31/10/2010

A Ilusão

Conheci a obra de Margarida Cepêda há uns tempos. Lembrei-me desta pintora por ter encontrado no blogue Interioridades uma das suas telas. A pintura que AC escolheu é para mim a mais deslumbrante. E porquê?
Por causa da fantasia, da cor, dos pássaros e do desequilíbrio na varanda desprotegida.
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A vinheta desta semana vai contemplar a palavra ilusão.
A tela "A Ilusão" oferece um conjunto de cores constrastantes, um certo orientalismo no traje, a tranquilidade de um ambiente feminino e a brincadeira de uma ilusão. Margarida Cepêda nasceu em Lisboa, em 1959.
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Margarida Cepêda, A Ilusão, 1998
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Óleo sobre tela, 115 x 130 cm


A ilusão é o outro lado do sonho...
esfuma-se com o estalar dos dedos.

30/10/2010

Chuva...

René Magritte, La Victoire

A chuva é a melancolia do céu.
É o choro do pássaro,
a lamúria de um piano!



29/10/2010

...Como defender uma experiência estética?

"15/9/49
(Eu leio respeitosamente, obedientemente, plasticamente!...)
Pacificadores:
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Cézanne:
Vaso de Túlipas - 1890-4
(Verdes)
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Monte Saint-Victoire -1900
(azul, branco, amarelo, rosa)

Ainda este fascínio infantil com a minha caligrafia... E pensar que tenho sempre este potencial de sexualidade ardente entre os meus dedos!
27/9/49
... Como defender a experiência estética? Mais do que prazer, porque não se podem avaliar obras de arte pela quantidade de prazer que dão - mas isso mesmo é melhor - Não, isto é ilógico...

... Como ocorrem as operações mentais?

... Qarteto de Beethoven versus teorema de Euclides
necessidade de ordem "
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Susan Sontag, Renascer Diários e Apontamentos 1947-1963, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 68-69.
No Diário apenas estão as indicações dos quadros de Cézanne. Ainda pensei jogar só com as palavras ... mas é tão bom entrarmos em simbiose com as cores

27/10/2010

As ideias perturbam o equilíbrio da vida


"1947

23/11/47

Acredito:

a) Que não há um Deus pessoal ou vida depois da morte
b)Que a coisa mais desejável do mundo é a liberdade de ser verdadeiro consigo próprio, por ex., Honestidade
c) Que a única diferença entre os seres humanos é a inteligência
d) Que o único critério de uma acção é o seu efeito último em fazer o indivíduo feliz ou infeliz
e) Que é errado tirar a vida a qualquer pessoa

[Faltam as alíneas «f» e «g»]

h) Acredito, além disso, que um Estado ideal (além de «g») deverá ser forte e centralizado com controlo estatal dos serviços da água e electricidade, bancos, minas, + transportes e subsídos às artes, um salário mínimo confortável, apoio aos deficientes e idosos.
Cuidados garantidos pelo Estado a mulheres grávidas, sem distinções tais como as de filhos legítimos + ilegítimos.

1948

13/07/48

As ideias perturbam o equilíbrio da vida

Começa assim o livro Renascer (Diários e Apontamentos 1947-1963) de Susan Sontag. Conheci esta escritora no blogue Etnografia de Circunstância(s), com um excerto de O Amante do Vulcão. Normalmente, começo por ler a obra dos escritores e só depois enveredo por uma autobiografia (Diário). Os livros levam-nos a descobrir o autor mas, desta vez, fiz o contrário.
Obrigada a E. que me ofereceu o livro.
Quanto à alínea a) não sei se será tanto assim... No que diz respeito às restantes, estou inteiramente de acordo.

Susan Sontag, Renascer Diários e Apontamentos 1947-1963, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 15 e 17

Ode to the Nightingale!

Uma tela à volta de um poema. John Keats escreveu a Ode a um Rouxinol em Maio de 1819. Joseph Severn foi um pintor inglês amigo de Keats e Shelley. Esta tela é um dos vários retratos de Keats abordados por Severn. Gosto da luz e da atmosfera do quadro que tem um tom outonal. A contemplação da natureza e o som nocturno do rouxinol oferecem uma doce melancolia.
O Outono traz a melancolia que contrasta com o renascer primaveril do rouxinol.
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Joseph Severn, Portrait of Keats, listening to a nightingale on Hampstead Heath, c.1845
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John Keats

