Tenho uma lista enorme de livros e agradecimentos a fazer a quem mos ofereceu, porém, comecei a ler um que me emprestaram, cujo tema é pertinente nos tempos que correm. O tempo, sempre ele, em espiral, construindo a História mas nunca acaba com os mistérios.
29/01/2017
O tempo...
28/01/2017
No reino dos gatos
No reino dos gatos os cães ladram fino...
Gata
É de veludo
roça-se em mim,
chora comigo.
Ri-se de mim
num ron ron
sem fim...
Chama-se Rita
mas não tem saia...
dança comigo,
troça de mim,
depois adormece
na almofada de cetim.
ana
23/01/2017
In Memoriam - A H. Oliveira Marques
Os homens vivem através dos seus livros e das memórias que deixaram.
O historiador A. H. Oliveira Marques é uma figura incontornável
do conhecimento da História em Portugal.
Aqui fica um trecho de um tempo e uma época da História de Portugal.
A H. Oliveira Marques,"Da Monarquia para a república", in História de Portugal (Org. José Tengarrinha). S. Paulo: Editora da Universidade do Sagrado Coração, pp.283-296.
21/01/2017
16/01/2017
Um minuto...
Paolo Mantegazza
15/01/2017
Do apolíneo ao dionísiaco
Do apolíneo ao dionísiaco
Salvator Rosa, La menzogna (1635-1673),
Apolo nasce virtuoso,
cumpre o destino luminoso.
Dionísio canta pela noite
a sombra e os gracejos do prazer.
Apolo transporta as pautas musicais,
o espanto perante a melodia.
Dionísio traz consigo as uvas e o mel,
a bebida do esquecimento.
Apolo beija as flores da manhã,
escuda com a luz a fragilidade humana.
Dionísio traz a máscara do teatro,
num esgar mostra a verdade e a mentira.
A máscara de Apolo é dourada,
a de Dionísio é negra, da cor do carvão.
Botticelli pintou Apolo
e Caravaggio pintou Dionísio.
Ergo o espelho do chão e vejo
Apolo transformar-se em Dionísio
e Dionísio transformar-se em Apolo.
Apolo e Dionísio são uma e a mesma pessoa.
ana
ana
12/01/2017
Há livros que são bálsamo!
Sabe, é curioso, eu tenho cores de Verão e cores de Inverno. Quando está calor gosto de pintar em azul, em verde, em branco. O branco, aliás, posso usá-lo durante todo o ano. E quando está frio gosto do vermelho.
Vieira da Silva in, O Fulgor da Luz, Conversas com Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes.
Um livro de Anne Philipe traduzido por Luiza Neto Jorge e editado pela Rolim, Lisboa, sd, p. 14.
Está um frio que faz doer a alma e este livro foi um bálsamo que amenizou a dor.
Obrigada.
Ouvi hoje no rádio do carro a voltar para casa. Um dos meus álbuns preferidos dos Pink Floyd
09/01/2017
Um destino, a História, 2 marcos e mundos diferentes
Talvez seja polémica a minha homenagem por juntar dois rostos tão antagónicos. Contudo, o primeiro a quem presto aqui homenagem existiu e construiu-se a combater o segundo.
Dois homens que marcaram quatro décadas, influenciaram meio século e estiveram em actividade política exactamente 42 anos: contando ao primeiro (de forma livre) a partir de 1974 a 2017 e ao segundo a partir de 1926 (ministro das Finanças) a 1968. Dois rostos incontornáveis na História de Portugal.
Retrato presidencial de Mário Soares,
Júlio Pomar, 1992 (Wikipédia) António de Oliveira Salazar
(Wikipédia)
Felizmente, vivi mais tempo em democracia do que em ditadura. Contudo, lembro-me destes dois mundos, do que se estudava na escola, das mentalidades e da ruptura que constituiu viver num e noutro.
Cabe-me agradecer ao Dr. Mário Soares ter tido a coragem que teve, ter optado por construir a sua vida como a construiu e ter feito de Portugal uma democracia.
06/01/2017
O que nos espera? Do relativismo das coisas...
O que nos espera?
O que será a melhor fotografia tirada no ano de 2016?
Um momento guardado, um gosto subjectivo? Um rosto?, uma paisagem?, uma flor? um conceito?
O melhor, o que é o melhor hoje? Será o melhor amanhã? Será mais estético um rosto ou uma flor?, uma paisagem urbana ou uma rural?, uma casa ou um rio? Tudo é relativo. Daí o melhor de 2016 ser uma preposição obscena. Daí a minha escolha assentar no critério da fotografia conceito: o vazio, as brumas a assinalar este começo do ano, neste dia de Reis. Um dia em que o ouro, o incenso e a mirra foram a oferta para o príncipe entre os Príncipes.
Com o meu agradecimento a Bea que me deixou esta surpresa de Chopin.
[... tenho saudades da Primavera!]
04/01/2017
Diálogo improvável
VII
Saber? Que sei eu? Nada sei.
Pensar é descrer. Quanto mais penso, menos sei.
- Leve e azul é o céu - Neste céu de chumbo
Tudo é tão difícil Que me cerca.
De compreender!... O que entender?
A ciência, uma fada Viver, é caminhar
Num conto de louco... estranhamente
- A luz é lavada - numa bruma sem fim.
Como o que nós vemos O perceptível
É nítido e pouco! é mínimo e claro.
Que sei eu que abrande O que aprendi eu
Meu anseio fundo? Que alimenta o meu desespero?
Ó céu real e grande, A realidade nua e crua,
Não saber o modo Os outros com que me cruzo
De pensar o mundo! De quem nada sei, nem ouço!
4-XI-1914 4-I-2017
Fernando Pessoa * ana
*Fernando Pessoa, Cartas a Armando Côrtes- Rodrigues. (Introdução de Joel Serrão) Lisboa: Editorial Inquérito Lda, 1984 (2ª Edição) p. 88.
02/01/2017
Dualidade
Fogo de artifício a assinalar o Novo Ano:
Duas estrelas
Ao ler a introdução de Joel Serrão no livro, Fernando Pessoa Cartas a Armando Côrtes-Rodrigues, encontrei como resposta possível para os estados de alma de Pessoa, uma citação de António Sérgio sobre Antero e os seus Sonetos, a qual determinava a "dualidade irredutível" do escritor. Esta dualidade fascinou-me sempre, daí a vontade em a registar e partilhar. O homem tem sempre algo de apolíneo e de dionisíaco. O resultado entre esses dois mundos depende do livre arbítrio.
«Dois Anteros, imagino eu»; - continua o ilustre ensaísta - chamemos-lhe, por comodidade, o Apolíneo e o Nocturno (ou Romântico). Ao primeiro, domina-o o espírito crítico do filósofo; ao segundo, o temperamento mórbido do homem. Canta o primeiro a lucidez do intelecto, o heroísmo apostólico, o claro-sol; prega o auto-domínio e a consciência plena a concentração da personalidade e da actividade pensante; afirma ao mesmo tempo uma filosofia da imanência, intelectualista e aristocrata, e exalta o Amor e a Razão, concebidas como sendo irmãs, fontes de ordem e de harmonia no indivíduo e na sociedade; o segundo pelo contrário, canta a noite, o sonho, a submersão, a morte, «as regiões do vago esquecimento», a dissolução da personalidade, e o repouso da alma no Deus transcendente, na «humilde fé das obscuras gerações».*
Fernando Pessoa, Cartas a Armando Côrtes- Rodrigues. (*Introdução de Joel Serrão) Lisboa: Editorial Inquérito Lda, 1984 (2ª Edição) p. 29-30
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