De Apolo o carro rodou pra fora
De Apolo o carro rodou pra fora
Da vista. A poeira que levantara
Ficou enchendo de leve névoa
O horizonte;
A flauta calma de Pã, descendo
Seu tom agudo no ar pausado,
Deus mais tristezas ao moribundo
Dia suave.
Cálida e loura, núbil e triste,
Tu, mondadeira dos prados quentes,
Ficas ouvindo, com os teus passos
Mais arrastados,
A flauta antiga do deus durando
Com o ar que cresce pra vento leve,
E sei que pensas na deusa clara
Nada dos mares,
E que vão ondas lá muito adentro
Do que o teu seio sente cansado
Enquanto a flauta sorrindo chora
Palidamente.
12-6-1914
Ricardo Reis, Odes, Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).
p- 21.
Jethro Tull: Ian Anderson 's Flute Solo (07/31/1976)
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É certo que é 'calma' a flauta de Pã. Pugnemos para que a sua evocação transporte para longe, no vento, as tristezas e os cansaços.
ResponderEliminarAbraço :)
R,
ResponderEliminarObrigada pelos seus votos que retribuo, desejando quando esse "estado" vier que o vento leve a tristeza ao som da flauta de pã.
Abraço:)