My heart aches, and a drowsy numbness pains
My sense, as though of hemlock I had drunk,
Or emptied some dull opiate to the drains
One minute past, and Lethe-wards had sunk:
'Tis not through envy of thy happy lot,
But being too happy in thine happiness, -
That thou, light-winged Dryad of the trees,
In some melodious plot
Of beechen green and shadows numberless,
Singest of summer in full-throated ease.
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O, for a draught of vintage! that hath been
Cool'd a long age in the deep-delved earth,
Tasting of Flora and the country green,
Dance, and Provençal song, and sunburnt mirth!
O for a beaker full of the warm South,
Full of the true, the blushful Hippocrene,
With beaded bubbles winking at the brim,
And purple-stained mouth;
That I might drink, and leave the world unseen,
And with thee fade away into the forest dim:
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Fade far away, dissolve, and quite forget
What thou among the leaves hast never known,
The weariness, the fever, and the fret
Here, where men sit and hear each other groan;
Where palsy shakes a few, sad, last gray hairs,
Where youth grows pale, and spectre-thin, and dies;
Where but to think is to be full of sorrow
And leaden-eyed despairs,
Where Beauty cannot keep her lustrous eyes,
Or new Love pine at them beyond to-morrow.
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Away! away! for I will fly to thee,
Not charioted by Bacchus and his pards,
But on the viewless wings of Poesy,
Though the dull brain perplexes and retards:
Already with thee! tender is the night,
And haply the Queen-Moon is on her throne,
Cluster'd around by all her starry Fays;
But here there is no light,
Save what from heaven is with the breezes blown
Through verdurous glooms and winding mossy ways.
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I cannot see what flowers are at my feet,
Nor what soft incense hangs upon the boughs,
But, in embalmed darkness, guess each sweet
Wherewith the seasonable month endows
The grass, the thicket, and the fruit-tree wild;
White hawthorn, and the pastoral eglantine;
Fast fading violets cover'd up in leaves;
And mid-May's eldest child,
The coming musk-rose, full of dewy wine,
The murmurous haunt of flies on summer eves.
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Darkling I listen; and, for many a time
I have been half in love with easeful Death,
Call'd him soft names in many a mused rhyme,
To take into the air my quiet breath;
Now more than ever seems it rich to die,
To cease upon the midnight with no pain,
While thou art pouring forth thy soul abroad
In such an ecstasy!
Still wouldst thou sing, and I have ears in vain -
To thy high requiem become a sod.
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Thou wast not born for death, immortal Bird!
No hungry generations tread thee down;
The voice I hear this passing night was heard
In ancient days by emperor and clown:
Perhaps the self-same song that found a path
Through the sad heart of Ruth, when, sick for home,
She stood in tears amid the alien corn;
The same that oft-times hath
Charm'd magic casements, opening on the foam
Of perilous seas, in faery lands forlorn.
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Forlorn! the very word is like a bell
To toll me back from thee to my sole self!
Adieu! the fancy cannot cheat so well
As she is fam'd to do, deceiving elf.
Adieu! adieu! thy plaintive anthem fades
Past the near meadows, over the still stream,
Up the hill-side; and now 'tis buried deep
In the next valley-glades:
Was it a vision, or a waking dream?
Fled is that music: - Do I wake or sleep

26/10/2010

So Melancholy!

Albrecht Dürer, Melancholy
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«Seriousness in play. At sunset in Genoa, I heard from a tower a long chiming of bells: it kept on and on, and over the noise of the back streets, as if insatiable for itself, it rang out in evening sky and the sea air, so terrible and so childisch at the some time, so melancholy. Then I thought of Plato's words and felt them suddenly in my heart: all in all, nothing human worth taking very seriously, nevertlhess...»x

Friederich Nietzshe, Man Alone with Himself, London:Penguin Books, 2008 p. 38

25/10/2010

La pintura es un instrumento de guerra ofensivo y defensivo...

Homenagem a Picasso que hoje faria anos. Picasso em tons de cinza, preto e branco no grito que constituiu a sua tela Guernica!
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"No, la pintura no está hecha para decorar las habitaciones. Es un instrumento de guerra ofensivo y defensivo contra el enemigo".
Picasso
(retirada da wikipedia)
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Pablo Picasso, Guernica, 1937. Pintado para a Exposição Internacional de Paris. Representa o bombardeamento da cidade de Guernica em 26 de Abril , de 1937, pela Luftwaffe,

Óleo sobre tela, 349 x 776 cm, Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, Madrid

Detalhe, a flor da esperança!


Se pudéssemos entrar numa tela... talvez fosse assim...



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Como amante de gatos escolhi este de Picasso...

xPablo Picasso, Gato, 1942


Aguarela, 33.5 x 27.5 cm, dedicado a Henri Flammarion

24/10/2010

Vinheta 19 - Picasso

A vinheta desta semana contempla Pablo Picasso que nasceu a 25 de Outubro de 1881, em Málaga.
Gosto de todas as suas fases na pintura e da imensa obra que deixou.
Guernica foi um dos quadros que vi ao vivo no Centro Nacional de Arte da Rainha Sofia, em Madrid. Não pude conter a emoção quando entrei na sala dedicada só a essa grande tela. À volta dela estão os estudos e fotografias da sua construção - passo a passo.
Picasso, Auto-retrato, 1907
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Óleo sobre tela 60 x 46 cm, Galeria Narodni, Praga

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"Um quadro só vive para quem o olha".
Picasso


Andres Segovia - Villa-Lobos Prelude no. 1 in e minor


23/10/2010

algures por detrás da estrela...

