30/03/2016

No Teatro São Carlos e CCB - A Flowering Tree

O São Carlos merece os parabéns pois oferece a possibilidade de assistir ao ensaio musical da ópera A Flowering Tree, no dia 31 de Março, às 19:00 horas, antes da estreia com alguns excertos interpretados pelos solistas Jessica Rivera, Shawn Mathey e Luís Rodrigues, acompanhados ao piano por Rui Rodrigues.

Pode assistir ainda a comentários de Joana Carneiro e Nicola Raab, respectivamente directora musical e encenadora da produção que se apresenta a 6 e 8 de Abril; e de Rui Horta, encenador da produção de 2010.
A entrada é livre e é no Foyer do São Carlos.



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Joana Carneiro dirige a ópera de John Adams A Flowering Tree, no Centro Cultural de Belém, dez anos após a sua estreia absoluta. Com música de John Adams e libreto de John Adams e Peter Sellars, a Temporada Lírica do Teatro Nacional de São Carlos prossegue agora no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém:
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Nicola Raab
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https://www.facebook.com/SaoCarlos/videos/10153982050787980/

28/03/2016

livros e arte

Alessandro Turchi, Orbetto, Lamentação da morte de Cristo [tradução livre], c. 1645-50.

Na galeria Gherardini encontrei belas obras de Orbetto*e passei a conhecer este meritório artista. Quando estamos longe contentamo-nos com saber dos artistas de primeiro plano, muitas vezes apenas com os seus nomes; mas quando nos aproximamos deste firmamento de estrelas e as de segunda e terceira grandeza começam também a brilhar, e cada uma se destaca como parte de toda a constelação, nessa altura o mundo alarga-se e a arte enriquece-se. Tenho de louvar aqui a ideia de um desses quadros. Tem apenas duas figuras em meio corpo. Sansão acabou de adormecer no regaço de Dalila, ela inclina-se levemente sobre ele para pegar numa tesoura que está em cima da mesa, ao lado de uma candeia. A execução é muito perfeita. 

Johann Wolfgang Goethe, Viagem a Itália, 1786-1788. ( Tradução, prefácio e notas de João Barrento) Lisboa: Bertrand Editora, 2016, p. 73. 
[A pedido do tradutor a obra não segue a grafia do novo acordo ortográfico].

* Orbetto é o pintor Alessandro Turchi também conhecido por Alessandro Veronese. O pintor nasceu em Verona em 1578 e morreu em Roma em 1649.

Apesar da nota no fim do livro referir que a tela está no Louvre não a consegui encontrar. De forma que coloco outra que gostei muito e que foca Maria Madalena após a deposição de Cristo. É bela não é?
Esta viagem a Itália está a encantar-me. Não estou a ler rapidamente até porque o comecei numa altura de muito trabalho. Contudo, o tempo não importa quando a beleza entra pelos olhos dentro e quando nos leva a investigar.
Boa noite!


26/03/2016

"a Rosa que é o Cristo"

Quem dera que este lápis fosse o lápis de Leonardo Da Vinci e tivesse feito este esboço .
O templo em honra de Cristo
Boa Páscoa!

Esboço retirado do capítulo X Arquitectura e Planeamento, p. 206, do livro 
Os Apontamentos de Leonardo da Vinci
organizado por  H. Anna Suh, Lisboa: Centralivros, Lda., 2007

Quinto

O ENCOBERTO

Que símbolo fecundo
Vem na aurora ansiosa?
Na Cruz Morta do Mundo
A Vida, que é a Rosa.

Que símbolo divino
Traz o dia já visto?
Na Cruz, que é o Destino,
A Rosa, que é o Cristo.

Que símbolo final
Mostra o sol já desperto?
Na Cruz morta e fatal
A Rosa do Encoberto.

s.d.


Fernando Pessoa, Mensagem. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972). p. 87.



24/03/2016

Primavera! [Almejada]

“A primavera chegará, 
mesmo que ninguém mais saiba seu nome, 
nem acredite no calendário, 
nem possua jardim para recebê-la.”

