Janela de vão de escada
Não basta abrir a janela
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
4-1923
Alberto Caeiro, “Poemas Inconjuntos”. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993), p.75.
1ª publ. in “Poemas Inconjuntos”. In Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925.
Alberto Caeiro, “Poemas Inconjuntos”. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993), p.75.
1ª publ. in “Poemas Inconjuntos”. In Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925.
Gosto bastante do poema, talez por concordar em grande parte com ele. Ainda que reconheça, há momentos de tudo, não se filosofa sempre, nem sempre se contempla. E por isso há tempos e janela aberta e janela fechada. Cada uma com seu encanto.
ResponderEliminarA canção usa uma voz bonita.
Obrigada, Bea.
EliminarUm bom fim de semana!:))
Gostei da janela e do poema. Beijinhos!
ResponderEliminarObrigada, Margarida.
EliminarÉ uma janela que não se pode abrir porque torna-se indiscreta.
Beijinhos. :))
Mestre Caeiro que "partiu tão novo", possui a genialidade dos heterónimos de Fernando Pessoa.
ResponderEliminarBom domingo!
Mister Vertigo.
EliminarÉ um dos meus preferidos.:))
Bom fim de semana!:))
A genialidade de Pessoa abriu muita janela para a gente ver para além de.
ResponderEliminarA fotografia foi muito bem encontrada para o momento poético. Ou vice-versa.
E para que se quer uma janela,
assim, de vão de escada,
atalho para quem entra
por onde rapidamente se sai?
Sem ter sequer ideia, nem filosofia.
Bj.
Obrigada, Agostinho,
EliminarGostei dos seus versos. :))
Beijinho.
Apesar de ter alguma lógica, a personalidade deste heterónimo nunca me agradou...
ResponderEliminarGostei muito da canção e voz da Pauline Ester.
Beijinhos, Ana.
~~~~
Obrigada, Majo.
EliminarGosto muito deste heterónimo, qual é o seu preferido?
Beijinho.:))
Ah, este Pessoa (sorry, Alberto Caeiro), sempre céptico...
ResponderEliminar"Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Pois é, mas mesmo assim vale a pena abrir a janela! quem sabe se, afinal, não existiria o sonho do lado de fora da janela?
Um beijo
Maria João,
ResponderEliminarObrigada pelo seu optimismo tão salutar e benéfico.
Beijinhos. :))
Muito bonita a tua janela e tudo o resto...
ResponderEliminarbeijinho amigo