Maurits Cornelis Escher, Estrelas, 1948


In mathematical quarters, the regular division of the plane has been considered theoretically... Does this mean that it is an exclusively mathematical question? In my opinion, it does not. [Mathematicians] have opened the gate leading to an extensive domain, but they have not entered this domain themselves. By their very nature thay are more interested in the way in which the gate is opened than in the garden lying behind it.

Escher

“...não podemos imaginar que algures por detrás da estrela mais longínqua do céu nocturno, o espaço possa ter um fim, um limite para além do qual nada mais existe. O conceito de vácuo diz-nos ainda alguma coisa, pois um espaço pode estar vazio (...), mas a nossa força de imaginação é incapaz de apreender o conceito de nada no sentido de ausência de espaço...”

(cit. in Ernest), 1978, p.102
Escher

21/10/2010

cala la notte ... Antonio Vivaldi "La notte"

Gosto mais da noite porque o tempo é só meu.

Da escrita e da fotografia...

Ainda da exposição da Gulbenkian Res Publica Face a Face, 1910-2010
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Nelson Aires, Filho meu que estás na Terra.
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André Romão, Modelo para Escultura Retórica
O Estado a partilha de Hyperion, 2009 (nota- o texto está riscado deixando só ver o que está a vermelho, observe a imagem)

PARA CONDUZIR O MEU POVO
AO OLIMPO DO BELO DIVINO, ONDE
DE FONTES PERENEMENTE JOVENS
BROTA O VERDADEIRO COMO TUDO
O QUE É BOM, AINDA NÃO TENHO HABILIDADE
SUFICIENTE. MAS APRENDI A USAR
A ESPADA
E PARA JÁ DE NADA MAIS
PRECISO. A NOVA ALIANÇA DOS ESPÍRITOS
NÃO PODE VIVER NO AR. A SAGRADA
TEOCRACIA DO BELO TEM DE HABITAR
NUM ESTADO LIVRE E ESSE PRECISA DE
ESPAÇO NA TERRA E NÓS CONQUISTAREMOS
ESSE ESPAÇO
COM CERTEZA

A escrita profunda sobre o Estado e os homens... para deglutir com Satie

Erik Satie Gymnopédie nº 1.

20/10/2010

Uma exposição na Gulbenkian

Res Publica Face a Face, 1910 e 2010, Exposição na Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa de 8 de Outubro a 16 de Janeiro.
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Das exposições alusivas às comemorações do Centenário da República, a"Res Publica Face a Face", foi a mais original e a mais pertinente que eu vi.
Cem anos, duas leituras, permanências e mudanças. A exposição não obedece a uma cronologia dos acontecimentos mas aos olhares críticos de artistas do passado ao presente, de Rafael Bordalo Pinheiro, Malhoa, Paula Rêgo a estrangeiros.
A exposição contempla pintura, ilustração, escultura, video-projecções e instalações. Gostei do que vi.
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Rafael Bordalo Pinheiro
Paula Rêgo

Julgo que esta tela foca bem o estado da República actual!
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Liberdade, Fraternidade e Igualdade?

19/10/2010

Trago o fado...

Trago o fado... o silêncio.

Trago fados nos sentidos
Tristezas no coração
Trago os meus sonhos perdidos
Em noite de solidão
Trago versos, trago som,
De uma grande sinfonia
Tocada em todos os tons
Da tristeza e da alegria

Trago amarguras aos molhos
Lucidez e desatino
Trago secos os meus olhos
Que choram desde menino
Trago noites de luar
Trago planícies de flores
Trago o céu e trago o mar
Trago dores ainda maiores

Amália Rodrigues

18/10/2010

Gato

O meu gato é um pequeno sábio.

96
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A little knowledge. A little knowledge is more successful than complete knowledge: it conceives things as a simpler than they are, thus resulting in opinions that are more comprehensible and persuasive.
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Friederich Nietzsche, Man Alone with Himself, London. Penguin Book, 2008, p.18

17/10/2010

O que os olhos nos podem dizer...

Depois de ter lido o post do Luís no Prosimetron.
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Dia Internacional Pela Erradicação da Pobreza:
Bianca.

Foto - crianças da Fundação Crianças em Risco (Children At Risk Foundation) CARF Brasil

O que os olhos nos podem dizer...

Nocturne #4 in F Major, Op. 15, No. 1, Frédéric Chopin, Sandor Falvay, piano

Da memória ou do mundo natural? O Paraíso...

