Homenagear os monumentos e preservar o património é responsabilidade de todos os cidadãos.
Foco-me no Castelo de Ourém no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios porque ele tem tido importância ao longo desta minha viagem.
(...) Se cada homem não é mais que um complemento de todos os outros, e se torna mais útil e simpático quando assim se apresenta, essa verdade é mais válida ainda quando se trata de descrições de viagens e de viajantes.
Johann Wolfgang Goethe, Viagem a Itália, 1786-1788. ( Tradução, prefácio e notas de João Barrento) Lisboa: Bertrand Editora, 2016, p. 368.
A prosa de Goethe levou-me ao poema de Alberto Caeiro
Para além da curva da estrada
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
s.d.
Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994, p. 129.
Nota Histórico-Artística do site da Direcção Geral do Património Cultural - DGPC
Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994, p. 129.
Nota Histórico-Artística do site da Direcção Geral do Património Cultural - DGPC
«Localizado numa região correspondente na actualidade ao município de Ourém, o castelo do mesmo nome encontra-se estrategicamente situado no centro do país, na confluência de antigas vias, numa zona dotada de assinalável diversidade de recursos naturais essenciais à sobrevivência e fixação de comunidades humanas, a exemplo dos inúmeros testemunhos arqueológicos identificados até ao momento.
Conquistada, em definitivo, aos mouros em 1136, Ourém foi doada (1178) por D. Afonso Henriques (1109-1185) a sua filha Infanta Dona Teresa (Matilde), por iniciativa de quem lhe foi conferido foral, constituindo, desde então, parte dos territórios mais importantes das rainhas portuguesas, até que, em 1384, D. João I (1357-1433) a concede, bem como o título de Conde de Ourém, ao Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431).
É em meados do século XV, com D. Afonso, Conde de Ourém e Marquês de Valença, que as muralhas do primitivo castelo são rasgadas para edificação do Paço, até ser destruído quase por completo pelo terramoto de 1755. Entrou, então, num processo de degradação agravado pelas invasões francesas, já no início do século XIX, sendo, no entanto, contemplado no primeiro documento nacional de classificação de estruturas antigas como "monumentos nacionais", datado de 1910, numa confirmação da sua importância histórica, até que, na década de trinta do século passado, foi objecto de obras de restauro e de beneficiação e valorização, estas últimas já nos anos oitenta.
Destacado na paisagem em local de difícil acesso, no topo do monte sobranceiro à Vila, o castelo, originalmente edificado entre os séculos XII e XIII, foi dotado de um grandioso Paço no tempo de D. Afonso, Marquês de Valença (vide supra), nele imprimindo-se notória influência arquitectónica italiana.
Desenhando um triângulo, o conjunto que hoje observamos possui corpo central de planta rectangular e dois torreões (torres largas e ameadas) insertos no próprio muralhado de planta poligonal da Vila. Os dois pisos inferiores foram completados com um amplo terraço circundado por balcão com mata-cães sobre arcaria apontada assente em mísulas piramidais.
[AMartins]»
Conquistada, em definitivo, aos mouros em 1136, Ourém foi doada (1178) por D. Afonso Henriques (1109-1185) a sua filha Infanta Dona Teresa (Matilde), por iniciativa de quem lhe foi conferido foral, constituindo, desde então, parte dos territórios mais importantes das rainhas portuguesas, até que, em 1384, D. João I (1357-1433) a concede, bem como o título de Conde de Ourém, ao Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431).
É em meados do século XV, com D. Afonso, Conde de Ourém e Marquês de Valença, que as muralhas do primitivo castelo são rasgadas para edificação do Paço, até ser destruído quase por completo pelo terramoto de 1755. Entrou, então, num processo de degradação agravado pelas invasões francesas, já no início do século XIX, sendo, no entanto, contemplado no primeiro documento nacional de classificação de estruturas antigas como "monumentos nacionais", datado de 1910, numa confirmação da sua importância histórica, até que, na década de trinta do século passado, foi objecto de obras de restauro e de beneficiação e valorização, estas últimas já nos anos oitenta.
Destacado na paisagem em local de difícil acesso, no topo do monte sobranceiro à Vila, o castelo, originalmente edificado entre os séculos XII e XIII, foi dotado de um grandioso Paço no tempo de D. Afonso, Marquês de Valença (vide supra), nele imprimindo-se notória influência arquitectónica italiana.
Desenhando um triângulo, o conjunto que hoje observamos possui corpo central de planta rectangular e dois torreões (torres largas e ameadas) insertos no próprio muralhado de planta poligonal da Vila. Os dois pisos inferiores foram completados com um amplo terraço circundado por balcão com mata-cães sobre arcaria apontada assente em mísulas piramidais.
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Eu sabia deste dia, Ana, mas tinha prometido ao REMUS uma postagem...
ResponderEliminarUm beijo amigo.
Beijinho, João.:))
EliminarConfesso que (ainda) não conheço.
ResponderEliminarJá Nick Cave, esse é cinco estrelas.
Beijinhos, boa semana
Pois é.
EliminarBeijinho, Pedro.:))
Alberto Caeiro terá razão, só sabemos - mal - o que está para cá da curva porque não estamos para além.
ResponderEliminar:))
EliminarSou apaixonada por este heterónimo.
Boa noite.:))
Já visitei esse castelo e é bem bonito. Beijinhos!
ResponderEliminarDeixa-nos tempo para pensar e observar a linha longínqua do horizonte.
EliminarBeijinho.:))
Muita coisa nos ensinas aqui querida Ana! O castelo de Ourém é muito bonito e as tuas fotografias valorizam-no... Caeiro gosto muito sempre. E Nick Cave claro!
ResponderEliminarBeijinhos
Querida, MJ,
EliminarNão é tão maravilhoso como o castelo de Marvão mas é também encantador.
Obrigada.
Beijinhos.:))
Que bonito castelo e tudo tão concordante com o divino Pessoa, a música e a nota histórica :)
ResponderEliminarbeijinho
Gracinha,
EliminarObrigada.
Beijinho.:))
A bela memória das pedras
ResponderEliminarBoa partilha como sempre
Bj
Obrigada.
EliminarAs pedras têm memórias que nos envolvem.
Beijinho.:))
Sou teimoso e voltei à carga. Tinha feito o meu comentário e, quando o submeti, deram-me uma nega - quebra do servidor.
ResponderEliminarO Homem complemento, o homem consequência-sequência de si próprio. Ourém: origem e chegada de muita cavalgada. Local onde é possível montar uma nuvem à aventura para ser, ver e sentir como Gothe, como Pessoa, como Borges que viu e sentiu sem ver.
Excelentes fotografias.
Bj
:)) Gostei muito do seu comentário.
EliminarBeijinho.