Como desejava "ver claro"
Relicário árvore
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade in "Os Sulcos da Sede"
E caiu a primeira neve!
Bom dia de reis.
Não me lembro desta poesia, Ana, mas tenho-a !
ResponderEliminarPrimeira neve ?
- Nevão !
E a chuva foi tanta na 2ª feira que em Celorico um muro ruiu !!!
Um beijo.
João,
EliminarÉ um poema tão lúcido.
Nevão, sim.
Gosto de neve.
Um beijinho.:))
Realmente não tenho !
EliminarA propósito da tua LUZ :
COMO SABER DE QUE MATÉRIA
É FEITO O OLHAR ?
ACABA AQUI
A LUZ GÉMEA DA TUA BOCA,
MAS ASSIM
VÊ-SE MELHOR A ESPUMA DO CREPÚSCULO.
( EUGÉNIO DE ANDRADE, in O PESO DA SOMBRA )
Um relicário ÁRVORE ?
ResponderEliminarSim. As árvores são dignas de serem relíquias, não acha?:)))))
EliminarClaro, claro...
EliminarEu é que nunca pensado nisso, Ana...
Por Macau estamos com temperaturas entre os 18 e os 23 graus (hoje).
ResponderEliminarA humidade é que teima em não descer dos noventa e tal por cento.
Beijinhos
Pedro,
EliminarSe não fosse a humidade, estaria perfeito.
Beijinho.:))
Eugénio de Andrade é que sabia.
ResponderEliminarNem mais. :))
EliminarBoa noite.
Tudo belo, como sempre! Bom dia!
ResponderEliminarObrigada, Margarida.
EliminarSei que adora as árvores.
Beijinho.:))
~~~
ResponderEliminarComo é verdadeira a mensagem do poema de EA!
~~~ Excelente Dia de Reis, querida Ana. ~~~
~~~~~ Beijinhos. ~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Obrigada, Majo.
EliminarEA era um homem lúcido e de uma sensibilidade que muito me atrai.
Beijinho.:))
Esta tua fotografia é fantástica! Gosto imenso. E o título está muito bom.
ResponderEliminarQuanto ao Eugénio, gosto muito!
Feliz Dia de Reis, Ana!
Bjs
Obrigada, Sandra.
EliminarFeliz dia para ti também.:))
Bjs.:))
"Só se vê bem com o coração" - escreveu Saint-Exupéry...
ResponderEliminarNem sempre temos a lucidez necessária e desejada, não é?
Um grande beijinho, Ana.:))
Cláudia,
EliminarSaint-Exupéry tem toda a razão, mas às vezes é preciso mais a cabeça do que o coração.
Respondendo: é, e é preciso sermos lúcidos. :))
Beijinhos.:))
Felizmente, que podemos, em qualquer altura da vida mudar a nossa visão sobre as coisas.
ResponderEliminarGosto muito desta música, que me leva até à adolescência.
Um beijinho e continuação de um bom Dia de Reis:)
Obrigada.
EliminarSim, Isabel, isso revela espírito de abertura e espírito crítico.
Ouvia esta música nas festas dos primos um pouco mais velhos.
Beijinhos.:))
Como disse a Agostinho ainda hoje, um poema é uma oração com poder na melodia das palavras que nos transportam para uma outra dimensão sobrenatural de paraísos possíveis (perdidos ou jamais encontrados) que confortam a alma.
ResponderEliminarA análise por vezes quebra a magia.
Às vezes "ver claro" esse cubo que é o poema passa apenas pelo fruir da melodia, como se estivéssemos a ouvir um cântico com letra estrangeira que gostamos e até às vezes mais do que quando compreendemos tudo.
Beijinho, Ana, e sabes, querida amiga, vês muito claro!...
Graça,
EliminarGosto da poesia do Agostinho. Já fui espreitar porque o teu comentário assim o recomenda. :))
Pois é a análise quebra a magia, tens razão, mas a magia, por vezes traz nevoeiro...
És uma querida, vês-me sempre com bons olhos. Às vezes almejo ver mais claro. :))
Beijinho.:))
Sempre o nosso Eugénio
ResponderEliminarBj
:))
EliminarBj
Tive este comentário, escrito no meu smartfone ontem na hora do café, e, no momento da publicação, ardeu. Era mais ou menos isto:
ResponderEliminarO “ver claro” é de uma limpidez brilhante, Ana: “tombe la neige” da minha adolescência num inverno (ainda) por se revelar!
A imagem de entrada é transparência iluminada, uma ideia brilhante que irradia uma luz diferente.
De EA que dizer? Dá a receita para ver claro a poesia, para que ninguém se sinta excluído dos sentimentos que se ateiam na recitação das palavras. Não há desculpa por não sentirmos o que não dizemos nem ouvimos. Não sentimos sem dizer/ouvir. Por vezes, temos de ler várias vezes para que a luz apareça.
Eugénio! eu génio? Não, também eu almejo ver claro e, no entanto, apesar da vontade, fico-me pelas franjas sem ir à raiz, perdido no emaranhado revolto dos cabelos. É como acontece quando o nevoeiro impede de ver o corpo por inteiro, de entrar de verdade na floresta; mesmo quando somente uma neblina a espreguiçar-se no ar.
E não é por haver catedrais, Sintras, Serralves, Gerês, Gulbenkians, e outros lugares que gente de peregrina intenção abre o coração à clorofila: não vê as cores, não ouve o som, não aspira os aromas. E, como há-de sentir se não se deixa tocar?
Génio. Génio é pôr uma árvore num relicário. Quem sabe se essa gente beata alcança, na clarividência dum passo - o batismo na natureza - a felicidade dum crente? Ter um santo em casa, uma árvore num relicário? É de génio.
Bj
Agostinho,
EliminarMuito obrigada pelas suas palavras tão gentis. :))
Gostei da sua dissertação sobre a clareza.
Bj.:))
Sim, ver claro! Como o poeta "vi, claramente visto...", sem deturpações, com lucidez. Mas com neve ainda é melhor! Uma vez apanhei ~há 3 ou 4 anos- um nevão na Guarda e foi maravilhoso: a claridade da neve, do ar, da névoa. ia partindo uma perna, mas valeu a pena! UM beijinho
ResponderEliminarTombe la neige/tu ne viendras pas ce soir...
Maria João, Já há uns anitos que não vou à serra ver a neve, tenho saudades, confesso.
EliminarBeijinho. :))