O que é mais importante, a memória, o mundo privado ou a realidade, mundo natural?
O Paraíso na Outra Esquina é o meu livro preferido de Vargas Llosa, entre os livros dele que conheço.
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Vincent Van Gogh, A Casa Amarela, Place Lamartine, Arles, 1888

Van Gogh Museum, Amsterdão

Alyscamps, Arles


"...não tinhas tu sustentado, há já muito tempo, que o verdadeiro artista não procura os seus modelos no mundo exterior, mas sim na memória, esse mundo privado e secreto que se pode contemplar com uma consciência que tu tinhas em melhor estado que as pupilas? Era o momento de verificar se a tua teoria funcionava, koke. Isto fora motivo de ásperas discussões com Vincent, lá em Arles. O holandês louco proclamava-se pintor realista e dizia que o artista devia sair para o ar livre e assentar os seus cavaletes no meio da natureza a fim de nela encontrar inspiração. Para conciliar as coisas, nas suas primeiras semanas na Provença, Paul fez-lhe a vontade. Os dois amigos foram com os seus cavaletes, paletas e tintas instalar-se de manhã e à tarde em Les Alyscamps, a grande necrópole romana e paleocristã de Arles e pintaram, cada um, vários quadros da grande alameda de sepulturas e sarcófagos que, escoltados por numerosos álamos, conduzia à igrejinha de Saint Honorato. Mas, não muito depois, as chuvas e os sopros do mistral tornaram impossível continuarem a pintar ao ar livre e tiveram de fechar-se na Casa Amarela, a trabalhar procurando os seus temas nas suas lembranças e fantasias em vez do mundo natural, como Paul queria".

Mario Vargas Llosa, O Paraíso na Outra Esquina, Lisboa Dom Quixote, 2003, p. 227, (2ª ed. trad. J. Teixeira de Aguilar)

Será este o Paraíso?

Paul Gauguin, Ou vas-tu? II, 1893

16/10/2010

"Galope furioso através da Vida e do Sonho"

Uma das mensagens do livro de Margarida Elias fez-me chegar a esta conclusão: Portugal não é pequeno. A abertura ao mundo, as influências e reciprocidades entre pintores tornaram este país igual entre os seus pares.
O papel de Fantin-Latour, Rembrandt, Zurbarán, Chardin, Goya, Courbet, Henner, Manet, Degas, Palmaroli, Carolus-Duran, Ribot, Deschamps, Carrière, Blanche, Whistler, El Greco, Caravaggio ... na arte de Columbano tornaram-no universal. A influência de alguns destes pintores foi para mim reveladora porque nunca fizera tal associação. Hoje vejo Columbano com outros olhos, com olhos de ver! Obrigada Margarida.
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No final de 1898, Raul Brandão asseverou que " a pintura de Columbano, como certos poentes, como saudades, torna-nos contemplativos: é a sensação de uma beleza grave, harmónica. Os seus quadros têm a cor das velhas catedrais, o tom do granito envelhecido ao Sol..., *p. 71

Columbano Bordalo Pinheiro, Auto-retrato, ca. 1929

Óleo sobre tela, 92 x 69 cm, Museu do Chiado, Lisboa


«... quem via a obra "do grande pintor" tinha a impressão de ver um

"galope furioso através da Vida e do Sonho". »
Raul Brandão, p. 68*

*Margarida Elias, Columbano Bordalo Pinheiro, Pintores Portugueses, Matosinhos: Quidnovi, 2010, p. 68 e 71

15/10/2010

Vinheta 18 - Oscar Wilde!

Ray Dolen, Oscar Wilde
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A vinheta desta semana homenageia um escritor que me embelezou a adolescência. O Retrato de Dorian Gray foi o primeiro livro que li, depois vieram outros. É com uma história infantil que hoje revivo Oscar Wilde (nasceu a 16 de Outubro de 1854). Primeiro, em contraponto com a emoção da história dos mineiros do Chile, depois em uníssono.
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Selfish Giant
"One winter morning he looked out of his window as he was dressing. He did not hate the Winter now, for he knew that it was merely the Spring asleep, and that the flowers were resting.
Suddenly he rubbed his eyes in wonder, and looked and looked. It certainly was a marvellous sight. In the farthest corner of the garden was a tree quite covered with lovely white blossoms. Its branches were all golden, and silver fruit hung down from them, and underneath it stood the little boy he had loved.
Downstairs ran the Giant in great joy, and out into the garden. He hastened across the grass, and came near to the child. And when he came quite close his face grew red with anger, and he said, 'Who hath dared to wound thee?' For on the palms of the child's hands were the prints of two nails, and the prints of two nails were on the little feet.

'Who hath dared to wound thee?' cried the Giant; 'tell me, that I may take my big sword and slay him.'
'Nay!' answered the child; 'but these are the wounds of Love.'
'Who art thou?' said the Giant, and a strange awe fell on him, and he knelt before the little child.
And the child smiled on the Giant, and said to him, 'You let me play once in your garden, today you shall come with me to my garden, which is Paradise.'
And when the children ran in that afternoon, they found the Giant lying dead under the tree, all covered with white blossoms."
Oscar Wilde
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14/10/2010

O tamanho dos sonhos...

