«Palavras de Pórtico:
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso*."
Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em goza-la penso. Só quero torna-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torna-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.»
Trecho retirado do livro que acabei de ler de Manuela Nogueira, O Meu Tio Fernando Pessoa. (Prefácio de Richard Zénith). V. Nova Famalicão: Centro Atlântico, Lda, 2015, p. 15-16.
*Nota de Soares Feitosa: "Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu.
Conheci este tenor italiano que me agradou muito.
Narcisos?
ResponderEliminarPara os outros.
Para mim, hipostilo e eu como sustentação.
Bom texto.
Gosto de narcisos é uma flor bonita e radiosa.
EliminarFernando Pessoa bem podia ser vaidoso com a pluralidade com que se dividiu.
Vejo que não faz por menos. :))
Obrigada. Boa noite.
Escrever é preciso.
ResponderEliminarEscreverei!
Nesse caso, boa escrita.
EliminarComo se navegar não fosse uma forma de vida! Como se navegar fosse o nada que não é. Não poderemos dizer que Fernando Pessoa não viveu. Porque o fez, nada se cria sem vida. Digamos que ele preferiu - ou não saberia fazê-lo de outra forma - viver nas e das palavras, a sós consigo mesmo no acto da criação. Como as árvores no poema de Gedeão, que "nascem sós e a sós florescem". A diferença é que elas não podem optar, estão presas a si; mas, quem sabe, Pessoa também não tivesse opção. Talvez que o que decidiu não pudesse ser decidido de outra forma sendo ele a decidi-lo:).
ResponderEliminarQuanto ao tenor: tem sentimento e não é dos que mais me bolem com os nervos; tenho uma alergia incompreensível a todos os sons vocais que ultrapassem um número determinado de decibéis.Mesmo que musicais.
Bom Dia:)
Obrigada pelas suas palavras, Bea. Gostei verdadeiramente.
EliminarGostei deste tenor.
Boa noite. :))
Navegar é preciso, mas viver só , não é viver.
ResponderEliminarAo criarmos algo, já não vivemos sós.
O futuro dirá se tivemos companhia ou se a perdemos.
Quanto à ópera do Donizetti, creio que já te disse que aprecio imenso.
Um beijo amigo, Ana.
Pois é, apesar de ser um acto solitário.
EliminarUm beijinho amigo.:))
Será solitário, sim, mas o artista pensa em alguém SEMPRE.
EliminarÉ verdade.
EliminarO reconhecimento de si através do outro. Criação igual a amor.:))
Beijinho.:))
Gostei principalmente da fotografia da flor. Acho que é preciso navegar e viver, de tudo um pouco... Beijinhos, Ana!
ResponderEliminarObrigada, Margarida.
EliminarNem sempre conseguimos.
Beijinhos. :))
"O que é ser-rio e correr"?
ResponderEliminarHá vidas que não valem a pena, mas, mesmo essas, são indispensáveis ao acto da criação. A genialidade de Fernando Pessoa não terá sido determinada pela sua não-vida?
Tudo no lugar, eu que já tinha saudades do sonho deste lugar - sonhar1000. Com flores.
Bj
Obrigada, Agostinho.
EliminarSim, a não-vida, vida determinou a sua genialidade.
Beijinho.:))
Deve-se viver a vida e bem vivida, com toda a subjectividade que estas palavras possam ter!
ResponderEliminarE navegar dentro desta, muitas vezes contra a maré...
Deixar passar a vida por nós é que não...
Ana, fiquei rendida à fotografia!!
Um beijinho.:))
Cláudia,
EliminarGostei tanto do que aqui diz... e é tão difícil.
Por vezes deixamos passá-la.
Beijinhos.:))