E. M. Cioran é um filósofo céptico e amargo, irónico e solitário. Hoje escolhi a sua afirmação sobre a arte e o fim dela, anunciada pela falta de ânimo do homem, e por este ter esgotado "os meios de expressão". Não creio nesta sua ideia mas faz-nos pensar na mediania e lutar para ir mais além. Os poetas e os pintores renovam-se. Juntei-o a Max Ernst que também sofreu com o desespero das guerras e o revelou em algumas das suas obras.
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Max ERNST. Le Punching Ball ou l'Immortalité de Buonarroti
Colagem
A fisionomia da pintura, da poesia, da música, daqui a um século? Ninguém é capaz de a imaginar. Tal como após a queda de Atenas ou de Roma, uma longa pausa interpor-se-á, devido ao esgotamento dos meios de expressão, bem como ao esgotamento da própria consciência. A humanidade para se reconciliar com o passado, ver-se-á obrigada a inventar uma segunda inocência, sem a qual nunca conseguirá renovar as artes.
E. M. Cioran, Do Inconveniente de Ter Nascido, Lisboa: Letra Livre, 2010, p. 43
Max Ernst, Aquis submersis 1919
54 cm × 43.8 cm
Städelsches Kunstinstitut und Städtische Galerie, Frankfurt
Escolhi Satie para trazer tranquilidade e serenidade.
Erik Satie - Gymnopédie No.1
Não aprecio a ideia de esgotamento, mas parece-me que a (re)invenção é um processo necessário à (sobre)vivência humana, incluindo nesta a (sobre)vivência artística.
ResponderEliminarBom Domingo!
Bom Domingo Sara,
ResponderEliminarTambém não aprecio esgotamentos e anseio sempre pela reinvenção, renascimento.
Julgo que Cioran estava desiludido daí a procura de uma segunda inocência, visto que a primeira se perdera com a ganância/mesquinhês dos homens.
:)