24/11/2015

Café

Café Central, Ourém

O café Central de Ourém nasceu por volta de 1928. 
(Informação do blog do café)




No silêncio calmo do café quase vazio,
as cadeiras e as mesas convidam ao repouso. 
O caderno de capas pretas ocupa parte da mesa circular.
O lápis de carvão inerte não capta a luz do momento.

No janelão os vasos de plantas verdes 
cortam a monotonia cromática.
Na rua as pessoas passam apressadamente, 
ninguém olha para o velho café.

Duas mesas à frente está sentada uma mulher,  
cuja idade é difícil de calcular;
o seu rosto vazio revela as marcas do desemprego. 

O som da máquina corta o silêncio,
 chega o café quente, cremoso, a chamar para a realidade.
A alma aquece e ilumina o pensamento. 



20 comentários:

  1. Como adivinhaste que gosto de um café calminho, Ana ?
    E esse CENTRAL, em Ourém, agrada-me muito !
    Foi aí que nasceu a inspiração do belo soneto ?
    Não sabia desta tua faceta !

    E quem te disse que andava com imensas saudades de ouvir esta dos R.E.M. ?
    Ouvi-a até deixar de ser transmitida pela RFM.
    Ou sou eu que não ouço rádio há imenso tempo ?
    Na verdade, não tenho a aparelhagem no bureau...

    Considero esta tua postagem outro mimo teu !

    Um beijo amigo e grato.

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  2. Quando for dia, cá estarei para reler o soneto e ouvir Eveybody Hurts !!!
    Nunca arranjei o CD...

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  3. Ana, também prefiro os cafés no seu sossego...
    Aliás, acho que não são só apenas os cafés, é quase tudo!
    Gosto de ouvir o silêncio...
    Ilustrou bem com palavras o momento vivido no café!
    R.E.M. sempre!
    Um beijinho e boa semana (fria!).:))

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    1. Cláudia,
      Este foi um acaso feliz. Também gosto de ouvir o silêncio.
      Por aqui, está muito frio.
      Bjs.:))

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  4. Gostei das palavras e das fotos e do mobiliário do café.
    Também prefiro cafés mais sossegados.
    Bjinho!

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    1. Obrigada, Sandra.
      Adorei o mobiliário e disse `Sra para nunca o troca, o que ela assentiu.
      Bjs. :))

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  5. Gostei muito das suas palavras-poema. Beijinhos Ana!

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  6. O café, as palavras, a música...
    Quem enquadra quem? A verdade é que, fruto da sensível alma da Ana, tudo se encaixa, tudo se complementa. Ganhamos nós, claro, e ganha o Central, que adquire novas tonalidades na sua sustentação.
    Muito bem, Ana!

    Um beijinho :)

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  7. Por aqui sempre tem a hora do cafézinho onde se filosófa
    sobre natureza; ou coisas agradáveis; problemas... já tem uma placa avisando ao visitante:"Ao entrar ... "Deixe lá
    fora... a violência do mundo". kkk
    Prazer em conhecer seu blog.
    janicce.

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  8. Gostei sobretudo do seu texto, pois ressuma alguma da nostalgia que sinto pelo espaço do café e pelo hábito que tinha na sua frequência.
    Durante toda a minha vida de estudante, que foi longa, pois quase no final de um curso decidi que mudaria para outro, o que aconteceu, passei a vida em cafés, umas vezes como frequentador outras como empregado, porque viver sem qualquer fonte de receita não faz parte do meu mundo.
    E conheci uma quantidade de pessoas que constituíram o meu mundo durante uma dezena de anos, até que cada um seguisse o seu rumo tão díspar.
    Gente muito interessante, envolvida e envolvente, troca acesa de ideias, pouco consumo, porque o dinheiro escasseava, mas um prazer intenso nas vivências que foram a forja de muitas relações.
    Hoje tenho mais dinheiro (também menos do que tinha seria muito difícil, pois significaria indigência pura!), mas já vão muitos meses desde a última vez em que me sentei à sombra de um toldo numa esplanada, ou à mesa tranquila de um qualquer canto de um café sossegado, como os há na minha zona. E cada vez este prazer vai-se espaçando mais!
    Fez-me lembrar que tenho de repensar a retoma deste hábito, ainda que já não tenha a capacidade de fazer amigos que um dia tive. Tudo muda com a idade e as nossas exigências.
    Um bom terminar de semana e uma boa noite
    Manel

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    1. Obrigada, Manuel.
      Foi um conjunto de circunstâncias, entre elas, o sol, a luz que entrava no sossego do café.
      Bjs. :))

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  9. Este está devidamente tirado.
    As fotografias evocam uma época que já não existe. O ambiente/decoração. A Ana tem veia de artista e conseguiu fixar, enquadar, alinhar os objectos de um forma distinta, artística.
    O texto consegue transmitir na perfeição o momento e o lugar de forma convincente; uma narrativa com sentimento, de sentimentos.
    A fechar para deleite do espírito REM.
    BJ.

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