Budapeste, portão do Palácio Real em Buda, Hungria


"I have a dream",

Martin Luther King


I have a dream too... mas é tão pequeno comparado com o teu que foi incomensurável. O teu tem o tamanho de um gigante, o meu é o de um pequeno pássaro.


Diálogo com Martin Luther King, (Jr.).
Hoje, 14 de Outubro, faz 46 anos que ganhou o Prémio Nobel da Paz.

13/10/2010

Um Retrato

Com os meus parabéns a Margarida Elias. Foi um prazer ler este livro e descobrir novas facetas em Columbano Bordalo Pinheiro.
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Retrato de Maria Cristina Bordalo Pinheiro, 1912
(detalhe)
Óleo sobre tela 150 x 130 cm, Museu do Chiado, Lisboa


"O Retrato de Maria Cristina Bordalo Pinheiro corresponde a uma tentativa de Columbano conferir maior claridade à sua paleta e maior graciosidade aos seus modelos, seguindo o conselho de Batalha Reis de dar mais "variedade à sua obra variando nos retratos". A alusão ao lento ritual do chá bem como à sereniddade da pose constituem valores estáticos que contrastam com certos elementos do trajo que indiciam a sua ruptura iminente. Com efeito, o chapéu sobre a cabeça e a sombrinha na mão indicam que ela estava entre dois tempos, tendo acabado de entrar ou estando prestes a sair, sendo que o pintor a cristalizou num momento de fruição doméstica, anterior ou posterior a uma experiência de mundaneidade".
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Margarida Elias, Columbano Bordalo Pinheiro, Pintores Portugueses, Matosinhos: Quidnovi, 2010, p. 77.

UM MONGE PINTOR
"Em Portugal , Columbano vai aumentar o número dos seus admiradores, criando-se uma mitificação em torno da sua personalidade que era alimentada pela crítica. O seu nome era associado com vocábulo religioso, relacionado com a natureza monacal da sua vida (18/3/1912)".

Margarida Elias, p. 78-79 ob. cit.

Depois de ler este trecho compreendi melhor Columbano. Viajei num período da História portuguesa conturbado e pude apreciar a evolução cromática do pintor.
Há uma tela de Columbano de que gosto especialmente: Inês de Castro, de 1902, que está no Museu Militar. Um dia destes colocá-la-ei.
Obrigada Margarida!

Espaço cénico... Se houvesse degraus na Terra

Quem me dera que o tempo parasse! Que o relógio no farol batesse só as horas nocturnas. Um espaço cénico é o que vejo nesta tela, onde um sino toca e os pêndulos freneticamente se balançam.


Sergei Aparin, Betwen-time II
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Sergei Aparin, é um pintor russo. Vive em Belgrado. A sua pintura é descrita como enigmática, metafísica, fantástica, surreal, mágica, mística ou como um sonho.



Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.

Herberto Helder

12/10/2010

Luciano Pavarotti - In Memoriam

Gosto muito deste tenor. Se fosse vivo hoje faria 75 anos. Parabéns!

Una Furtiva Lagrima de L'Elisir D'Amore, ópera de Donizetti, para recordar Luciano Pavarotti que nasceu 12 de Outubro de 1935.



A música que me sai dos dedos ama o silêncio, e a suprema ambição do poeta é integrá-lo no canto

Eugénio de Andrade in Rosto Precário

11/10/2010

Morte Prematura e um poema de amor!

Com agradecimento a bibliofilia entre parênteses que me deu a conhecer a poetisa cubana Dulce María Loynaz. Procurei a escritora, li vários poemas e escolhi Amor es para acompanhar o nu de Henrique Pousão.
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Henrique Pousão, Modelo, 1880

Henrique Pousão nasceu em Vila Viçosa, em 1859, e morreu em 1884 com tuberculose, tendo apenas 25 anos. Lamento imenso a sua morte prematura. Na minha perspectiva ele era um pintor arrojado e inovador, transcendendo os seus contemporâneos.
A posição cénica que ele escolheu para o modelo e a roupagem azul e branca cortam o rosa-lilás do fundo. A cor da tela encaixa bem com o poema de amor.


AMOR ES...Amor es...

Amar la gracia delicada
del cisne azul y de la rosa rosa;
amar la luz del alba
y la de las estrellas que se abren
y la de las sonrisas que se alargan...
Amar la plenitud del árbol,
amar la música del agua
y la dulzura de la fruta
y la dulzura de las almas dulces....
Amar lo amable, no es amor:

Amor es ponerse de almohada
para el cansancio de cada día;
es ponerse de sol vivo
en el ansia de la semilla ciega
que perdió el rumbo de la luz,
aprisionada por su tierra,
vencida por su misma tierra...

