02/09/2017

Desastre nas coisas mais simples



Nunca são as coisas mais simples
que aparecem quando as esperamos.
...O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos,
não se encontra no curso previsível da vida.
Porém, se nos distraímos do calendário,
ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras.
Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar;
ou a mão que se demora no teu ombro,
forçando uma aproximação
dos lábios.


Nuno Júdice, As Coisas Mais Simples, Lisboa: D. Quixote, 2006.


11 comentários:

  1. O pires dispensava-se.
    Digo eu...

    Li a reflexão.

    Um beijo amigo, Ana.

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    1. Obrigada, João.
      O pires está lá porque parto sempre os ovos para um pires, mas tem razão tinha mais impacto.:))
      Beijinho. :))

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  2. Hummm...a gema está rebentada, melhor deitar fora o ovo, parece podre.
    Nuno Júdice tem e não tem razão.
    Boa semana:).

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    1. Não Bea, o ovo estava bom, ele apenas caiu no pires e tive que o apanhar e separar da clara, perdendo uma parte.
      Não entendi bem a sua leitura de NJ.
      Boa noite. :))

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  3. Associações impensáveis e um resultado surpreendente e especial...
    Beijinhos
    ~~~~

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    1. Sim, eu é que achei que se podia interligar. Gostei do resultado.
      Obrigada, Majo.
      Beijinhos. :))

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  4. BEA

    Suponho que é resultado de uma baixa resolução da camera...

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  5. Naturalmente as mãos, as nossas, contribuem decisivamente para o desastre, embora haja a tendência para atribuí-lo a factores externos, à imprevisibilidade dos factos, aos outros. A prova do ovo é perfeita para a demonstração. Quem sabe partir decentemente o "ovo"?
    A foto está perfeita, mas, a meu ver, não se revela feliz na estética "esperada" dos meus olhos.
    Gosto da música e da "dispersão" poética do NJ.
    Bj.

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    1. Sim, as nossas mãos são por vezes ineptas.
      Obrigada pela sugestão, abre outras possíveis visões, Agostinho. :))
      Beijinhos. :))

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  6. Um poema difícil, mas belíssimo, Ana!
    beijinho

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