Quando somos ridículos perdemos a lucidez. Não foi o caso de Álvaro de Campos.
Todas as cartas de amor
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).
21-10-1935
Álvaro de Campos, Poesias. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). p. 84.
Álvaro de Campos, Poesias. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). p. 84.
Gosto muito do poema, gostava muito de Allison Moyet, quer a solo, quer nos projectos a que emprestou a voz.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Bom fim de semana, Pedro.
EliminarSó agora tive um bocadinho.
Beijinho.:))
Lá isso é verdade...
ResponderEliminarMas que se há-de fazer!...
Pois é. :))
EliminarTalvez seja um ridículo menor.:))
Bom fim de semana!
Lá isso é verdade...
ResponderEliminarMas que se há-de fazer!...
Lá isso é verdade...
ResponderEliminarMas que se há-de fazer!...
Quem nunca escreveu uma carta de amor não sabe entender.
ResponderEliminarMas era tão bom esse tempo ridículo...
E gostei da imagem !
:))
EliminarÉ tão giro o que diz.
Beijinho.:))
Gostei de recordar este poema. Beijinhos Ana!
ResponderEliminarObrigada, Margarida.
EliminarBeijinho.:))
~~~
ResponderEliminarCada releitura de um poema, desperta-nos sentimentos diferentes.
Hoje achei o poema magnífico na conceção estética da expressão.
Uma ridiculez que muito fazia palpitar o coração dos amantes que
jamais olvidam esses momentos felizes.
A voz doce e bela de Alison...
Excelente semana, Ana.
Beijinhos.
~~~~~
Excelente fim de semana, Majo.
EliminarSó pude vir aqui agora.
Beijinhos.:))
As cartas de amor, às vezes são mesmo ridículas, aos olhos de quem não as entende...mas os poemas do Fernando Pessoa, nunca o são!
ResponderEliminarTambém gostei de reler este poema.
Boa semana, Ana:)
Beijinhos:)
:)) Pois é.
EliminarSó pude vir aqui agora.
Beijinhos.:))
Perder a lucidez é um dom que não cabe a todos:). Alvaro de Campos pode não a ter perdido, mas Pessoa perdeu-a algumas vezes. E se não, pior para ele.
ResponderEliminarNa verdade o poema rima com a canção. Têm uma beleza nobre.
Sim, tem uma beleza nobre.
EliminarSó pude vir aqui agora.
Bom fim de semana.:))
quem nunca escreveu uma carta de amor (ridícula) que atire a primeira pedra...
ResponderEliminardevo confessar que nos últimos tempos tenho lido "poemas de amor" bem mais ridículos. bem dignos de uma qualquer Ofélia moderna - que não "modernista", helas!
Acredito.
EliminarBom fim de semana!:))
Adorei, Ana!
ResponderEliminarE o pormenor da fotografia ficou delicioso!
beijinhos
Beijinhos, Graça.:))
EliminarArte ou colecção de amores?
ResponderEliminarRidículo não será,
nem pela cor nem pelo tamanho
(que o coração se quer grande e
fervente de sangue),
ser monogâmico.
É por isso que na imagem
há dois dentro dum?
Cantava o outro "cartas de amor quem as não tem"...
Uma beleza este post(e)! Tanto assim que, à pála do "Ridículo", me pus a ridicularizar...
...
Por exemplo, Pessoa.
Havia lá figura mais ridícula,
a esconder-se atrás dum bigode
de heterónimos? E,
no entanto, foi o que é…
...
Mais ridiculas que as cartas de amor não serão as reticências?
Bj, Ana, e parabéns.
Obrigada pelo poema que deixou, Agostinho.
EliminarBeijinho.:))
Pobre de quem nunca escreveu uma carta de amor, triste quem nunca a recebeu.
ResponderEliminarRidículas?! Serão?
O amor, o que é o amor na "língua" dos poetas?!
Beijinho, Ana.
Concordo GL.
EliminarBeijinho.:))
Este comentário foi removido pelo autor.
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