Recanto lá fora
FIGURAS SEM IMAGEM
Ah sim, haver aqui esta dificuldade em não saber
onde fica a saída; ter de bater às portas para ouvir
quem responde, e ninguém a dizer quem é,
ou subir aos vidros da janela para espreitar o outro
lado, e cair da escada. O melhor, dizes, é sentares-te
à mesa de operações, riscar o caderno com a
matemática do sonho, e fazer a prova até veres
se tudo está certo; depois voltas ao princípio
para te convenceres de que só está certo o que
tem um princípio errado, como a direcção que
seguiste no corredor, e que não emendaste quando
percebeste que, no fim, só um rosto te espreita,
e é o teu. "O meu?", perguntas; sim, esse
que ali deixaste quando o Outono começou a cair,
e não o apanhaste do chão, onde começou a
apodrecer com as folhas; ou esse que procuraste
num espelho em que te disseram que o podias
encontrar, e quando olhaste a imagem passou
para o outro lado, e perdeu-se na transparência
do vidro. Ah, fossem esses todos os problemas!
Não houvesse um espelho no fundo do corredor,
ou tivesse o Outono ficado no céu, de onde nunca
devia ter saído - e a tua vida teria sido outra. Mas
que farias de ti? quantas lembranças irias somar
Nuno Júdice, A Matéria do Poema. Lisboa: Dom Quixote, 2008, p. 131
Excelente. A foto...muito original.
ResponderEliminarPoema e Janis Joplin... uma arte!
Obrigada, Catarina.
EliminarTambém gosto muito da Joplin.:))
O tema é DE DENTRO PARA FORA ?
ResponderEliminarUm beijo, ANA.
João,
EliminarJulgo que é algo que retrate que está fora. Posso estar equivocada, mas até ao momento está aceite.
Um beijinho e feliz regresso.:))
É pedida uma imagem feita de dentro para fora.
EliminarEstão a participar casos flagrantes que não obedecem, antes pelo contrário...
João,
EliminarRetirei o que está escrito: «Fotografias que transmitem a ideia de que algo está do lado de fora.», nada diz que deve ser de dentro para fora, nesse caso tenho imensas pois adoro essa perspectiva. A mesa, o recanto, pertence à loja e está do lado de fora, tanto pode ser visto de fora como de dentro.
Veja lá se não interpreta assim.
Beijinhos. :))
Nuno Júdice
ResponderEliminarmais uma bela prosa poética
Bj
Gosto dele, embora a escrita não seja sempre fácil.
EliminarBeijinho.:))
Uma tripla excepcional, ana.
ResponderEliminarAinda assim, se me é permitido um favorito, escolho a eterna Janis Joplin.
Beijinhos, bfds
Obrigada, Pedro.
EliminarSummertime, Cry Baby, My Mercedes Benz são algumas das suas poderosas canções.
Beijinhos.
A fotografia é giríssima e a loja também parece interessante.
ResponderEliminarSou fã da Janis Joplin.
Um beijinho e um bom fim-de-semana:)
Isabel,
EliminarHavia alturas em que a ouvia again and again.
Obrigada. A loja era gira e os preços eram acessíveis. Acabei por trazer só a foto.
Beijinhos.:))
É um recanto bem agradável! E Janis Joplin é fantástica! beijinhos
ResponderEliminarMaria João,
EliminarAchei graça à composição, como é que uma osga (horrível) pode ser tão atractiva, não é?
A voz de Joplin era/é fantástica.
Beijinhos.:))
Olá, Ana!
ResponderEliminarSimplicidade, originalidade, bom gosto, três factores que, se bem conjugados, têm como resultado um belo trabalho, como atesta o espaço que tão bem captou.
A Janis Joplim é a "cereja no topo do bolo": uma voz/interpretação fabulosas.
Bom fim-de-semana.
Beijinho
Obrigada, GL.
EliminarBom fim-de-semana. A ver se tenho tempo para visitar todos.
Beijinhos.:))
É para se pensar: "... no fim só um rosto te espreita, e é o teu." Para se pensar... muito! Beijos, Ana, bom final de semana. (Esperemos que com alguma, uma só que seja, notícia boa nos jornais)
ResponderEliminarObrigada, Jane.
EliminarTem razão que haja boas notícias. :))
Beijinhos. :))
Welcome!
ResponderEliminar:))
Belíssimo post! Pbs :)
ResponderEliminarVidro lente transparente:
ResponderEliminarentre o canto da esquina
osgamente frio colado
em fundo esterilizado
não me sento entro
no ser labirinticamente
Ju-dice no espelho do eu
E chega-se a um lugar
onde os cristais retinem
em pré-destino o anunciado
Vidro lente transparente
É assim, mesmo
Bj