Amor es desenredar marañas
de caminos en la tiniebla:
¡Amor es ser camino y ser escala!
Amor es este amar lo que nos duele,
lo que nos sangra bien adentro...

Es entrarse en la entraña de la noche
y adivinarle la estrella en germen...
¡La esperanza de la estrella!...

Amor es amar desde la raíz negra.
Amor es perdonar;
y lo que es más que perdonar,
es comprender...
Amor es apretarse a la cruz,
y clavarse a la cruz,
y morir y resucitar ...

¡Amor es resucitar!

Dulce María Loynaz

10/10/2010

"Attraversamento"

Já passei uma temporada em Roma, passei por Nápoles, fui até à Índia: Goa, falta-me ir a Bali! Qualquer semelhança com o filme Comer, Orar, Amar é pura coincidência. No entanto, revejo-me na procura de um sentido...
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Elenco do filme: Julia Roberts, James Franco, Javier Bardem, Richard Jenkins, Viola Davis. Realizador: Ryan Murphy

A palavra mais bela do filme:

"Attraversamento"

09/10/2010

Vinheta 17- Celeste Aída - Ggiuseppe Verdi

A vinheta desta semana homenageia Giuseppe Verdi que nasceu a 10 de Outubro de 1813.
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Cartaz de Publicidade da Ópera Aída, 21 de Abril de 1885,
na Ópera de Budapeste, Hungria



Aída, I Acto trecho:

Radamès, capitano delle Guardie

Io fossi! se il mio sogno
Si avverasse!… Un esercito di prodi
Da me guidato… e la vittoria — e il plauso
Di Menfi tutta! — E a te, mia dolce Aida,
Tornar di lauri cinto…
Dirti: per te ho pugnato e per te ho vinto!
Celeste Aida, forma divina,
Mistico serto di luce e fior;
Del mio pensiero tu sei regina,
Tu di mia vita sei lo splendor.
Il tuo bel cielo vorrei ridarti,
Le dolci brezze del patrio suol,
Un regal serto sul crin posarti,
Ergerti un trono vicino al sol.

Celeste Aída, I Acto, Pavarotti

08/10/2010

Duplo Contentamento- Longing to Escape!

Liu Xiaobo*


Finalmente, vivo num mundo em que a chama da esperança se reacende e devagarinho se vai fortificar!
Refiro-me ao prémio Nobel da Paz atribuído a Liu Xiaobo. Prémio bem merecido. Em dois dias consecutivos ouvimos e vemos falar da dignidade humana e dos direitos do homem. Talvez assim, as vozes falem mais alto e a China perca a sobranceria!
No link assinalado Paul Auster lê três poemas de Liu Xiaobo.

Longing to Escape

for my wife

abandon the imagined martyrs
I long to lie at your feet, besides
being tied to death this is
my one duty
when the heart’s mirror-
clear, an enduring happiness

your toes will not break
a cat closes in behind
you, I want to shoo him away
as he turns his head, extends
a sharp claw toward me
deep within his blue eyes
there seems to be a prison
if I blindly step out
of with even the slightest
step I’d turn into a fish

8. 12. 1999

Liu Xiaobo

* Fotografia Reporter Ohen Grezen, tratada por mim.

07/10/2010

Contentamento!

Vargas Llosa fotografia surripiada aqui

Hoje, soube através dos media que Vargas Llosa ganhou o prémio Nobel. Congratulo-me com esta decisão.
Nem sempre os prémios atribuídos têm o valor real, mas não é o caso. Aprecio a postura e a determinação deste homem que na escrita premeia a luta pela igualdade, liberdade e pelos direitos humanos.
Procurei uma fotografia que mostrasse um pouco do seu perfil, apenas encontrei esta que me prendeu a atenção e porquê?
A resposta é simples, o pano ou cachecol que o envolve parece, o levantar da máscara, o desnudar dos sentidos na forma crítica da sua escrita.


POEMA PARA A EXORCISTA

A minha vida aparece sem condão e
monótona
aos que me vêem
no trabalho árduo da oficina
em manhãs apuradas.
A verdade é muito distinta.
Cada noite eu saio e discuto
contra um espírito malévolo
que, se valendo de
máscaras - cão, grilo,
nuvem, chuva, vagabundo,
ladrão - trata de
se infiltrar na cidade
para estragar a vida humana
semeando
a discórdia.
Apesar dos seus disfarces
sempre a descubro
e a espanto.
Nunca conseguiu enganar-me
nem vencer-me.
Graças a mim, nesta cidade
ainda é possível
a felicidade.
Mas os combates nocturnos
deixam-me exausta e ferida.
E para compensar a minha
guerra contra o inimigo,
peço uns restos
de afecto e de amizade.

