12/08/2010

Praias... Al Berto

Num intervalo dos meus afazeres encontrei na casa improvável um excerto de um poeta que gosto muito Al Berto. Diz-se que um pensamento leva a outro e a outro e de repente vejo-me com um livro que li durante uma estadia no Alentejo. Nessa altura tinha mais tempo. Agora é simplesmente um desejo de ver o mar "como um mergulhão".
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14. Praias
A luz afoga-se no silêncio destes lugares desertos. Um mergulhão em voo picado entra numa onda.
xxxxxPedra Casca: caminha pelas areias e pensa na cidade que se liquefaz na memória. Passo a passo, estremece com aquilo que desejas. E não desejas mais do que entrar neste mar, como mergulhão.
xxxxxBurrinho: uma noite são mil anos. Mil anos são um dia. Respira fundo e pensa: " Sou um aventureiro, quero conhecer todos os países e todos os povos do Mundo".
xxxxxMorgavel: dizem que os pássaros e as borboletas são a alma dos mortos. Talvez tenhas chegado à casa que flutua no meio da barragem. Descansa agora, no agasalho dos teus antepassados.
xxxxxOliveirinha: estende o corpo, adormece debaixo da sombra do meu. Sorris, quando te segredo, que a sombra te seja leve.
xxxxxSamoqueira: caminhamos pelos continentes em direcção à casa imaginada. Espoliados de projectos e de esperança.
xxxxxÀ porta de alba encontramos os mortos, com os cabelos emaranhados em tumultuosas estrelas. Brilham, como pirilampos, ao fundo do túnel da noite. É para esse litoral que nos dirigimos.
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Al Berto, O Anjo Mudo, Lisboa: Assírio & Alvim, 2000, p.37

3 comentários:

  1. Obrigada Mar Arável,
    é um poeta que admiro e muitas vezes recorro a ele. :)
    Bj

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  2. Ana, fico sensibilizada ao ver este teu post...Eu fui amiga do Al Berto e só eu sei a falta que ele me faz....

    Beijo comovido

    Blue

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