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18/04/2016

Um Monumento, um sítio a visitar

Homenagear os monumentos e preservar o património é responsabilidade de todos os cidadãos. 

Foco-me no Castelo de Ourém no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios porque ele tem tido importância ao longo desta minha viagem.


(...) Se cada homem não é mais  que um complemento de todos os outros, e se torna mais útil e simpático quando assim se apresenta, essa verdade é mais válida ainda quando se trata de descrições de viagens e de viajantes.

Johann Wolfgang Goethe, Viagem a Itália, 1786-1788. ( Tradução, prefácio e notas de João Barrento) Lisboa: Bertrand Editora, 2016, p. 368.

A prosa de Goethe levou-me ao poema de Alberto Caeiro

Para além da curva da estrada

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.

s.d.

Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994, p. 129.

Nota Histórico-Artística do site da Direcção Geral do Património Cultural - DGPC

«Localizado numa região correspondente na actualidade ao município de Ourém, o castelo do mesmo nome encontra-se estrategicamente situado no centro do país, na confluência de antigas vias, numa zona dotada de assinalável diversidade de recursos naturais essenciais à sobrevivência e fixação de comunidades humanas, a exemplo dos inúmeros testemunhos arqueológicos identificados até ao momento. 
Conquistada, em definitivo, aos mouros em 1136, Ourém foi doada (1178) por D. Afonso Henriques (1109-1185) a sua filha Infanta Dona Teresa (Matilde), por iniciativa de quem lhe foi conferido foral, constituindo, desde então, parte dos territórios mais importantes das rainhas portuguesas, até que, em 1384, D. João I (1357-1433) a concede, bem como o título de Conde de Ourém, ao Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431). 
É em meados do século XV, com D. Afonso, Conde de Ourém e Marquês de Valença, que as muralhas do primitivo castelo são rasgadas para edificação do Paço, até ser destruído quase por completo pelo terramoto de 1755. Entrou, então, num processo de degradação agravado pelas invasões francesas, já no início do século XIX, sendo, no entanto, contemplado no primeiro documento nacional de classificação de estruturas antigas como "monumentos nacionais", datado de 1910, numa confirmação da sua importância histórica, até que, na década de trinta do século passado, foi objecto de obras de restauro e de beneficiação e valorização, estas últimas já nos anos oitenta. 
Destacado na paisagem em local de difícil acesso, no topo do monte sobranceiro à Vila, o castelo, originalmente edificado entre os séculos XII e XIII, foi dotado de um grandioso Paço no tempo de D. Afonso, Marquês de Valença (vide supra), nele imprimindo-se notória influência arquitectónica italiana. 
Desenhando um triângulo, o conjunto que hoje observamos possui corpo central de planta rectangular e dois torreões (torres largas e ameadas) insertos no próprio muralhado de planta poligonal da Vila. Os dois pisos inferiores foram completados com um amplo terraço circundado por balcão com mata-cães sobre arcaria apontada assente em mísulas piramidais. 
[AMartins]»

01/04/2016

"a natureza é o único livro"

Sol fora da pauta


... não há dúvida que a natureza é o único livro que oferece conteúdos superiores em todas as suas folhas


Johann Wolfgang Goethe, Viagem a Itália, 1786-1788. ( Tradução, prefácio e notas de João Barrento) Lisboa: Bertrand Editora, 2016, p. 223.
[A pedido do tradutor a obra não segue a grafia do novo acordo ortográfico].

28/03/2016

livros e arte

Alessandro Turchi, Orbetto, Lamentação da morte de Cristo [tradução livre], c. 1645-50.

Na galeria Gherardini encontrei belas obras de Orbetto*e passei a conhecer este meritório artista. Quando estamos longe contentamo-nos com saber dos artistas de primeiro plano, muitas vezes apenas com os seus nomes; mas quando nos aproximamos deste firmamento de estrelas e as de segunda e terceira grandeza começam também a brilhar, e cada uma se destaca como parte de toda a constelação, nessa altura o mundo alarga-se e a arte enriquece-se. Tenho de louvar aqui a ideia de um desses quadros. Tem apenas duas figuras em meio corpo. Sansão acabou de adormecer no regaço de Dalila, ela inclina-se levemente sobre ele para pegar numa tesoura que está em cima da mesa, ao lado de uma candeia. A execução é muito perfeita. 

Johann Wolfgang Goethe, Viagem a Itália, 1786-1788. ( Tradução, prefácio e notas de João Barrento) Lisboa: Bertrand Editora, 2016, p. 73. 
[A pedido do tradutor a obra não segue a grafia do novo acordo ortográfico].

* Orbetto é o pintor Alessandro Turchi também conhecido por Alessandro Veronese. O pintor nasceu em Verona em 1578 e morreu em Roma em 1649.

