Ao fim da tarde, já com a luz do candeeiro
A um poeta alguém duro, insensível,
«Se tivesses de optar entre ver morta —
Tua mulher, a quem tanto querias —
E a perda total, irreversível,
De teus versos todos, dela em troca —
Qual das perdas tu mais sentirias?»
O poeta olhou surpreso, em dor
E desgostoso, o interlocutor,
Cuja pergunta sem cabimento
Quebrou seu íntimo recolhimento,
Sem responder; sorriu o outro então
Como se fora seu mais velho irmão:
A percepção do sentido atento
Ao súbito, intenso conhecimento
Da nova consciência que o apanhara,
Foi mais amargo do que imaginara.
Mais, do que um sorriso, violento.
Alexander Search, Lisboa: Assírio & Alvim, edição e tradução de Luisa Freire, 1999
Agradeço ao João Menéres que me enviou por e-mail a Carmen (no gelo). Nunca tinha visto e adorei.
Não conhecia o autor, Ana.
ResponderEliminarQue questão foi posta ao poeta, meu Deus !...
A tua imagem das antigas e tão cómodas cadeiras (havia em termas e em muitos hotéis.
Claro que também existiam em casas particulares.
Foi uma boa descoberta tua !
Além disso, encaixa muito bem com o poema !
Só lhes faltam as vozes !
Nada tens que agradecer pela versão sobre gelo da Carmen, é claro.
Agora, cabe-me a mim, agradecer-te esta Katarina Witt ( que vou ver imediatamente ).
Um beijo e good luck.
João.
EliminarObrigada. O autor é um heterónimo de Fernando Pessoa ainda jovem quando vivia em África do Sul.
Os meus pais tinham duas mas estragaram-se. Lembro-me de ver em termas estas estão no parque das Caldas da Rainha. Já há muito tempo que não revisitava.
Sabes quanto aprecio e que nunca me canso de ouvir e, no caso, de ver !
ResponderEliminarTambém vi, e vi repetidamente.:))
EliminarBeijinho grato.
Há questões que embaraçam qualquer mortal. Pedir, assim, à queima roupa, uma execução mortal não se faz. Mas acontece com maior ou menor frequência a todos nós.
ResponderEliminarNão conhecia o autor. O vídeo é estupendo, a fotografia... um convite onde se sente uma certa nostalgia do fim da estação estival. E anuncia o outono quase a chegar.
Bj.
Agostinho é um heterónimo desconhecido de Fernando Pessoa.
EliminarSim, as cadeiras e o parque anunciam o Outono que está quase a chegar.
Beijinho. :))
É mesmo, não me tinha apercebido.
EliminarBom domingo.
Muito bonita a dança no gelo. Alexander Search subiu à ribalta com Salvador Sobral. Talvez agora as pessoas se perguntem quem é:).
ResponderEliminarQuanto ao poema: há perguntas anti éticas, merecem o sem resposta. Mas, só por existirem, estragam.
Ana:
ResponderEliminarQue bela fotografia!
Gostei da dança, obrigada!
Quanto a Pessoa, apesar de não se poder optar por qualquer destas coisas, faz-nos pensar no que realmente será importante para nós...talvez seja sem dúvida o amor. Eu juntava a mulher aos versos, pois também ela é um poema e salvava todos.
Beijinhos