muito agrado e não partilho a opinião dos que entendem que o contexto histórico é subalternizado. Fala-se ali da vida de um homem que tudo fez para vencer uma deficiência, precisamente porque o contexto lho exigia. Por isso, o contexto está lá. Mas é essencialmente do homem que se trata. As minhas reservas limitam-se ao que já referi noutra sede: a alguns momentos de lamechice, de um demasiado óbvio «puxar ao sentimento» que, para mim, apenas «denuncia» a juventude do realizador. ;-)
ResponderEliminarOlá Luísa,
ResponderEliminarConcordo com o que diz, talvez seja por isso que prefiro a personagem que Geoffrey Rush construiu.
Obrigada,Luísa,
Bjs!:)