Inquisição
Uma visão perfeita, celeste, vinha de cima e me chamou
Olhava-me o céu inquirindo-me da vida
Calado lhe olhava junto aos pássaros
Queria eu um voo, uma visão altiva, menos repetitiva
Olhava-me o céu repetindo-se na pergunta
Desafiando-me a responder o irrespondível
Irresponsável mania humana de tudo querer saber
E, nesta mania, constrói, destrói, mói, se dói
Pássaros na árvore miram o céu, miram a mim
Olhar inquiridor, estranham-me a falta de penas
Sentem pena por meu caminhar, compreendem céu
Voam seus voos belos e voltam à bela árvore
Nunca pararei de olhar o céu, de olhar as aves
Nem de questionar o irrespondível viver
Pois sempre serei inquirido pelo céu
Sempre terei a compaixão das aves
Tentarei, não como Ícaro, voar meu voo altivo
Ver o mundo de cima para entender-me pequeno
Ver-me no alto para entender-me baixo
Ver-me pássaro para entender-me humano
As nuvens passam, os pássaros aquietam-se pousados
A árvore inerte só em aparência fica imóvel como eu
Mas estamos vivos, eu e ela e também o céu
Que insistirá eternamente a me inquirir até o fim
Ivan Bueno
16/07/2010
Um poema do outro lado do mar!
Gostei deste poema de Ivan Bueno. Inspirou-se numa fotografia se clicarem no link podem vê-la.
Henri Matisse, Icarus, 1947 (?)
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Ana,
ResponderEliminarUm prazer imenso em estar aqui no (In)Cultura em meio a tanta coisa bonita.
Obrigado pelo carinho e pela leitura. Fico lisongeado.
Beijo enorme,
Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com
A tempo:
ResponderEliminarAdorei a nova ilustração de Henri Matisse, Icarus, 1947.
Já coloquei lá no meu blog o link de ligação direta entre o Empirismo Vernacular e o (In) Cultura.
Outro beijo d'além mar,
Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com
:) Bom dia Ivan,
ResponderEliminarÉ um prazer fazer a ponte.
Gostei do poema. Desejo que tenha muitas inspirações.
;):)
O poema é muito bonito. Bjs!
ResponderEliminarOlá Margarida,
ResponderEliminarTambém gostei.
Bjs
Às vezes, o mais difícil é discernir o irrespondível daquilo em que a resposta é possível e desejável. O poema é, relativamente a isto, uma bela interpelação.
ResponderEliminarObrigada Sara.
ResponderEliminarBom fim-de-semana!
Oi, Sara.
ResponderEliminarObrigado pela leitura atenta.
Grande beijo,
Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com