23/08/2010

A flor que és, não a que dás, eu quero. Ricardo Reis

Há pessoas que são recordadas através de flores. Rosas brancas associo a um cavaleiro que é imortal.
x
Edith White (1855-1946), White Roses and Glass Vases, 1901.




A flor que és, não a que dás, eu quero.
Ad juvenem rosam offerentem

A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço?
Tão curto tempo é a mais longa vida,
E a juventude nela!

Flor vives, vã; porque te flor não cumpres?
Se te sorver esquivo o infausto abismo,
Perene velarás, absurda sombra,
O que não dou buscando.

Na oculta margem onde os lírios frios
Da infera leiva crescem, e a corrente
Monótona, não sabe onde é o dia,
Sussurro gemebundo.

21-10-1923

Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Arquivo