Apesar da nota no fim do livro referir que a tela está no Louvre não a consegui encontrar. De forma que coloco outra que gostei muito e que foca Maria Madalena após a deposição de Cristo. É bela não é?
Esta viagem a Itália está a encantar-me. Não estou a ler rapidamente até porque o comecei numa altura de muito trabalho. Contudo, o tempo não importa quando a beleza entra pelos olhos dentro e quando nos leva a investigar.
Boa noite!


24/02/2016

"As portas não têm fechaduras"

Viagens a Itália, 1786-1788, um livro de Goethe que me vai encher as medidas. O trabalho é imenso e o tempo pouco. Certamente demorarei a ler este livro mas o regresso a Itália vale todo o tempo do mundo.

Johann Heinrich Wilhelm Tischbein, Goethe in the Roman Campagna
WikipediaJohann Heinrich Wilhelm Tischbein - Goethe in the Roman Campagna - Google Art Project.jpg

Torbole, 12 de Setembro, depois da ceia
(...)
Fui dar um passeio no fresco da noite, e vejo que me encontro realmente num outro país, numa região totalmente estranha. As pessoas vivem aqui uma vida despreocupada de conto de fadas: primeiro, as portas não têm fechaduras, mas o estalajadeiro assegurou-me que podia ficar tranquilo, mesmo que tudo o que trago fosse de diamante; depois, as janelas têm papel oleado, em vez de vidraças; finalmente, falta aqui uma comodidade muito necessária, de modo que nos sentimos muito próximos do estado de pura natureza.

Johann Wolfgang Goethe, Viagem a Itália 1786-1788.  (Tradução, prefácio e notas de João Barrento). Lisboa: Bertrand Editora, 2016, p. 56.


Não, não me apeteceu ouvir música contemporânea de Goethe. 
A Itália que conheço não é a de Goethe, também não é a da época de Gianni Morandi, aqui novinho, mas foi esta Itália romântica
que me trouxe a saudade de um outro país, numa região totalmente estranha. [onde haja] uma vida despreocupada de conto de fadas ...

Esta versão tem mais qualidade.


Esta versão tem um ambiente mais descontraído, único, mas menos qualidade.

14/02/2013

14 de Fevereiro, da política ou do amor?

Lisboa, Rua do Século

Num país cujos governantes são "uma máquina de destruir emprego", 
em que o estado social está a morrer, talvez seja o amor que nos faz erguer a cabeça.
Os portugueses são solidários e a comprová-lo esteve o sucesso do Banco Alimentar
 em dezembro passado. O que nos resta?

A-M-A-R

Recebi por e-mail um conjunto de cartões do M. Moleiro Editor e deles escolhi o fólio 28r.
É um cartão de amor para o dia dos Namorados, dia de S. Valentim. Embora, não seja uma tradição no nosso país este dia  já entrou na cultura portuguesa via comercial. Como é um louvor ao amor. Louvemos pois o dito.

«Splendor Solis ("The Splendour of the Sun") is a well-known colorful alchemical manuscript. The earliest version, written in Central German, is dated 1532–1535 and is housed at the Kupferstichkabinett Berlin at State Museums in Berlin. It is illuminated on vellum, with decorative borders like a book of hours, beautifully painted and heightened with gold. The later copies in London, Kassel, Paris and Nuremberg are equally fine. 
In all twenty copies exist worldwide.» 
Retirado da Wikipedia do link abaixo assinalado

  Splendor Solis, folio 28r


Feliz Só Será

Feliz só será 
A alma que amar. 
'Star alegre 
E triste, 
Perder-se a pensar, 
Desejar 
E recear 
Suspensa em penar, 
Saltar de prazer, 
De aflição morrer — 
Feliz só será 
A alma que amar. 

 Johann Wolfgang von Goethe, in "Canções" Tradução de Paulo Quintela (Citador)

 

23/04/2012

Chama Dupla

Chama dupla

No dia do Livro, o Livro do Amor

Livro do Amor

 É o Livro do Amor; 
 Li-o com toda a atenção: 
 Poucas folhas de alegrias, 
 De dores cadernos inteiros. 
 Apartamento faz uma secção. 
 Reencontro! um breve capítulo, 
 Fragmentário. 
Volumes de mágoas 
 Alongados de comentários, 
 Infinitos, sem medida. 
 Ó Nisami! — mas no fim 
 Achaste o justo caminho; 
 O insolúvel, quem o resolve? 
 Os amantes que tornam a encontrar-se. 

 Johann Wolfgang von Goethe, in "Divã Ocidental-Oriental" Tradução de Paulo Quintela  (citador)

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