23/08/2010

Em memória: Os Livros e a Censura - A. H. Oliveira Marques

Homenagem ao historiador Professor Doutor A. H. Oliveira Marques que nasceu a 23 de Agosto de 1933.
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A Censura em Portugal é um tema que me interessa bastante.
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Professor Doutor A. H. Oliveira Marques

Três Fases na História da Censura em Portugal
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I- A Século XVI
"(...) A censura variou consoante a época, a personalidade dos censores e as influências por detrás dos autores. Mas em qualquer caso revelava-se sempre um elemento desencorajador para escritores e para editores. Somada à Inquisição e à influência jesuítica, fez afrouxar sem sombra de dúvida a produção literária, impedindo Portugal, de acompanhar o progresso científico e cultural europeu a um ritmo normal, e dando origem a um género assaz interessante (mas triste pelo simples facto da sua existência) de literatura clandestina que aguarda ainda ao seu historiador. Apesar de todos estes freios a um desenvolvimento cultural pleno, o mundo português na segunda metade do século XVI e na primeira metade do XVII tinha ainda vigor bastante para produzir um bom número de obras-primas e rivalizar (excepto no campo científico) com a Europa culta. O surto humanista produziu alguns dos seus melhores frutos depois de 1550, especialmente entre os homens que pertenciam às gerações formadas antes ou por volta dos meados da centúria. Luís de Camões (1525?-1580) foi o maior de todo, com os Os Lusíadas publicados em 1572 e rapidamente difundidos pela Europa ilustrada. À sua geração pertenceram poetas e prosadores como António Ferreira (1528- 1583?)e o esteta e artista Francisco de Holanda (1517?-89), comparáveis ao melhor que a Europa do tempo podia oferecer. As gerações ulteriores produziram alguns autores de nomeada, tais como os historiadores Diogo do Couto (1542-1616) e Fr.Luís de Sousa (1555-1632) (...)".
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A. H. Oliveira Marques, Três Fases na História da Censura em Portugal, Intervenção no colóquio internacional Humanismo Latino na Cultura Portuguesa, 17 a 19 Outubro de 2002, FLUP/Porto http://www.humanismolatino.online.pt/v1/pdf/C001_01.pdf

4 comentários:

  1. A censura é um tema bem interessante. Acho fascinante o tipo de assuntos ou obras censurados, que por vezes são bem surpreendentes. E é sempre também curioso como se consegue contornar a censura. Mas, infelizmente, julgo que há situações em que é necessária, mesmo numa sociedade livre. É uma questão que dá que pensar.

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  2. Obrigada Margarida!
    Este assunto interessou-me sempre não só em relação aos livros, apesar desse ser mais importante, mas também em relação à arte.

    Encontrei um painel pintado na Igreja de S. Francisco, em Évora:
    S. Miguel, restaurado por Fernando Mardel em 1940, onde debaixo de uma nuvem se encontrava uma sereia, com o corpo semi-nu,e com barbatana, a pegar num anjo, junto à balança que S. Miguel segurava. Os qualificadores do Santo Ofício obrigaram a que aquela figura fosse tapada com um nuvem, como já referi.

    Tem razão o que se pode encontrar é surpreendente!
    Através dos tempos a história da censura é assaz interessante. O Professor Doutor A.H. Oliveira Marques tem este artigo interessante em pdf. no site que indico.

    Bjs :)

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  3. Muito interessante o conteúdo do excerto. É digno de nota verificar que há obras que nenhuma escuridão ou nuvem foi capaz de ocultar. E ainda bem!
    Boa noite!

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  4. Ana, para além do que a censura representa, o seu efeito na produção artística é, no mínimo, paradoxal. Há áreas em que a censura pode representar um enorme estímulo, um acicate eficacíssimo à imaginação e à ironia. Lembro-me de se falar do vazio criativo desencadeado pelos primeiros anos de liberdade «abrileira» na literatura, no teatro, etc., etc., etc. :-)

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