Chuva de poemas para todos os que me visitam agradecendo a mais-valia na troca de ideias.
Um hino à beleza, à poesia. Retirado daqui e através de bibliotecário de Babel.
Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento,
Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento,
Vem brandamente com a tarde a oportunidade da perda.
Adormeço sem dormir, ao relento da vida.
É inútil dizer-me que as acções têm consequências.
É inútil eu saber que as acções usam consequências.
É inútil tudo, é inútil tudo, é inútil tudo.
Através do dia de névoa não chega coisa nenhuma.
Tinha agora vontade
De ir esperar ao comboio da Europa o viajante anunciado,
De ir ao cais ver entrar o navio e ter pena de tudo.
Não vem com a tarde oportunidade nenhuma.
21-9-1930
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993), p. 42.
O poema é muito belo, embora venha em contramão de circunstâncias minhas actuais: as malas estão novamente feitas e acho que a manhã trará alguma coisa com consequências positivas. :)
ResponderEliminarUm bom fim-de-semana! :)
O poema é belo sim. Reflecte a vontade de partir.
ResponderEliminarBoa viagem! :)
Obrigada, uma vez mais, ana. A simpatia das suas palavras é já uma 'chuva' benéfica, numa tarde em que o trabalho se (me) impõe.
ResponderEliminarVotos reforçados de uma excelente continuação :)