Mario Vargas Llosa
inédito
Nova Iorque
Novembro de 2001, tradução de Pedro Calouste

Folhas de Outono - Bashô

Um passeio à chuva, à procura do Outono e das folhas caídas.

xx

Ficus, árvore Australiana, Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, Coimbra Portugal


No meio dos Plátanos que ainda pouco se despiram.






Bashô

With the air of a century past
The fallen leaves on the garden
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Bashô, Zen Haiku, Frances Lincoln Limited, p.55,
(Selected and translated by Jonathan Clements)

06/10/2010

Um Auto-retrato que Brinca Connosco !

Escher com a sua arte ilusória brinca connosco. O seu trabalho é apaixonante!
Dedicado a todos os que me visitam e em especial a Presépio no Canal por viver na Holanda, país deste ilustrador.
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M. C. Escher, Auto-retrato

Escher
"(...) apesar de não possuir qualquer conhecimento ou treino nas ciências exactas, sinto muitas vezes que tenho mais em comum com os matemáticos do que com os meus colegas artistas..."

(1967, cit. in APM, 1998, p.9)

Um globo reflector está na mão do artista. Neste espelho ele pode ter uma visão muito mais completa do ambiente onde está, através da observação directa - quatro paredes, o chão e tecto do seu quarto - está comprimido, embora torcido, dentro deste pequeno disco. A sua cabeça, ou para ser mais preciso, o ponto entre os olhos dele, entra no centro absoluto. O ego é o caroço inabalável do seu mundo .
Retirei do link assinalado,
FCUL

05/10/2010

No Mezzo - Sueño de Tango. O pintor Charlton Bullock


Sueño de tango (Federico/ Ledesma)



Orquesta del maestro Leopoldo Federico en el Obelisco (Buenos Aires, el 31.12.2008 (Bandoneon y direccion: L.Federico, bandoneones: A.Príncipe, H.Lettera, J.Pane, H.Romo), piano: N.Ledesma, contrabajo: H.Cabarcos, violines: D.Bolotin, P.Agri, M.Svidovsky, J.Mancuso, cello: U.Di Salvo; solo de violin: D.Bolotin).

Da "República" - Carrilho, Mattoso, Oliveira Marques

No centenário da República, sublinham-se quatro pensamentos, um iconográfico, que captaram a minha atenção.
Subsiste a pergunta, o que somos para onde vamos?
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Stuart Carvalhais, ilustração para um bilhete postal de propaganda ao jornal República.
Década de 1910.

Que República?

Quando hoje olhamos para o 25 de Abril de 1974, o que vemos? Que balanço fazemos? Que sucessos, que fracassos, que impasses identificamos nós? Nos sucessos, há dados quase indiscutíveis: a estabilização da democracia, depois de quase cinco décadas de ditadura. O fim do colonialismo, depois de muitos anos de cegueira política e 13 anos de guerra. A abertura ao desenvolvimento, em contraste com a letargia do Estado Novo. Os fracassos são, naturalmente, mais controversos. (...)

No plano da democracia, o fosso entre a sua dimensão representativa e as exigências participativas tem aumentado, sem que se consiga responder com eficácia à degradação dos partidos, à descredibilização dos políticos ou ao desinteresse dos cidadãos."

Manuel Maria Carrilho, E Agora? Por uma nova República, Porto: Sextante Editora, 2010, p.61.
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"Por influência do meu pai e do ambiente familiar, confesso que a [I] República tomou uma atitude inaceitável para com a Igreja e os católicos. Teria sido muito mais inteligente se tivesse encontrado uma via de entendimento."
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José Mattoso, Revista Ler "Ao Sabor da História", nº 94 ,II Série, Livros & Editores, p.32
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Sobre o livro, o historiador escreveu:
" Tentou debruçar-se sobre os acontecimentos com esse máximo de imparcialidade que a condição humana do historiador permite. Se conseguiu ou não, o leitor dirá. Acaso a ausência de uma ideologia vulgarmente reconhecível fará destes sete pequenos capítulos uma obra de tendência "burguesa" a olhos marxistas e um livro com cheiro socialista a olhos burgueses. Oxalá assim seja, porque nada melhor aspira o autor do que a fugir aos rótulos ideológicos com que se costumam etiquetar as pessoas".
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A. H. Oliveira Marques, A Primeira República Portuguesa, Texto Editores, 2010, (2ª edição), Prefácio.

04/10/2010

Permanências em Tempo de Mudanças... - A. H. Oliveira Marques

Em ano de comemoração do Centenário da República ofereci a mim mesma o livro: A Primeira República Portuguesa, do Professor Doutor A. H. Oliveira Marques. É um período da história portuguesa que não me atrai particularmente. Digamos que gosto de determinados aspectos. O livro é interessante e aliciante. Foca as estruturas e conjunturas que estão na base das alterações do regime monárquico para o regime republicano - permanências e mudanças. Há muitos trechos que gostaria de referir mas, por falta de tempo, apenas escolhi estes dois excertos.

