30/08/2010
Praia
29/08/2010
Vergílio Ferreira...
Inteira
no sabor
de uma dor.
Verdadeira
na cor
de uma flor
Exacta em cada momento,
e no instante do movimento
mentida
-Vida
Vergílio Ferreira, Diário Inédito, Lisboa: Quetzal, 2010 p.117
28/08/2010
Pensamentos...
Vergílio Ferreira, Diário Inédito, Lisboa: Quetzal, 2010 p.128
27/08/2010
26/08/2010
Sonho!
Penso que devo ter adormecido por algum tempo;
Pois quando acordei tinhas vindo e partido.
Apenas algumas flores permaneciam -
Flores que não podiam sequer dizer quem eram…
E uma fragrância vaga e suave no ar.
Esta noite tenho de sonhar um sonho mais longo
Para que as flores falem
E a sua fragrância estenda uma trémula ponte
Entre nós.
P.S. Rege (1910-1978) (Trad. Cecília Rego Pinheiro) p. 1501
(roubado na net aqui)
24/08/2010
Em memória de Jorge Luís Borges!
Os Meus Livros
Os meus livros (que não sabem que existo)
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E que percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
Mais vale assim. As vozes desses mortos
Dir-me-ão para sempre.
Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda" (1981) Obras Completas III, 1975-1985, Lisboa: Teorema, 1989 (Tradução de Fernando Pinto do Amaral), p.113.
Astor Piazzolla y su Quinteto Tango Nuevo - Adios Nonino
23/08/2010
Em memória: Os Livros e a Censura - A. H. Oliveira Marques
I- A Século XVI
A. H. Oliveira Marques, Três Fases na História da Censura em Portugal, Intervenção no colóquio internacional Humanismo Latino na Cultura Portuguesa, 17 a 19 Outubro de 2002, FLUP/Porto http://www.humanismolatino.online.pt/v1/pdf/C001_01.pdf
A flor que és, não a que dás, eu quero. Ricardo Reis
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Ad juvenem rosam offerentem
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço?
Tão curto tempo é a mais longa vida,
E a juventude nela!
Flor vives, vã; porque te flor não cumpres?
Se te sorver esquivo o infausto abismo,
Perene velarás, absurda sombra,
O que não dou buscando.
Na oculta margem onde os lírios frios
Da infera leiva crescem, e a corrente
Monótona, não sabe onde é o dia,
Sussurro gemebundo.
21-10-1923
22/08/2010
A beleza da Morte em Veneza... movimento.
Jorge Donn performs Adagietto by Bejart in St.Petersburg, Russia; 5ª Sinfonia de Gustav Mahler (Adagietto).
21/08/2010
Angela Gheorghiu - Casta Diva
Casta Diva - ária do I Acto de Norma!
Angela Gheorghiu. Live From Covent Garden, The Royal Opera House Orchest,Ion Marin 2004
20/08/2010
As sombras de Ondina Braga...
A carta veio por intermédio do jornal e dizia:
sombra antiga
ida
viva
x
Imaginou-o pequeno e tímido.
O Homem dos olhos de Jade in Maria Ondina, Amor e Morte (contos), Braga: Livraria Editora Pax, s.d., p.169
Brel "Quand on a que l'amour" mis en scène par Maurice Béjart.
Vinheta 11 - A Invenção da Glória.
Pastrana (Guadalajara), Colegiata de Nuestra Señora de la Asunción
imagem da capa do catálogo em pdf do MNAA
A exposição A Invenção da Glória. D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana’ reúne pela primeira vez em Portugal os quatro monumentais panos, tecidos em Tournai por encomenda de D. Afonso V, conservados na Colegiada de Pastrana desde o século XVI e recém-restaurados sob o patrocínio da Fundação Carlos de Amberes.
in MNAA
As tapeçarias Pastrana são quatro monumentais panos de seda e lã. Representam a Conquista de Tânger, o Desembarque, o Cerco e o Assalto a Arzila. São documentos que podem auxiliar o estudo sobre as conquistas no Norte de África, as tácticas e a visão dos vencedores.
D. Afonso V aparece identificado pelo seu estandarte, um rodízio que asperge gotas, pela mais bela das armaduras e ricamente vestido de panos brocados. A conquista de Tânger é a única tapeçaria em que o rei não aparece.
Para saber mais sobre o assunto será melhor visitar a exposição que decorre no Museu Nacional de Arte Antiga até 12 de Setembro. No site do museu tem alguma informação.
Nota - a música não é contemporânea de D. Afonso V
Flow my tears" by John Dowland, Valeria Mignaco, soprano & Alfonso Marin, lute
19/08/2010
Um, espelho, um violino e muita luz...
