15/09/2010

Bocage - uma faceta.

Hoje recordo Bocage que é um poeta que me encanta e me assusta porque da beleza vai até às verdades nuas e cruas, ao mais intimo e banal acto humano!
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Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu a 15 de Setembro de 1765, em Setúbal e faleceu a 21 de Dezembro de 1805, em Lisboa. Escolhi este retrato de um pintor que não conhecia.
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Detalhe do retrato de Bocage de Francisco Flamengo
Francisco Flamengo (1852-1915), Manuel Maria Barbosa du Bocage
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Autobiografia

De cerúleo gabão não bem coberto,
passeia em Santarém chuchado moço,
mantido, às vezes, de sucinto almoço,
de ceia casual, jantar incerto;

dos esbrugados peitos quase aberto,
versos impinge por miúde e grosso;
e do que em frase vil chamam caroço,
se o que, é vox clamantis in deserto;

pede às moças ternura, e dão-lhe motes;
que, tendo um coração como estalage,
vão nele acomodando a mil peixotes.

Sabes, leitor, quem sofre tanto ultraje,
cercado de um tropel de franchinotes?
– É o autor do soneto: – é o Bocage.


Bocage, in 'Rimas' (citador)

Poema: De suspirar em vão já fatigado musicado por Neonírico


4 comentários:

  1. Também não conhecia este retrato. E gostei do soneto.

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  2. E por falar em existências breves... aqui está mais um exemplo. Tão fugaz na existência quão fulgurante na obra.

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  3. É verdade R,
    Não me lembrei de associar a vida breve do escritor da vida do músico.
    Fulgurante é um bom adjectivo. :)
    Obrigada.

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