Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
(...)
15 - 1 - 1928
Álvaro de Campos, "Tabacaria" in Poesias , Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). p. 252.
Álvaro de Campos em diálogo com Herberto Helder.
Homenagem a Herberto Helder (1930-2015)
Álvaro de Campos TABACARIA |
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Homenagem mais do que merecida.
ResponderEliminarDois grandes, diferentes em variadíssimos aspectos, mas igualmente grandes.
Beijinho
Obrigada GL.
EliminarBeijinho.:))
Que repouse em paz.
ResponderEliminarOuvi a notícia logo pela manhã
Beijinho, Pedro.:))
EliminarHerberto Helder que tanto se resguardou em vida, que tanto evitou expor-se, não deixou de ter visibilidade, de ser lido e apreciado.
ResponderEliminarBeijinho.:)
Descobri-o nos anos 80. Li-o muitas vezes e depois deixei-o adormecido na estante, não por esquecimento mas porque outros começavam a entrar. :((
EliminarBeijinho.:))
HH: a força telúrica da poesia.
ResponderEliminarSem dúvida, Agostinho.
EliminarBoa tarde!:))
~ ~ Libertou-se da «Lei da Morte», como se referiu o nosso Épico, à imortalidade.
ResponderEliminar~ ~ ~ Uma homenagem sensível e bela! ~ ~ ~
~~~~~~Bj~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Obrigada, Majo.
EliminarO intimismo do quarto, um copo de brandy e a poesia acontece.
Beijinho.:))
O enigmático Pessoa às voltas com ele próprio...
ResponderEliminarHerberto Helder grande poeta que, no entanto, pouco procuro. Erro meu? Possivelmente sim.
Gostei do video!
beijos
Também o procuro pouco. Não é fácil. Estava adormecido e agora acordou. Talvez seja isto a morte - um acordar.
EliminarBeijinho grato pelas palavras.:))