Óleo sobre tela
Retirei daqui Victorian Edwardian Paintings
Como o vento murmuram
minha mãe, as folhas
e ao som adormeço sob a sua sombra.
Anónimo, Romancero general (início século XVII) in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Lisboa: Assírio & Alvim, 2001, p.931 (trad. José Bento)
Dedico, timidamente, este poema a uma amiga que ganhei caída do céu e hoje faz anos. Parabéns!
Mozart Violin Concerto No. 5 in A major (Turkish) K219 - Janine Jansen, European Union Youth Orchestra, Vladimir Ashkenazy conductor
18/08/2010
"E no céu pendia um outro ser" - Toon Tellegen
Eu podia escolher
Eu podia escolher
Não tinha ideia
Escolhi a paz.
A verdade e a beleza
Deixei-as ir,
E também a sageza e a nostalgia
Até o amor,
Que tão embevecido me olhava,
Negras nuvens com ele se deslocavam
Paz, era paz.
E nos recônditos da minha alma
Dançavam seres
De que nunca tinha sequer ouvido!
E no céu pendia um outro ser.
Toon Tellegen, Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Lisboa: Assírio & Alvim, 2001, p.1795 (trad. Fernando Venâncio)
17/08/2010
Tosca - Jonas Kaufmann
A atmosfera da catedral seria excelente para ouvir esta ópera.
Jonas Kaufmann "E lucevan le stelle" Tosca
16/08/2010
Das viagens... o Desassossego!
"De qualquer viagem, ainda que pequena, regresso como de um sono cheio de sonhos - uma confusão tórpida, com as sensações coladas umas às outras, bêbado do que vi.
Para o repouso falta-me a saúde da alma. Para o movimento falta-me qualquer coisa que há entre a alma e o corpo; negam-se-me, não os movimentos, mas o desejo de os ter".
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, Assírio & Alvim, 3.ª edição, Lisboa, 2008, p. 131 (texto 122)
Às vezes não é preciso ter voz para se ser um grande Senhor!
Um momento delicioso de carinho e idoneidade!
15/08/2010
Saudade - Ortega Y Gasset
14/08/2010
Vinheta 10 - Força, Justiça e Prudência!
"O segredo da força está na vontade".
Giuseppe Mazzini
"Não podemos ser justos se não formos humanos"
Luc de Clapiers Vauvenargues
"O homem prudente não diz tudo o que pensa mas pensa tudo o que diz"
Aristóteles
(Citações retiradas do Citador)
12/08/2010
Praias... Al Berto
Em memória do Feiticeiro de Oz !
Rufus Wainwright - Somewhere Over The Rainbow (Palladium)
11/08/2010
O Beijo.
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
E eu quero-te desejar.»
António Aleixo, Este Livro que Vos Deixo,Lisboa: Editorial Notícias, 2003
10/08/2010
Bach - Air!
J. S. Bach's Air on a G-string, from his 3rd orchestral suite in D major.
09/08/2010
A perturbação enriquece!
Museu de Belas Artes, Budapeste, Hungria
A perturbação enriquece!
Em Roma, as Parcas (equivalentes às Moiras na mitologia grega) eram três deusas: Nona (Cloto), Décima (Láquesis) e Morta (Átropos).
Determinavam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte, de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar suas decisões.
Nona tecia o fio da vida, Décima cuidava de sua extensão e caminho, Morta cortava o fio. Eram também designadas fates, daí o termo em ingles "fate"(destino) é interessante notar que em Roma se tinha a estrutura de calendário solar para os anos, e lunar para os actuais meses. A gravidez humana é de nove luas, não nove meses; portanto Nona tece o fio da vida no útero materno, até a nona lua; Décima representa o nascimento efetivo, o corte do cordão umbilical, o início da vida terrena, o individuo definido, a décima lua. Morta é a outra extremidade, o fim da vida terrena, que pode ocorrer a qualquer momento.
Sobre o Caminho
Nada
nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros
te dirão a palavra
Não interrogues não perguntes
entre a razão e a turbulência da neve
não há diferença
Não colecciones dejectos o teu destino és tu
Despe-te
não há outro caminho
Eugénio de Andrade, in "Véspera da Água"
08/08/2010
Um concerto em Budapeste
06/08/2010
Vinheta 9 - Memorial do Holocausto
Imre Varga, Memorial do Holcausto, 1991, Budapeste, Hungria.
Os Justos
Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.
Jorge Luis Borges, in "A Cifra" (1981) Obras Completas III, 1975-1985, Lisboa: Teorema, 1989 (Tradução de Fernando Pinto do Amaral), p.340.
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