«- Quero fazer-te um pedido: se és poeta, não queres recitar para mim alguns dos teus versos?
- Aqui está um poema feito durante a minha viagem.
O deserto é o tempo sem espaço.
O deserto é o vazio do mundo.
É uma jóia que espera resplandecer,
desde o princípio dos séculos.
Quando uma lágrima cai no chão seco,
a terra agradece com uma flor.
Houve um silêncio pesado. Rashid aclarou a garganta e declarou com todo o tacto de que era capaz (e que não era muito):
- Sem ofensa: no país de onde vieste as pessoas gostam desses versos? Consegues ganhar a vida com eles?
Ao ouvir isto, o poeta riu tanto que as suas faces ficaram molhadas de lágrimas. Respondeu:
- Já percebi não gostaste! Mas tens razão, eu não recito poemas como este no país de onde venho... Enfim, não sejas tão severo: quando canto, é um pouco diferente. »
João Aguiar, O Homem Sem Nome. Lisboa: Asa, 1995,
(7ª Edição), p. 17. Imagem cortesia do Google.
Agradeço à Cláudia Ribeiro que me encontrou este livro.
Danae Stratou, escultor, Alexandra Stratou, desenhadora industrial e Stella Constantinides, The Desert Breath, instalação no deserto do Egipto próximo de Hurghada, 1997, daqui
Também agradeço à Cláudia por este odor !
ResponderEliminarA flor do deserto liberta fragrância.:)))
EliminarBeijinho.
Não conheço o livro.
ResponderEliminarRegisto a sugestão.
Beijinhos
Pedro,
EliminarFoi um colega de trabalho que mo indicou e é fabuloso.
Beijinho. :))
Deste autor li "A hora de Sertório" e a "Catedral Verde", agradáveis surpresas dum autor que me calhou na mão de forma desprevenida.
ResponderEliminarDestaco o último, como uma obra que me tocou de mais próximo, porque o li numa altura em que ele me deu algumas respostas e estava em consonância com o que se passava comigo.
Gostei muito que tivesse trazido aqui este autor.
Uma boa semana
Manel
Manuel,
Eliminar"Catedral Verde" é um título sugestivo. Irei procurar.
João Aguiar foi uma excelente surpresa, vou ler mais livros dele.
Uma boa semana e tenho muito gosto em encontrá-lo por aqui.
Boa noite.:))
Muito belo. Bom dia!
ResponderEliminarMargarida,
EliminarEncantou-me o livro e a instalação no deserto que encontrei por ler este livro.
Beijinho.:))
Não tem de quê, Ana!
ResponderEliminarUm beijinho.:))
Cláudia,
EliminarO meu colega disse-me que teria dificuldade em arranjar o livro mas para si não foi.
Estou grata.
Beijinho.:))
Apetece citar Omar Khayyam, que viveu o deserto:
ResponderEliminar"Não te inquietes, a vida é como um suspiro.
As cinzas de Djenchid e de Kai-Kobad volteiam
na poeira vermelha que tolda o ar.
O Universo é uma miragem, a vida é um sonho."
Boa noite :)
Xilre,
EliminarQue versos bonitos aqui deixou. Não conheço Omar Khayyam, irei pesquisar.
Muito obrigada por esta mais-valia que me enriquece.:))
Boa noite.
Quem oferece é com gosto, quem recebe agradece. Não é?
ResponderEliminarInstalação espectacular.
Não são lágrimas são jóias. Obrigado.
Agostinho,
ResponderEliminar:)) "Não são lágrimas são jóias", gostei tanto da sua análise sobre a instalação.
Boa noite.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarSou uma fã incondicional de João Aguiar. Infelizmente, a Leya "matou" as obras do autor. Há livros que são impossíveis de encontrar sem reedição prevista.
ResponderEliminarTenho a obra quase toda (à excepção dos livros para adolescentes/jovens) e releio-a com prazer.
Beijinhos, Ana. :)