24/05/2016

Som da neve e do gelo


Não é um cisne...
Parque dos Monges, Alcobaça

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado...
trecho da música de Jorge Fernandes

Som da neve e do gelo

Sem fios, uma voz ao longe emite o
som da neve e do gelo, é estalactite
que desfere o golpe
fatal:
cai o cisne ferido no chão,
as penas brancas estão rosadas
da pintura ocre do sangue...

rodopia, rodopia,
na última dança
possível.

Começa um demi plié mas retorce-se no chão.
Olha para as luzes do palco e confunde o seu brilho
com uma estrela azul, pequena, ... caída do céu.

Do céu terreno, do céu da falsa alegria,
a estrela polar, promessa de um bom destino,
cai agora por terra... e visita o rosto
gelado e cansado...

Nele rolam duas lágrimas,
chuva perdida.

ana

Das festas da escola e da adolescência (pós-25 Abril). Lembra-se Pedro?

20 comentários:

  1. Belo poema, ANA !
    Mas continuo sem poder vídeos por ter o Plug-in bloqueado e não sei como resolver o prolema...

    Um beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, João.
      Teve algum exercício mas não consegue o efeito do anterior, modéstia à parte. :)))
      O João deve conhecer esta música.
      Beijinho.:))

      Eliminar
  2. Então não havia de lembrar, ana!!
    Esta balada fez bater muitos corações debaixo das luzes da discoteca ou da garagem decorada a preceito.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Respostas
    1. Bea,
      Às vezes a tragédia funciona teatralmente.
      Boa tarde. :))

      Eliminar
  4. O pós-25 de Abril foi uma enxurrada de novas coisas, novas emoções. Tínhamos tão pouco que, após os festejos de Abril, em cada esquina havia uma nova aprendizagem, acicatada pela suposta construção do "homem novo". Para quem não viveu esses momentos (eu era um ingénuo adolescente) é difícil explicar a catarse verificada.
    Bem postado, Ana!

    Um beijinho :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, AC.
      Concordo com a construção do "homem novo" e a catarse verificada. :))
      Beijinho.

      Eliminar
  5. É belo o teu poema. Triste. "Sem fios, uma voz ao longe emite o
    som da neve e do gelo". Virá o brilho da luz e do calor... Vem sempre! Beijinhos

    ResponderEliminar
  6. gostei muito do poema
    embora me perturbe a estrela polar arrastada pelo chão..

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Herético.
      É sempre perturbador vermos no chão algo que é do espaço, não é verdade?:))
      Boa noite.

      Eliminar
  7. ~~~
    Um poema muito belo, Ana.

    Evocou-me o «Bailado dos Cisnes»...

    Parafraseando?

    Beijinhos.
    ~~~~~

    ResponderEliminar
  8. Obrigada, Majo.
    Uma evocação presente sim.
    Beijinhos.:))

    ResponderEliminar
  9. Atravessam o poema, parece-me, tristeza e idealismo próprios da idade certa para vencer o mundo. Gostei, muito, Ana.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Agostinho.
      Às vezes acontece e a pena mexe-se sem eu querer. :)))

      Eliminar
  10. Que linda metáfora, Ana, e mais não digo...
    É revitalizante transformar sentimentos em arte!
    Um grande beijinho e bom fim de semana

    ResponderEliminar

Arquivo