27/09/2010

Panegírico ao mar ...

Açoteias, Albufeira

Ontem foi Dia Mundial do Mar soube-o através do blog Memórias e Imagens. Margarida, a sua autora, fez-me viajar até um livro que li na adolescência: O Velho e o Mar. É um belo livro e uma alegoria ao desafio constante de viver.
A vida é uma viagem que se torna tão solitária como a do Velho Santiago de Hemingway que, apesar das vicissitudes, tem a perseverança de lutar pelo seu propósito.
O mar que vislumbramos e sonhamos, o mar esse grande alimento, aventura, esse retorno constante de infinito... é a ele que hoje me reclino com saudades!

O Velho e o Mar

"O pássaro veio à popa do barco, onde pousou. Depois, voou em torno da cabeça do velho, e pousou na linha, onde se sentia mais comodamente.
- Que idade tens? - perguntou-lhe o velho. - É a tua primeira viagem?
O pássaro fitou-o, enquanto ele lhe falava, Estava tão cansado que nem examinava a linha, e tremia nas delicadas patas enclavinhadas nela.
- Está tesa, tesa demais - disse o velho. - Não devias estar tão cansado, depois de uma noite sem vento. No que estarão dando os pássaros?
«Os falcões, pensou, que saem ao largo, ao encontro deles». Mas nada disto disse ao pássaro, que de resto não sabia entendê-lo e não tardaria a aprender quem os falcões eram.
- Repousa à vontade passarito. e, depois vai, e vive a tua vida, como os homens, os pássaros e os peixes.
Deu-lhe coragem a conversa, porque as costas haviam ficado dormentes de noite e lhe doíam, agora de verdade.
- Fica em minha casa se preferes ó pássaro. Tenho pena de não poder içar a vela e levar-te com a aragem que se está levantando. Mas estou com um amigo.
Nesse momento, o peixe deu um puxão súbito, que atirou o velho para o fundo da proa, e tê-lo-ia levado pela borda fora, se não se houvesse agarrado e não tivesse largado mais linha".
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Ernest Hemingway, O Velho e o Mar, Lisboa: Edições Livros do Brasil, (Trad. e prefácio de Jorge de Sena,1956,) p.60-61.
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13 comentários:

  1. O mar pacifica, leva-nos longe e ao fundo de nos mesmos. Pelo menos, e o que sinto quando para ele me reclino ;-)
    Gostei desta expressao, reclinar...;-) Obrigada, Ana!
    E da fotografia tambem ;-)
    Bjs!!

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  2. Como são as coisas... Ainda há pouco estive com esse livro na mão, folheando-o com alguma nostalgia de tempos mais desassossegados.

    beijo :)

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  3. Sandra,
    Obrigada pelo seu pensamento, o mar pacifica. Quando morrer quero ser deitada ao mar, o mar não é propriedade, é de todos e de ninguém por isso é que é tão belo!
    Bjs!

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  4. AC,
    Que bom haver sintonia, a partilha, fortalece-nos.
    O desassossego e o mar são bons companheiros. Já vivi próximo do mar, tenho nostalgia por não o ver todos os dias. É a falta de azul.
    Boa noite!

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  5. Gostei muito do texto. Nunca li este livro e acho que vou ler.

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  6. Margarida,
    Julgo que vai gostar do livro: é complexo com uma simplicidade enorme. :)

    Mar Arável,

    O mar é tudo. :)

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  7. A fotografia é lindíssima e inspiradora. "Inspirado" estava também Hemingway quando escreveu este livro: é maravilhoso. Um verdaeiro hino à persistência, quanto a mim.

    Um abraço, Ana, e uma boa semana para si!

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  8. Olá Sara,
    Obrigada. Uma boa semana e um abraço! :)

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  9. Completamente de acordo.

    O mar é inesgotável como indutor de emoções.

    Boa noite.

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  10. JPD,
    Obrigada pela sua visita!
    A sintonia aquece a alma. :)
    Abraço!

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  11. Para mim, Ana, o mar é sobretudo a falta de barreiras visuais. É o espaço de horizontes recuados, que se torna «libertador». A «planície» alentejana proporciona-me uma sensação muito semelhante. :-)

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  12. Luísa,
    Que brilhante comparação porque sou amante do Alentejo!

    As searas fazem as ondas douradas que o mar não consegue.

    Muito obrigada pela visita!:)

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