"Veio a Guerra* e o seu difícil rescaldo. As hesitações dos governos, pressionados pelas questões políticas e pela falta de continuidade no poder, justificaram as críticas de muitos e impediram que a questão frumentária pudesse continuar a ser debelada no quadro lei de Elvino de Brito. A legislação numerosa e contraditória (decretos e leis de 1915, 1916, 1918, 1919 e 1921, ente os mais importantes) que saía do Terreiro do Paço pouco ajudava".

Carlos Reis, A Talha Vidrada, Não Datado


Óleo sobre Tela, 152 x 97, 5 cm , Museu Carlos Reis, Torres Novas

"Nas artes, a persistência das antigas formas e estilos sentiu-se ainda mais do que na literatura. Predominaram o naturalismo e o nacionalismo na pintura, na escultura e na arquitectura, com geral alplauso do público. As exposições de arte (em constante aumento desde 1910) mostraram sem fadiga uma sucessão monótona e sempre crescente de pintores neo-românticos, tratando com as mesmas técnicas dos mesmos temas, onde o camponês e o cenário rural "típicos" eram exaltados formosamente e artisticamente, com desprezo pela cidade e pelos valores urbanos. Uma corrente deste tipo, apesar da qualidade em geral boa dos seus representantes (Carlos Reis, Falcão Trigoso, António Saúde, Alves Cardoso, Alberto de Sousa e os velhos mestres que continuavam activos, como Malhoa e Columbano) não traziam inovações, e não podia interpretar as grandes mudanças que Portugal e o Mundo iam atravessando".

*(1914-1918)
A. H. Oliveira Marques, A Primeira República Portuguesa, Texto Editores, 2010, (2ª edição), p.21 e 89.

03/10/2010

Expressões e percepções... - José Mattoso

José Mattoso, fotografia surripiada na net


Depois de ter lido no Prosimetron uma citação da entrevista realizada por Carlos Vaz Marques a José Mattoso, procurei a revista Ler.
A História Contemplativa do Professor Doutor José Mattoso causou-me alguma inquietação, o mesmo se passara quando li A Identidade Nacional (1998).

"O tesouro está aí. Quem quiser que o aprecie, que o colha. Platão está ao alcance de muita gente. A Humanidade foi acumulando expressões e percepções extraordinárias sobre o que é a vida, o que é a existência. A noção de que atrás de nós há séculos e séculos de experiência humana é uma percepção importante para termos uma ideia do que somos, do que nos cai em cima, daquilo que temos de digerir e a que temos de responder (...)".

"Procurei sempre ter uma visão global da História. Portanto, todo o passado humano numa só imagem. Tento compará-lo a uma grande sinfonia, com muitos instrumentos. Esse todo tem uma certa harmonia e é à percepção dessa harmonia que chamo espírito contemplativo. Gosto de olhar para a História com o espírito contemplativo."

Revista Ler "Ao Sabor da História", nº 94 ,II Série, Livros & Editores, p. 29

02/10/2010

Por vezes nada nos sai bem...

Maurits Cornelis Escher, Mãos Desenhando, 1948, litografia.
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Há dias em que a caneta não devia escrever.
Começamos por "teclar" e escrevinha-se qualquer coisa. Sai asneira.
Irremediavelmente fica escrito...

Vinheta 16 - Alfredo Keil

Alfredo Keil compôs a música A Portuguesa, poema de Henrique Lopes Mendonça, adaptado para o Hino Nacional, em 1911.
Por isso, a vinheta desta semana relaciona-se com as comemorações da Implantação da República.
De descendência alemã Alfredo Keil foi um homem multifacetado, isto é, foi poeta, músico e pintor. Estudou música e desenho em Nuremberga, viajou pela Europa passando temporadas em Itália. Como músico deixou algumas óperas, destaco D. Branca dedicada ao rei D. Luís.
Alfredo Keil não conheceu a República, morreu na Alemanha em 1907. Compôs A Portuguesa em 1891 como manifestação contra o ultimatum Inglês.
Nasceu na época do romantismo e é um naturalista como se pode observar na tela que escolhi!
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Alfredo Keil, Um Rebanho em Sintra, 1898

Óleo sobre tela, 24,8 x 36,8 cm, Museu do Chiado, Lisboa



" A phase cadenciada,
Que além se faz ouvir no monte pedregoso.
Todo o rebanho enleva..."


Alfredo Keil in Tôjos e Rosmaninhos

Alfredo Keil - Serments d'Amour Op. 12 No. 4


01/10/2010

Hoje roubei...

Detalhes, Károly Ferenczy, Jardineiros 1891

Galeria Nacional Húngara, Buda, Budapeste, Hungria.
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Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.

Eugénio de Andrade, As mãos e os frutos, Vila Nova de Famalicão: Quasi,(22ª ed.), 2006, p.41

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