Cecília Meireles 


Obrigada, em breve corresponderei à vossa presença.:))
***

21/03/2016

No dia da poesia - as árvores já não gostam dos homens

as árvores já não gostam dos homens é um poema que trago da minha amiga Graça e com o qual ela ganhou o 2º prémio da VI edição do Concurso "Poesia  da Biblioteca" da Biblioteca Municipal de Condeixa. Parabéns Graça!:))





as árvores já não gostam dos homens

as árvores já não gostam dos homens
porque eles atraiçoaram-nas
adiantando os relógios malditos
ao encontro suicida da apoteose final
aliciante cinzenta e indistinta
os pássaros foram fazer ninhos
nas nuvens negras
as crisálidas apodreceram no porão
dos navios abandonados
onde naufragaram os desejos
das sete virgens que sonharam
com paraísos e felicidade infinita
veio um deus maldito
sacudir as frutos das árvores
que apodreceram nas searas
onde não nascem papoilas
as montanhas abriram-se
formando túneis vazios
as casas ardem de  febre
porque os homens têm o betão
o níquel a prata e o ouro
por dentro das veias e dos músculos
e as crianças que brincavam dentro deles
adormeceram para sempre
agora as árvores estão velhas e cansadas
viram as costas aos homens e adormecem zangadas
num sonho agitado e perturbador de cavalos a galope
e crianças a brincar com ferro forjado
no céu uma caneta acusadora sentencia
mas o discurso é uma metáfora esquecida
o tempo é para mastigar devagarinho
como pão com manteiga à sombra das árvores
que gostam de contar histórias aos homens
da terra virgem a brincar
com bonecas rosadas de puxos
os relógios também estão cansados
o tempo está velho
e definha debaixo da abóbada celeste

Graça Maria Gonçalves Rama Alves

19/03/2016

Pai, numa folha vazia

Pai,
Nesta folha vazia tentei fazer o teu retrato.
Já partiste há algum tempo e a memória atraiçoa-me. 
Vejo-te como quando era pequena e me pegavas ao colo.
Talvez, por isso pai...
não consiga pintar a tua beleza.

[Perdoa-me pelo tratamento por tu, algo que nunca consegui.] 


Ao meu pai que gostava de a tocar no piano.

17/03/2016

Gestos

Nada, a não ser a arte, é mais belo que as flores.

Gestos que apaziguam a alma. 


XXXI - Se às vezes digo que as flores sorriem


Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.

Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

s.d.

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos.  (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993), p. 56.


12/03/2016

Floresta de ferro em cidade de betão

Bom fim-de-semana!

Floresta de ferro em cidade de betão
 


Nunca, por mais que viaje, por mais que conheça

Nunca, por mais que viaje, por mais que conheça
O sair de um lugar, o chegar a um lugar, conhecido ou desconhecido,
Perco, ao partir, ao chegar, e na linha móbil que os une,
A sensação de arrepio, o medo do novo, a náusea —
Aquela náusea que é o sentimento que sabe que o corpo tem a alma,
Trinta dias de viagem, três dias de viagem, três horas de viagem —
Sempre a opressão se infiltra no fundo do meu coração.


31-12-1929

Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993), p. 41.

10/03/2016

Agradecimento

A todos agradeço a presença.
Peço desculpa pela minha ausência. 
A clausura é necessária e inevitável.


08/03/2016

Dia Internacional da Mulher

Maria Bashkirtseva, In the Studio, 1881,
  Dnipropetrovsk State Art Museum


À mulher, 
em particular pela sua coragem, força e espírito,
nas horas mais amargas...

migrações
guerras
violência
perda...

05/03/2016

O pescador do mar alto



O pescador do mar alto

O pescador do mar alto
Vem contente de pescar.
Se prometo, sempre falto:
Receio não agradar.


s.d.

Fernando Pessoa, Quadras ao Gosto Popular.  (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973), p. 104.

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