Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
(...)
15 - 1 - 1928
Álvaro de Campos, "Tabacaria" in Poesias , Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). p. 252.
Álvaro de Campos em diálogo com Herberto Helder.
Homenagem a Herberto Helder (1930-2015)
Álvaro de Campos TABACARIA |
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